O poder do perdão

Perdoar é uma atitude e uma decisão que pode ser das mais difíceis, para milhões de pessoas. Quando alguém pede perdão a outro está dizendo que reconhece o seu erro e a sua culpa, e que, por isso, põe-se na presença de quem foi atingido, por sentimentos, palavras e/ou atos que feriram a sua dignidade, propriedade ou sensibilidade. Pedir perdão é, também, uma forma de humilhar-se. Perdoar, por sua vez, é responder que reconhece a sinceridade no arrependimento daquele que vai ao seu encontro com a disposição de mudar de atitude.


Algo muito estranho aconteceu e vem acontecendo em nossos dias. As pessoas perderam a vergonha e o receio de pedir desculpas. Antigamente, nossos avós sentiam-se constrangidos em colocar-se diante do outro e expor-se, humilhar-se, reconhecer os próprios erros. E, à primeira vista, essa mudança de atitude pode parecer boa. Seria motivo de alegria que as pessoas tivessem se tornado menos orgulhosas e mais abertas ao próximo, mais predispostas a pedir perdão e reconhecer as próprias faltas, falhas e desvios.

Todavia não é bem assim. O problema é que agora as pessoas pronunciam as palavras desculpa e perdão com muita facilidade, mas, muitas vezes, sem pensar no que aquelas palavras implicam, no que significa realmente aquele gesto e aquela atitude. É muito fácil para qualquer pessoa extrovertida dizer: desculpe, ou, como se diz hoje: foi mal aí.... Mas a questão é que essas palavras vem sendo ditas sem reflexão, sem um real sentido de arrependimento, sem a firme e sincera disposição interior para se mudar de atitude – e não voltar a repetir o erro – a partir dali, a partir daquela decisão, assumida naquele momento. O que vem ocorrendo –, desgraçadamente –, é a banalização do gesto sagrado de se pedir perdão.

Quando alguém pede desculpas, com sinceridade, é porque se arrependeu do que fez, porque decidiu que não fará de novo a mesma coisa e reconhece a necessidade de mudança. Um pedido de desculpas sincero é um exercício de humildade; é uma bela e valiosa demonstração de grandeza de alma. É um gesto importante, sério, definitivo. Exatamente por isso é que a verdadeira adesão a Cristo e à sua Igreja chama-se conversão. Converter é mudar radicalmente o rumo, é inverter a direção, é realizar uma mudança de 180 graus no percurso que se estava empreendendo.

O momento em que alguém pede desculpas ao seu próximo é verdadeiramente um momento solene, ainda que não haja pompa ou aparente solenidade. É uma solenidade para as almas, tanto para a que se dobra quanto para a que recebe o pedido. Dizer desculpe por isso ou me perdoe por ter feito aquilo envolve um desejo de mudança e uma disposição honesta para a mudança.

Entretanto, temos visto pedidos fúteis de perdão, seguidos da repetição da mesma falta que motivou o pedido, ás vezes pouco tempo depois. Isso demonstra que o pedido de perdão não foi sincero, não foi verdadeiro e, portanto, não foi válido.

A crucificação de Jesus - parte 2

Escuridão e eclipse
Na narrativa dos evangelhos sinóticos, enquanto Jesus estava preso na cruz, o céu se "escureceu" por três horas, da hora sexta até a nona (do meio-dia às três da tarde). Tanto o orador romano Júlio Africano e o teólogo cristão Orígenes se referem ao historiador grego Flégon como tendo escrito "a respeito do eclipse durante o tempo de Tibério, em cujo reinado Jesus parece ter sido crucificado, e aos grandes terremotos que ocorreram".


Júlio Africano se refere ainda às obras do historiador Thallus ao negar a possibilidade de um eclipse solar: "Esta escuridão que Thallus, no terceiro livro de sua "História", chama, para mim sem razão, de um eclipse solar. Pois os hebreus celebram a Páscoa no décimo-quarto dia de acordo com a lua e a Paixão de nosso Salvador cai no dia anterior à Páscoa; mas um eclipse do sol ocorre apenas quando a lua entra na frente do sol". Uma eclipse solar ocorrendo juntamente com uma lua cheia é uma impossibilidade científica. O apologista cristão Tertuliano escreveu "Na mesma hora, também, a luz do dia foi retirada, quando o sol, na mesma hora, estava no seu fulgor meridiano. Os que não sabem que isto foi previsto sobre Cristo, sem dúvida acreditam que se tratou de um eclipse. Vocês próprios tem um relato do augúrio mundial em vossos arquivos". A escuridão foi reportada em lugares tão distantes quanto Heliópolis e, aparentemente, a ocorrência sobrenatural também foi citada por São Paulo ao converter Dionísio ao cristianismo.

Humphreys e Waddington, da Universidade de Oxford, reconstruíram os cenários para um eclipse lunar naquele dia. Eles concluíram que:

“Este eclipse foi visível a partir de Jerusalém a partir da aparição da Lua... visível primeiro em Jerusalém por volta de 6:20 da tarde (o início do sabbath judaico e também o início da Páscoa judaica em 33 d.C.) com aproximadamente 20% do seu disco na umbra da sombra da terra... O eclipse terminou trinta minutos depois, por volta de 6:50.”

Estes autores notaram que a referência do apóstolo Pedro a uma "lua de sangue" em Atos 2:20 (um termo comumente utilizado para um eclipse lunar por causa da cor avermelhada da luz refratada na Lua através da atmosfera terrestre) pode ser uma referência a este eclipse. Deve-se ter em mente, porém, que, no versículo anterior da mesma passagem, São Pedro explicitamente menciona que "O Sol se converterá em trevas", o que sugeriria um eclipse solar em conjunção com um outro lunar.

O véu do Templo, terremoto e a ressurreição dos santos
Os evangelhos sinóticos afirmam que o véu do templo se rasgou de cima a baixo. De acordo com Josefo, a cortina do templo de Herodes teria quase sessenta metros de comprimento, com quatro milímetros de espessura. De acordo com Hebreus 9:1-10, esta cortina representava a separação entre os homens e Deus, além da qual somente o sumo-sacerdote poderia passar e, mesmo assim, somente uma vez por ano para adentrar-se na presença de Deus e se redimir dos pecados de Israel (capítulo 16 do Levítico).

O evangelho de Mateus afirma que houve também terremotos, partindo rochas e abrindo os túmulos dos santos (que posteriormente ressuscitaram após a ressurreição de Jesus). Estes santos ressuscitados foram para a cidade sagrada e apareceram para diversas pessoas, mas o seu destino jamais foi elaborado.

SIGNIFICADOS TEOLÓGICOS

Cristologia da crucificação
Os relatos sobre a crucificação e a subsequente ressurreição de Jesus fornecem um rico contexto para a análise cristológica, dos evangelhos canônicos até as epístolas paulinas.

Na cristologia agente joanina, a submissão de Jesus à crucificação é um sacrifício feito como um "agente de Deus" ou "servo de Deus", em prol de uma eventual vitória. Este argumento elabora sobre o tema salvífico do evangelho de João, que começa em João 1:29 com a proclamação de João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!".

Um elemento central na cristologia apresentada nos Atos dos Apóstolos é a afirmação na crença de que a morte de Jesus na cruz aconteceu "com Deus sabendo com antecedência e de acordo com um plano definido". Neste ponto de vista, como em Atos 2:23, a cruz não é vista como um escândalo, pois a crucificação de Jesus "pelas mãos dos sem lei" é vista como sendo o cumprimento do plano de Deus.

A cristologia de Paulo tem um foco específico na morte e ressurreição de Jesus. Para ele, a crucificação está diretamente relacionada à sua ressurreição e o termo "a cruz de Cristo" utilizado em Gálatas 6:12 pode ser visto como uma abreviação da mensagem dos evangelhos. Para Paulo, a crucificação de Jesus não foi um evento isolado na história, mas um evento cósmico com importantes consequências escatológicas, como em I Coríntios 2:8. Sob o ponto de vista paulino, Jesus, obediente até a morte (Filipenses 2:8) morreu "na hora certa" (Romanos 4:25) cumprindo plano de Deus. Para Paulo, o "poder da cruz" não se separa da ressurreição de Jesus.

Porém, a crença na natureza redentora da morte de Jesus é anterior às epístolas paulinas e remonta aos primeiros dias do cristianismo e à igreja de Jerusalém. A afirmação do credo de Niceia de que "ele foi crucificado pelo nosso bem" é um reflexo da formalização desta crença fundamental no século IV.

Expiação
A morte e a ressurreição de Jesus suportam uma variedade de interpretações teológicas sobre como a salvação é concedida à humanidade. Estas interpretações variam muito principalmente em quanta ênfase elas dão à morte de Jesus em comparação com suas palavras. De acordo com visão da expiação substitucionária, a morte de Jesus é de importância central e Jesus conscientemente se sacrificou como um ato de perfeita obediência como um sacrifício de amor que agradou a Deus. Em contraste, a teoria da expiação por influência moral foca muito mais no conteúdo moral dos ensinamentos de Jesus e vê a sua morte como um martírio. Desde a Idade Média há um conflito entre estes dois pontos de vista na Igreja Ocidental. Os protestantes evangélicos tipicamente defendem uma visão substitucionária e, em particular, defendem a teoria da substituição penal. Os protestantes históricos (não evangélicos, reformados ou pentecostais) tipicamente rejeitam a expiação substitucionária e defendem a teoria da influência moral. Ambas as visões são populares na Igreja Católica, com a doutrina da satisfação incorporada na ideia de penitência.

Na tradição católica, esta visão da expiação é balanceada pela obrigação dos católicos romanos de realizarem os atos de reparação a Jesus Cristo, que, na encíclica Miserentissimus Redemptor do papa Pio XI, foram definidos como "alguma forma de compensação a ser prestada pelo prejuízo", referindo-se aos sofrimentos de Jesus. O papa João Paulo II se referiu a estes atos de reparação como os "incessantes esforços para permanecer junto às infinitas cruzes nas quais o Filho de Deus continua a ser crucificado".

Entre os cristãos ortodoxos, outro ponto de vista comum é o do Christus Victor, que defende que Jesus foi enviado por Deus para derrotar a morte e Satã. Por conta de sua perfeição, Jesus derrotou ambos e emergiu vitorioso. Portanto, a humanidade não está mais presa ao pecado e está agora livre para se reunir com Deus na fé em Jesus.

Aspectos médicos da crucificação
Diversas teorias já tentaram explicar as circunstâncias da morte de Jesus na cruz através do conhecimento médico dos séculos XIX e XX, propostas por todo tipo de profissionais: médicos, historiadores e até mesmo místicos.

A maior parte das teorias propostas por médicos formados (com especialidades variando da medicina forense até a oftalmologia) concluíram que Jesus suportou um sofrimento enorme e muita dor na cruz antes de sua morte. Em 2006, o clínico geral John Scotson revisou quarenta publicações sobre a causa da morte de Jesus e as teorias variavam de ruptura cardíaca a embolismo pulmonar.

Já em 1847, baseando-se em João 19:34, o médico William Stroud propôs a "teoria da ruptura cardíaca" como causa mortis de Jesus e ela influenciou diversas pessoas depois. A "teoria da asfixia" tem sido objeto de diversos experimentos que simulam a crucificação em voluntários saudáveis e muitos médicos concordam que ela causa uma profunda disrupção na capacidade respiratória da vítima. Um efeito colateral da asfixia por exaustão é que a vítima da crucificação sente gradualmente mais e mais dificuldade para conseguir fôlego suficiente para falar, o que foi apresentado como uma possível explicação para os relatos de que as últimas palavras de Jesus seriam nada mais do que curtas exclamações.

A "teoria do colapso cardiovascular" é a explicação moderna prevalente e sugere que Jesus morreu por causa de um choque profundo. De acordo com esta teoria, a flagelação, as surras e finalmente sua fixação na cruz com pregos deixaram Jesus desidratado, fraco e criticamente enfermo, um cenário ideal para a instalação de um conjunto complexo e inter-relacionado de outros efeitos funestos: além da desidratação, intenso trauma físico e dano aos tecidos (especialmente por causa da flagelação), respiração inadequada e um esforço físico extenuante. Estes efeitos levaram finalmente ao colapso cardiovascular.

Escrevendo no Journal of the American Medical Association ("Jornal da Associação Médica Americana"), o médico William Edwards e seus colegas defenderam uma combinação das teorias do colapso cardiovascular (via choque hipovolêmico) e da asfixia por exaustão, assumindo que o fluxo de "água" que verteu do ferimento no flanco de Jesus descrito em João 19:34 seria o fluido pericárdio. Alguns apologistas cristãos parecem favorecer esta teoria e defendem que esta anomalia médica seria um fato que o evangelista seria tentado a deixar de fora em seu relato caso seu interesse não fosse um registro fidedigno.

Em seu livro "A Crucificação de Jesus", o médico e patologista Frederick Zugibe apresenta um conjunto de teorias que tentam explicar a colocação dos pregos, as dores e a morte de Jesus em grande nível de detalhe. Zugibe realizou diversos experimentos ao longo de vários anos para testar suas teorias quando ele era médico. Entre eles, experimentos nos quais os voluntários com pesos específicos eram pendurados em ângulos determinados e o peso suportado em cada mão era medido, variando-se a existência de um suporte para os pés. A conclusão foi de que tanto o peso quanto a dor correspondente seria significativa.

O oftalmologista e pastor C. Truman Davis também publicou um visão médica da crucificação, concordando com Barbet, mas sua análise é bem menos detalhada que a de Zugibe.

O cirurgião ortopédico Keith Maxwell não apenas analisou os aspectos médicos da crucificação como também analisou a forma como Jesus carregou a cruz por toda a Via Dolorosa.

ARTE, SIMBOLISMO E DEVOÇÕES
Desde a crucificação de Jesus, a cruz se tornou um elemento chave no simbolismo cristão assim como cena da crucificação, na arte cristã, dando origem a diversos temas artísticos específicos como o Ecce Homo, o Erguimento da Cruz, a Deposição da Cruz e o Sepultamento de Jesus.

A obra "Crucificação vista a partir da cruz", de James Tissot, apresentou uma nova abordagem no final do século XIX, na qual a cena da crucificação foi retratada a partir da perspectiva de Jesus.

O simbolismo da cruz, que hoje é um dos símbolos cristãos mais reconhecidos, foi utilizado desde o cristianismo primitivo. Justino Mártir, que viveu em 165, a descreve de uma forma que deixa implícito o uso já naquela época como símbolo, embora o crucifixo só tenha aparecido mais tarde. Mestres como Caravaggio, Rubens e Ticiano pintaram a cena da crucificação em suas obras.

Devoções baseadas no processo da crucificação e nos sofrimentos de Jesus são observadas por diversos cristãos. As "Estações da Cruz" seguem um número de estágios baseados nos passos seguidos por Jesus até a sua crucificação, enquanto que o Rosário das Santas Chagas é utilizado para meditar sobre as chagas de Jesus como parte da crucificação.


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Acesso: 31/07/2017

A crucificação de Jesus - parte 1

A crucificação de Jesus foi um evento que ocorreu no ano 33 d.C. Jesus, que os cristãos acreditam ser o filho de Deus e também o Messias, foi preso, julgado pelo Sinédrio e condenado por Pôncio Pilatos a ser flagelado e finalmente executado na cruz. Coletivamente chamados de Paixão, o sofrimento e morte de Jesus representam aspectos centrais da teologia cristã, incluindo as doutrinas da salvação e da expiação.

Jesus na cruz entre os dois ladrões.
1619-1620. Por Rubens, atualmente no Museu Real de Belas Artes de Antuérpia, na Bélgica.

A crucificação de Jesus está descrita nos quatro evangelhos canônicos, foi atestada por outras fontes antigas e está firmemente estabelecida como um evento histórico confirmado por fontes não cristãs. Os cristãos acreditam que o sofrimento de Jesus foi previsto na Bíblia hebraica, como no salmo 22 e nos cânticos de Isaías sobre o servo sofredor. De acordo com uma harmonia evangélica, Jesus foi preso no Getsêmani após a Última Ceia com os doze apóstolos e foi julgado pelo Sinédrio, por Pilatos e por Herodes Antipas antes de ser entregue para execução. Após ter sido chicoteado, Jesus recebeu dos soldados romanos, como zombaria, o título de "Rei dos Judeus", foi vestido com um manto púrpura (a cor imperial), uma coroa de espinhos, foi surrado e cuspido. Finalmente, Jesus carregou a cruz em direção ao local de sua execução.

Uma vez no Gólgota, Jesus recebeu vinho misturado com bile para beber. Os evangelhos de Mateus e Marcos relatam que ele se recusou a beber. Ele então foi pregado à cruz, que foi erguida entre a de dois ladrões condenados. De acordo com Marcos 15:25, ele resistiu ao tormento por aproximadamente seis horas, da hora terça (aproximadamente 9 da manhã) até a sua morte (Marcos 15:34-37), na hora nona (três da tarde). Os soldados afixaram uma tabuleta acima de sua cabeça que dizia "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus" em três línguas ("INRI" em latim), dividiram entre si as suas roupas e tiraram a sorte para ver quem ficaria com o manto. Eles não quebraram as pernas de Jesus como fizeram com os outros dois crucificados (o ato acelerava a morte), pois Jesus já estava morto. Cada evangelho tem o seu próprio relato sobre as últimas palavras de Jesus (sete frases ao todo). Nos evangelhos sinóticos, vários eventos sobrenaturais acompanharam toda a crucificação, incluindo uma escuridão, um terremoto e, em Mateus, a ressurreição de santos. Após a morte de Jesus, seu corpo foi retirado da cruz por José de Arimateia com a ajuda de Nicodemos e enterrado num túmulo escavado na rocha. De acordo com os evangelhos, Jesus então voltou da morte dois dias depois (o "terceiro dia").

Os cristãos tradicionalmente entendem a morte de Jesus na cruz como sendo um sacrifício proposital e consciente (dado que Jesus não tentou se defender em seus julgamentos), realizado por ele na figura de "agente de Deus" para redimir os pecados da humanidade e tornar a salvação possível. A maior parte dos cristãos proclamam este sacrifício através do pão e do vinho na Eucaristia, uma lembrança da Última Ceia, e muitos também comemoram o evento na Sexta-Feira Santa anualmente.

RELATOS SOBRE A CRUCIFICAÇÃO

Os estudiosos modernos consideram o batismo de Jesus e a sua crucificação como sendo dois fatos historicamente certos sobre ele.

James Dunn afirma que estes "dois fatos na vida de Jesus detém hoje uma concordância quase universal" e "figuram bem alto na escala do 'quase impossível duvidar ou negar' dos fatos históricos" que eles são geralmente os pontos de partida para o estudo do Jesus histórico.

Bart Ehrman afirma que a crucificação por ordem de Pôncio Pilatos é o elemento mais certo que sabemos sobre ele.

John Dominic Crossan afirma que a crucificação de Jesus é tão certa quanto um fato histórico pode ser.

Eddy e Boyd afirmam que está atualmente "firmemente estabelecido" que existe confirmação por fontes não cristãs sobre a crucificação de Jesus.

Craig Blomberg afirma que a maioria dos acadêmicos na terceira busca pelo Jesus histórico consideram a crucificação indisputável. Ainda que os estudiosos concordem na historicidade da crucificação, eles discordam sobre as razões e sobre o contexto em que ela se insere, por exemplo E. P. Sanders e Paula Fredriksen defendem a historicidade da crucificação, mas argumentam que ele não a teria previsto e que a sua profecia sobre sua morte é uma história cristã.

Christopher M. Tuckett afirma que, embora as razões exatas para a morte de Jesus sejam difíceis de determinar, um dos fatos inquestionáveis sobre ele é que ele foi crucificado.

Geza Vermes também entende que a crucificação é um evento histórico, mas apresenta sua própria explicação e contexto para ela.

John P. Meier enxerga a crucificação de Jesus como um fato histórico e afirma, baseado no "critério do embaraço", que os cristãos não teriam inventado uma morte sofrida do seu líder.

Meier afirma ainda que diversos outros critérios, como da "múltipla atestação" (a confirmação por mais de uma fonte), o "critério da coerência" (o evento se encaixa corretamente em outros eventos históricos) e o "critério da rejeição" (o evento não foi contestado por fontes antigas) ajudam a estabelecer a crucificação de Jesus como um evento histórico.

Embora quase todas as fontes antigas sobre a crucificação sejam literárias, a descoberta arqueológica de 1968, a nordeste de Jerusalém, do corpo de um homem crucificado no século I nos deu boas evidências confirmatórias sobre os relatos evangélicos da crucificação. O homem foi identificado como sendo Yohan Ben Ha'galgol e morreu por volta de 70 d.C., por volta da época da revolta judaica contra Roma. As análises na "Hadassah Medical School" estimaram que ele morreu com quase trinta anos. Estes estudos também mostraram que ele foi crucificado de uma forma muito similar à relatada nos evangelhos. Outra descoberta arqueológica relevante, que também data do século I, é um osso do calcanhar de uma pessoa não identificada perfurado por prego descoberto numa cova em Jerusalém, preservado pela autoridade Israelense para Antiguidades e em exposição no Museu de Israel.

Jesus carregando a cruz

Jesus carregando a cruz a caminho da sua crucificação é um episódio da vida de Jesus relatado nos quatro evangelhos canônicos e um tema muito comum na arte cristã, especialmente nas catorze estações da cruz, conjuntos que atualmente se encontram em praticamente todas as igrejas católicas. Porém, o tema aparece também em outros contextos, incluindo obras singulares e ciclos da vida de Cristo ou da Paixão de Cristo. Outros nomes são Procissão ao Calvário e Caminho do Calvário, sendo que Calvário ou Gólgota se referem ao local da crucificação, fora de Jerusalém. A verdadeira rota seguida é comumente chamada de Via Dolorosa em Jerusalém, embora o caminho específico tenha variado ao longo dos séculos e continue sendo tema de debates.

NARRATIVA BÍBLICA

O episódio é mencionado, sem muitos detalhes, nos quatro evangelhos canônicos: Mateus 27:31-33, Marcos 15:20-22, Lucas 23:26-32 e João 19:16-18. Com exceção de João, todos incluem Simão Cireneu, que foi recrutado pelos soldados romanos para ajudar a carregar a cruz. Acadêmicos modernos, baseando-se em descrições de criminosos carregando a trave horizontal da cruz feitas por Plauto e Plutarco, geralmente interpretam a descrição evangélico como relatando que Jesus - e depois Simão - carregou apenas o pesado patíbulo, a trave horizontal, até um poste (stipes), que ficava permanentemente fincado na terra no Gólgota. Porém, na iconografia cristã de Jesus e Simão, eles aparecem geralmente carregando a cruz completa.

Apenas Lucas menciona as "mulheres de Jerusalém", cujo número foi depois, nas obras patrísticas e na arte cristã, expandido para incluir as Três Marias e a Virgem Maria. Este encontro é geralmente localizado nos portões da cidade, como na maioria das pinturas, que também as mostram seguindo Jesus e este virando para falar com elas. Outros episódios foram elaborados posteriormente, com o véu de Verônica aparecendo a partir do século XIII, e as quedas de Cristo, eventualmente três, aparecendo primeiro no final da Idade Média. Lucas menciona que os dois ladrões estavam também no grupo seguindo para o Gólgota, mas não diz se eles tiveram também que carregar suas cruzes e, embora seja fácil identificá-los nas representações artísticas, suas cruzes são muito raramente representadas. Algumas obras, como Il Spasimo de Rafael, a Procissão ao Calvário, de Pieter Bruegel, o Velho (em Viena), e a obra de Jacopo Bassano em Londres, mostram as duas cruzes dos ladrões já montadas no local da execução ao fundo distante.


É também importante o verso Mateus 16:24, no qual São Francisco de Assis baseou a sua primeira regra monástica, de 1221: "Então disse Jesus a seus discípulos: se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me." São Francisco também costumava ser levado com uma corda à volta do pescoço como um exercício de penitência, a corda sendo um detalhe adicionado a muitas representações de duas passagens do Antigo Testamento: “Ele foi oprimido, contudo humilhou-se a si mesmo, e não abriu a boca. Como o cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda diante dos que a tosquiam; assim não abriu ele a boca.” (Isaías 53:7) e “Mas eu era como um manso cordeiro que é levado ao matadouro.” (Jeremias 11:19), ambos muito citados nos comentários medievais. Na tipologia medieval, Isaac carregando a madeira para o seu sacrifício é o paralelo mais comum para o episódio, geralmente mostrado como uma cena complementar.

REFERÊNCIAS DEVOCIONAIS

A mais elaborada e tradicional referência ao episódio aparece nas chamadas "Estações da cruz", onde o evento está dividido em diversos incidentes que dão conta da maior parte das representações esculturais: 
  1. Pilatos condena Jesus
  2. Jesus recebe a cruz
  3. Primeira queda de Jesus
  4. Jesus encontra com sua Mãe
  5. Simão Cireneu ajuda Jesus a carregar a cruz
  6. Verônica enxuga o rosto de Jesus
  7. Segunda queda de Jesus
  8. Jesus se encontra com as mulheres de Jerusalém
  9. Terceira queda
  10. Jesus é despojado de suas vestes
  11. Jesus é pregado na cruz
  12. Jesus morre na cruz
  13. Jesus é descido da cruz
  14. Jesus é colocado no sepulcro
  15. Jesus vence a morte
O episódio de Jesus levando a cruz é um dos Mistérios Dolorosos do Santo Rosário e o encontro com Maria é uma das Sete Dores da Virgem. O Caminho do Calvário ainda é reapresentado em diversas procissões anuais na Sexta-feira Santa em países católicos, algumas das quais incluem atores representando os principais personagens e uma cruz. Na Via Dolorosa propriamente dita, este tipo de evento ocorre o ano inteiro.

A batalha de Refidim

O acampamento israelita em Refidim foi palco da primeira batalha enfrentada pelo povo de Israel assim que se livrou do Egito. Essa batalha também foi a primeira liderada pelo jovem Josué. Ela está narrada em Êxodo 17.8-16. Nela, Deus coloca o seu povo para lutar, mas deixa bem claro que a vitória é conquistada pela intercessão ao Senhor dos Exércitos.

Por volta de 1440 a.C., Israel escapou da escravidão do Egito e tornou-se uma nação peregrina. Segundo Números 33.1-14, o povo acampou primeiramente em Sucote, em seguida em Etã, depois retornou e acampou em Pi-Hairote. Então, os israelitas atravessaram o mar, acampando no deserto de Mara. Na sequência, acamparam em Elim. Após Elim, acamparam no deserto de Sim, depois em Dofca, em Alus, e só então chegaram em Refidim.
Após toda essa peregrinação, estavam bem próximos de chegar ao Monte Sinai, onde iriam receber as tábuas da Lei.
Tudo isso ocorreu em apenas três meses.

OS COVARDES AMALEQUITAS

Segundo Gênesis 36.12-16, os amalequitas são descendentes de Esaú (Edom), irmão de Jacó (Israel) e, portanto, primos dos 12 filhos de Israel. Amaleque era neto de Esaú, filho de Elifaz com uma concubina chamada Timna.

Os filhos de Amaleque se tornaram uma tribo beduína que vivia na região do deserto do Neguebe e de Sur, no Sul da Palestina. Essa era uma região pobre em recursos naturais. Por isso, quando viram Israel peregrinar pelos desertos, os amalequitas devem ter calculado que havia pouco oásis para muito povo. Uma hora ou outra os dois povos iriam rivalizar por água e, por isso, os primos de Israel resolveram se adiantar.

Para isso, eles utilizaram uma estratégia bastante covarde. Eles não tentaram um acordo, nem chamaram Israel para a guerra. Fizeram outra coisa. Diz assim Deuteronômio 25.17-18:

“Lembrem-se do que os amalequitas lhes fizeram no caminho, quando vocês saíram do Egito. Quando vocês estavam cansados e exaustos, eles se encontraram com vocês no caminho e eliminaram todos os que ficaram para trás; não tiveram temor de Deus. Quando o Senhor, o seu Deus, der a vocês o descanso de todos os inimigos ao seu redor na terra que ele lhes dá para dela tomar posse como herança, vocês farão que os amalequitas sejam esquecidos debaixo do céu. Não se esqueçam!”.

SURGE UM NOVO HERÓI

Como vimos, a tribo dos amalequitas sentiu-se ameaçada com a presença dos israelitas no deserto. Assim, utilizaram uma estratégia bastante covarde para atacar Israel.


Enquanto o povo peregrinava, os amalequitas arrumavam emboscadas contra os últimos da caminhada, os mais fracos e cansados, e atacavam por trás, sem serem vistos e sem enfrentamento.

Crucifixo

Crucifixo (Cruz de Cristo) é um símbolo de veneração, que foi iniciado pelos cristãos durante o período após a crucificação de Jesus Cristo. Naquele período os seguidores de Jesus se organizavam e reuniam-se às escondidas para confabularem, pois eram perseguidos, e para se identificarem como cristãos, usavam um símbolo, que era o desenho de um peixe e o crucifixo.

OBJETO

O Crucifixo é a de dupla travessa, também chamada de Cruz Episcopal ou Patriarcal, que nesta cruz na travessa superior mais curta, tem uma tabuleta que foi pregado com a inscrição I.N.R.I., que significa Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum (Jesus de Nazaré Rei dos Judeus), e referido na história do cristianismo.



HISTÓRIA

Embora a cruz seja, atualmente, o simbolo mais comum do cristianismo, no século I ela não era particularmente associada com a religião, só assumindo um lugar de destaque como tal durante o século II, até o século III a cruz seria tão estreitamente associada ao cristianismo, que Tertuliano designou os cristãos como crucis religiosi, ou seja "devotos da Cruz." De acordo com a tradição cristã, a cruz é uma referência à crucifixão de Jesus, e o crucifixo é a sua referência mais imediata.

VISÃO PROTESTANTE

Grande parte das comunidades protestantes são contra o uso do crucifixo como objeto de veneração, em vez disso, quase que todos os protestantes são a favor do uso da cruz vazia, buscando dar ênfase a Ressurreição de Jesus. O Crucifixo é também considerado um dos tantos motivos de discórdia entre protestantes e católicos. Embora o uso de crucifixo entre protestantes mais tradicionais não seja tão raro, o próprio Lutero recomendava a imagem do crucifixo como forma de nos lembrarmos de nossa culpa, já que Cristo foi crucificado por nossos pecados.



A morte em diferentes religiões

De maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição. Já os espíritas creem na reencarnação: o espírito retorna à vida material através de um novo corpo humano para continuar o processo de evolução. Algumas doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou vegetal. Em algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha outro sentido: é a continuação de um processo de purificação. 
Nas diversas religiões, o homem encara a morte como uma passagem ou viagem de um mundo para outro.

Filosofia
A sobrevivência do espírito humano à morte do corpo físico e a crença na vida e no julgamento após a morte já era encontrada na filosofia grega, em especial em Pitágoras, Platão e Plotino. Já Sartre, filósofo francês, defendia que o indivíduo tem uma única existência. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem depois da morte.

Doutrina niilista
Sendo a matéria a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo.

Doutrina panteísta
O espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal. Individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, com a morte, à massa comum.

Dogmatismo religioso
A alma, independente da matéria, sobrevive e conserva a individualidade após a morte. Os que morreram em 'pecado' irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso.



Budismo
O Budismo prega o renascimento ou reencarnação. Após a morte, o espírito volta em outros corpos, subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens ou animais), de acordo com a sua própria conduta. O ciclo de mortes e renascimentos permanece até que o espírito liberte-se do carma (ações que deixam marcas e que estabelece uma lei de causas e efeitos). A depender do seu carma, a pessoa pode renascer em seis mundos distintos: reinos celestiais, reinos humanos, reinos animais, espíritos guerreiros, espíritos insaciáveis e reinos infernais. Estes determinam a Roda de Samsara, ou seja, o transmigrar incessante de um mundo a outro, ora feliz e angelical, ora sofrendo terríveis torturas, brigando e reclamando. Em qualquer um destes estágios as pessoas estão sujeitas a transformações.


De acordo com o Livro Tibetano da Morte, existem 49 etapas, ou 49 dias, após a morte. Os monges oram para que as pessoas atinjam a Terra Pura - lugar de paz, tranquilidade e sabedoria iluminada - ou renasçam em níveis superiores.

Para libertar-se do carma e alcançar a iluminação ou o Nirvana, o ciclo ignorância, sede de viver e o apego às coisas materiais deve ser abolido da mente dos homens. Para isso, a doutrina budista ensina a evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento. O leigo deve praticar três virtudes: fé, moral e benevolência. Para eles, todo ser humano é iluminado, embora não tenha consciência disso.

Teologia

Teologia é o estudo crítico da natureza do divino, seus atributos e sua relação com os homens. Em sentido estrito, limita-se ao Cristianismo, mas em sentido amplo, aplica-se a qualquer religião. É ensinada como uma disciplina acadêmica, tipicamente em universidades, seminários e escolas de teologia.

A origem do termo nos remete à Hélade - a Grécia Antiga. O termo "teologia" aparece em Platão, mas o conceito já existia nos pré-socráticos. Platão o aplica aos mitos interpretando-os à luz crítica da filosofia considerando seu valor para a educação política. Nessa passagem do mito ao logos, trata-se de descobrir a verdade oculta nos mitos. Aristóteles, por sua vez, chama de "teólogos" os criadores dos mitos (Hesíodo, Homero, poetas que narraram os feitos dos deuses e heróis, suas origens, suas virtudes e também seus vícios e erros), e de "teologia" o estudo metafísico do ente em seu ser (considerando a metafísica ou "filosofia primeira", a mais elevada de todas as ciências).



O termo pode também referir-se a um estudo de uma doutrina ou sistema particular de crenças religiosas - tal como a teologia judaica, a teologia cristã, a teologia islâmica. Existem, portanto, a teologia hindu, a teologia judaica, a teologia budista, a teologia islâmica, a teologia cristã (incluindo a teologia católica-romana, a teologia protestante, a teologia mórmon e outras), a teologia umbandista e outras.

ETIMOLOGIA

A palavra provém do grego θεóς [theos]: precisamente divindade, mas no sentido de verdade ou essência da verdade, fé ou caminho da verdade da ou dessa ou ainda desta divindade; λóγος [logos]: palavra, no sentido preciso de estudo sistemático da palavra, por extensão, estudo, análise, consideração, discurso sobre alguma coisa ou algo que tem existência)

Evolução do termo
No cristianismo, isso se dá a partir da Bíblia. O teólogo cristão protestante suíço Karl Barth definiu a Teologia como um "falar a partir de Deus". O termo "teologia" foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo "A República", para referir-se à compreensão da natureza divina de forma racional, em oposição à compreensão literária própria da poesia, tal como era conduzida pelos seus conterrâneos. Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados:

Teologia como o ramo fundamental da filosofia, também chamada "filosofia primeira" ou "ciência dos primeiros princípios", mais tarde chamada de metafísica por seus seguidores; Teologia como denominação do pensamento mitológico imediatamente anterior à filosofia, com uma conotação pejorativa e, sobretudo, utilizada para referir-se aos pensadores antigos não filósofos (como Hesíodo e Ferécides de Siro).

Santo Agostinho tomou o conceito de teologia natural da obra Antiquitates rerum humanarum et divinarum, de Marco Terêncio Varrão, como a única teologia verdadeira, dentre as três apresentadas por Varrão - a mítica, a política e a natural. Acima desta, situou a teologia sobrenatural (theologia supernaturalis), baseada nos dados da revelação e, a teologia sobrenatural, situada fora do campo de ação da filosofia, não estava subordinada, mas sim acima da última, considerada como uma serva (ancilla theologiae) que ajudaria a primeira na compreensão de Deus.

Outra vertente da teologia, denominada "Via Remotionis" (ou teologia negativa), defende a incognocibilidade de Deus por meio da linguagem racional. O caminho dessa teologia é apresentar predicados opostos (tais como claro e escuro, bom e mau) e falar que Deus não é nem um lado nem o outro. Começa-se por predicados mais concretos, da realidade terrena, e prossegue-se por predicados cada vez mais abstratos. Com a sucessão dessas sentenças, procura-se passar a ideia de que Deus não está no campo do dizível (campo da linguagem), mas em uma esfera superior a essa, acessível pela experiência mística.