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CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL


A Congregação Cristã no Brasil figura como a primeira igreja cristã a instalar-se em território brasileiro sob a designação sociológica pentecostal. De origem ítalo-americana, sua introdução é historicamente atribuída a Louis Francescon.

Originária do Avivamento Pentecostal de Chicago de 19078 , a Congregação Cristã no Brasil iniciou-se sem denominação em 1910 nas cidades de Santo Antônio da Platina no Paraná e São Paulo, capital fruto da pregação do missionário pentecostal ítalo-americano Louis Francescon.

ANTECEDENTES

Em fins do século XIX, segundo relato de próprio punho, Louis Francescon, na época um ancião na Igreja Presbiteriana Valdese em Chicago, chegou à convicção quanto ao batismo por imersão voluntário. Vindo a submeter-se a esse batismo uma década depois, Francescon e alguns aderentes romperam filiação presbiteriano-valdense e formaram uma
pequena congregação independente que mais tarde seria chamada de "Assemblea Christiana".
Pouco tempo depois Francescon tornou-se Pentecostal quando entrou em contato com a Missão Pentecostal liderada pelo pastor William Durham em 1907 na cidade de Chicago, havia uma missão que anunciava a promessa do Espírito Santo com evidência de se falar novas línguas. Nessa Missão pastoreada por Durham também experimentaram a charismata do Espírito Santo outros líderes do pentecostalismo como Daniel Berg e Aimeé McPherson, respectivamente fundadores da Assembleias de Deus no Brasil e da Igreja do Evangelho Quadrangular. Francescon visitou aquele serviço a convite e teria recebido, conforme suas palavras, uma confirmação divina de que aquela obra era de Deus. Prontamente o grupo que o acompanhava uniu-se aquela missão pentecostal, a maioria recebendo o dom de falar línguas diferentes.
Em 15 de setembro de 1907 Francescon e outros pentecostais italianos retornaram à "Assembleia Cristiana" e houve um avivamento nesse dia, que marca o início do movimento pentecostal italiano. Três semanas depois Francescon foi reeleito ancião dessa igreja. Estavam reunidas as doutrinas dos batismos da água e no Espírito.
INÍCIO NO BRASIL
Quando veio ao Brasil em 20 de abril de 1910, Francescon realizou o primeiro batismo em Santo Antônio da Platina, Paraná, batizando o italiano Felício Mascaro e mais dez pessoas. Depois dirigiu-se para a cidade de São Paulo, onde foram batizadas mais vinte pessoas. Além de Francescon, outros pioneiros pentecostais ítalo-americanos também atuaram como missionários no Brasil. Entre eles destacam-se Luís Terragnoli, Augustinho Lencioni e Giuseppe Petrelli.
DOUTRINA
Os 12 artigos de Fé e doutrina seguidos pela Congregação:
1. Nós cremos na inteira Bíblia Sagrada e aceitamo-la como contendo a infalível Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo. A Palavra de Deus é a única e perfeita guia da nossa fé e conduta, e a ela nada se pode acrescentar ou dela diminuir. É, também, o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.
2. Nós cremos que há um só Deus vivente e verdadeiro, eterno e de infinito poder, criador de todas as coisas, em cuja unidade há três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
3. Nós cremos que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a Palavra feita carne, havendo assumido uma natureza humana no ventre de Maria virgem, possuindo Ele, por conseguinte, duas naturezas, a divina e a humana; por isso é chamado verdadeiro Deus e verdadeiro homem e é o único Salvador, pois sofreu a morte pela culpa de todos os homens.
4. Nós cremos na existência pessoal do diabo e de seus anjos, maus espíritos, que, junto a ele, serão punidos no fogo eterno.
5. Nós cremos que o novo nascimento e a regeneração só se recebem pela fé em Jesus Cristo, que pelos nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação. Os que estão em Cristo Jesus são novas criaturas. Jesus Cristo, para nós, foi feito por Deus sabedoria, justiça, santificação e redenção.
6. Nós cremos no batismo na água, com uma só imersão, em Nome de Jesus Cristo e em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
7. Nós cremos no batismo do Espírito Santo, com evidência de novas línguas, conforme o Espírito Santo concede que se fale.
8. Nós cremos na Santa Ceia. Jesus Cristo, na noite em que foi traído, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo: "Isso é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim". Semelhantemente tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: "Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós".
9. Nós cremos na necessidade de nos abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação, conforme mostrou o Espírito Santo na Assembleia de Jerusalém.
10. Nós cremos que Jesus Cristo tomou sobre si as nossas enfermidades. "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados".
11. Nós cremos que o mesmo Senhor (antes do milênio) descerá do céu com alarido, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar nos ares e assim estaremos sempre com o Senhor.
12. Nós cremos que haverá a ressurreição corporal dos mortos, justos e injustos. Estes irão para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.
PRÁTICAS
Culto. O culto da Congregação Cristã no Brasil segue uma ordem preestabelecida mas sem uma liturgia fixa. Os pedidos de hinos, orações, testemunhos e a pregação da palavra são feitos de forma espontânea e tidos como guiados pelo Espírito Santo. Preza-se a participação coletiva em detrimento de manifestações individualizantes.
Entre as práticas do culto, há o uso do véu pelas mulheres. A saudação do ósculo santo é realizada entre irmãos e irmãs dentro de seu próprio gênero. O assento é separado nas igrejas entre homens e mulheres. As orações são feitas de joelhos podendo haver até três orações no início do serviço e apenas uma de agradecimento no final. Embora seja raro, pode haver até três pregações sucessivas.
Kerigmática e Homilética. A pregação do sermão é feita sem preparo prévio ou com notas, com pregações improptu ou extempore. A pregação da palavra na Congregação Cristã alinha-se à tradição protestante de centrar-se na pregação da Bíblia, como um elemento importante como revelação da palavra divina. Entretanto, há interpretações populares da pregação da Bíblia. Como manifestação de religiosidade popular, semelhantes às consultas a oráculos muitos fiéis da Congregação Cristã no Brasil praticam o "buscar a palavra", uma forma de adivinhação ou bibliomancia. Para esses membros, suas decisões pessoais quanto a trabalho, viagem, negócios, estudos, casamentos serão pautados pelo oráculos da pregação. Corroborando com essa prática, muitos ministros alternam suas pregações entre promessas materiais e controle comportamental visando a manutenção da comunidade. Assim, resulta na prática de haver pouca ou nenhuma exegese bíblica nas pregações de muitos desses pregadores. Todavia, essa bibliomancia da pregação não é oficialmente endossada pelo ministério da Congregação Cristã no Brasil, que em recente circular admoestou contra tais práticas.
Reunião de Jovens e Menores. Na década de 1930, por orientação de Louis Francescon se iniciaram as Escolas Dominicais na Congregação Cristã no Brasil segundo o modelo já em prática nas congregações cristãs italianas na América do Norte. Relatórios da época registram que essa iniciativa foi "proveitosa e abençoada." Salvo por um breve momento de cânticos e orações no início e no final desse serviço, a maior parte dele era dedicado ao exame das Escrituras. As crianças e jovens em idades escolares recitavam versos memorizados no final. Tanto auxiliares homens e mulheres podiam pregar nesses serviços, com várias mulheres que presidiam as escolas dominicais, como fez por mais de 50 anos Rosina Francescon na Congregação Cristã de Chicago. Entretanto, devido ao baixo letramento de seus ministros, as Escolas Dominicais foram se transformando em cópias dos cultos regulares, exceto a recitação da oração do Pai Nosso e de jograis de Salmos. Ainda hoje, algumas congregações no norte do estado de São Paulo (Catanduva, S. José do Rio Preto, Pindorama) se mantém na tradição, com serviços e atividades separados por faixa etária.
ORGANIZAÇÃO
As atividades da Congregação Cristã no Brasil são conduzidas por um ministério organizado que as exerce sem expectativas de receber salários, distribuído segundo as necessidades de cada localidade, constituído por ancião, cooperador do ofício ministerial, diácono. Somente os anciãos e diáconos são ministros ordenados.
Para construções de templos, utilizam-se, na maioria dos casos, de voluntariado mobilizado em esquema de mutirão. Para outros serviços das igrejas como portaria, limpeza, som, escrituração de livros e fundo bíblico também são escolhidos dentre os membros, voluntários que não possuem expectativa de receber salário.
A Congregação Cristã no Brasil não possui registro de membros valorando o vínculo espiritual do fiel com Deus. Não prega o dízimo e mantém-se pelo espírito voluntário dos seus membros que contribuem com coletas anônimas e voluntárias.
A organização eclesiástica da Congregação Cristã no Brasil é uma forma adaptada do governo presbiteriano. Um grupo de igrejas locais são reunidas em uma "região administrativa", normalmente correspondente a um município nos estados onde a denominação é maior e vários municípios onde a Congregação é menor, presidida por um conselho de anciãos e um corpo administrativo. As regiões administrativas são agrupadas em "regionais", que por sua vez se concentram nas "assembleias estaduais".
As mudanças de caráter doutrinário na Congregação Cristã no Brasil são discutidas pelo Conselho de Anciãos Mais Antigos e apresentada em assembleia anual. 
 
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