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Luto

A dor da perda faz parte da sorte comum da humanidade. Quanto mais a pessoa amou, mais profundo é o sofrimento. Aquele que “tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si” tornou-se ele mesmo “um homem de dores, experimentado no sofrimento.
 
 
Desde Jacó, deixando a sua amada Raquel descansando em Belém, até Jó, Davi, Paulo e as últimas promessas resplandecentes de Deus, a dor da perda é apresentada como uma sombra sobre a vida humana. Até mesmo Jesus, que foi provado em todos os sofrimentos humanos, conheceu o luto como as criaturas humanas o conhecem. Ele chorou junto à sepultura de Lázaro, e a única causa era a dor de o haver perdido.
Portanto, os que sofrem perda deveriam primeiro lembrar-se de que Jesus trilhou o seu caminho, mas, se o luto é companheiro da morte, ele venceu a morte. Precisam ler mais a respeito da ressurreição, apegar-se firmemente à sua verdade indubitável e lembrar-se de que, sabendo que o Senhor vive, não nos entristecemos como os demais, que não têm esperança.

Nessa fé está a consolação suprema no luto. Deus permitiu o que aconteceu, embora não haja nisso nenhum castigo ou vingança, mas em última análise um propósito bendito que um dia vai assumir forma. Duvidar disso representa a maior tentação desse sentimento de perda.

Andar pelo vale

Os enlutados devem buscar ajuda principalmente dos que já trilharam o mesmo caminho. Não deixe que ninguém lhe diga que chorar é pecado ou que o sofrimento prolongado é enfermidade espiritual. Não há nenhuma vergonha em achar que o caminho é difícil, mas há perigo em não buscar a visão de um alvo. Vá atrás da esperança, que emana da fé, mas com os que proferem as palavras que nutrem ambas. Tenha esperança no reencontro, algum encontro com Deus para iluminar os seus caminhos.

Caminhe com coragem pelo vale da sombra da morte, por mais dolorosa que seja essa caminhada. Trabalhe vigorosamente. A cura vai ser encontrada em viver para servir a todos os que, em sua própria angústia, procuram aliviar o sofrimento igual de outra pessoa. Preencha o que poderia transformar-se em horas vazias de depressão com as tarefas da vida, velhas e novas. Atividade é saúde.

As feridas nem sempre saram. Sempre deixam cicatrizes. A antiga hilariedade, a felicidade sem nuvens talvez nunca retornem. Os mais jovens têm anos pela frente nos quais a estrutura da vida pode ser reconstruída. Devem fazer isso, mas com sabedoria e nunca com pressa. Com a idade talvez não achemos tão fácil nascer de novo, pois o envelhecimento tem menos anos para aguardar uma consumação; ainda assim, porém, esses anos podem ser enriquecidos com refinada utilidade.

A lembrança não deve ser sufocada, mas deve estar livre de remorsos. Deus perdoa, se houver alguma coisa que precise ser perdoada. Assim também os que amamos e perdemos. Deus se importa, Deus pode entristecer-se, Deus sabe, Deus vai orientar.