O
papai Noel é um símbolo do natal. Nessa época podemos observar vários símbolos
natalinos espalhados pelas cidades, mas o que encanta adultos e crianças é o
bom velhinho.
Um
bispo católico, que viveu no século IV, costumava ajudar pessoas com
dificuldades financeiras, dando presentes às crianças ou jogando moedas pelas
chaminés das casas.
As
pessoas acreditavam que isso era milagre e são Nicolau foi tido como santo.
A
Alemanha foi o primeiro país a representar são Nicolau como símbolo de natal e
com o passar dos anos a ideia foi se espalhando por todo o mundo.
Andar
pelo céu sendo puxado por um trenó dirigido por renas, veio de uma história
criada pelo professor de literatura, que morava em Nova Iorque, Clemente Clark
Moore. Foi ele quem deu ao mesmo as características que apresenta, como ser
velho, gordo, ter barba longa, usar roupas vermelhas e carregar um saco de
presentes nas costas.
Em
razão do nascimento de Jesus, que recebeu presentes dos três reis magos – a Bíblia
não relata que estes homens eram três e que eram reis – (incenso, ouro e
mirra), e pelos agrados feitos por são Nicolau, no dia 25 de dezembro criou-se
o hábito de distribuir presentes entre amigos e familiares.
Nessa
data as crianças se enchem de esperança, sonhando com os presentes que irão
ganhar. O comércio também fica agitado com o aumento das vendas, pois todos
querem agradar seus entes queridos.
O
consumismo da vida moderna fez com que as vendas aumentassem muito durante essa
época. Nos shoppings e lojas das cidades podemos presenciar toda essa
movimentação. Os shoppings são decorados para atrair as crianças, em virtude da
presença de um papai Noel, que oferece guloseimas, ou outros temas, como a
fábrica de brinquedos ou a casinha do papai Noel. Com isso, os pais são
tentados pelos vários artigos exibidos nas vitrines das lojas.
Crianças
do mundo todo escrevem cartinhas para o papai Noel e ficam à espera de respostas.
As agências dos correios recebem muitas cartas e qualquer um pode se dirigir a
elas e adotar uma criança carente para presentear. Isso dá maior sentido ao
natal, pois é a presença do verdadeiro espírito natalino, de solidariedade e
amor ao próximo.
Por que Papai Noel ainda fascina
Mas, diante de uma geração tão
familiarizada com as novas tecnologias e que parece saltar a etapa da infância
dedicada à fantasia, uma dúvida dos pais é recorrente: ainda faz sentido
incentivar o mito do Papai Noel?
Para os especialistas, a resposta é sim. Até os 7 anos, as crianças vivem o período do desenvolvimento cognitivo, em que seu entendimento do mundo acontece por meio do imaginário, do fantástico. Reproduzir a história do Papai Noel, um personagem caloroso e solidário, seria uma maneira de estimular a criatividade e inserir no universo infantil valores como a benevolência e a preocupação com o bem-estar do outro. “Não se pode ficar preso à questão concreta, do presente. O bacana de ter a figura do Bom Velhinho é passar a ideia de generosidade, pois a criança leva esse conceito para outras épocas do ano”, afirma Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Abusar da sinceridade e dizer que o Papai Noel não existe pode quebrar esse encantamento, segundo a psicopedagoga Teresa Messeder Andion, diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia. “A criança ouve a história na escola, escuta os amiguinhos falando e vê imagens de Natal espalhadas; portanto, é natural assimilar a fantasia. Então, se em casa a família diz que é mentira, ela vai viver em contradição”, diz.
A melhor escolha dos pais, segundo
os educadores, é deixar o filho fazer suas descobertas naturalmente. “Caso ele
pergunte se Papai Noel existe, a saída é ouvi-lo, tentar saber o que ele entende
do Natal e responder à pergunta questionando se ele acredita”, afirma a
psicopedagoga Teresa. A analista de tecnologia da informação Gleise Segatto de
Oliveira Teixeira, deixou que a filha Iara, de 6 anos, tomasse sua própria
decisão. Apesar de não incentivar o mito, ouviu-a perguntar ao pai, o também
analista Jeyson Teixeira, se ele acreditava no personagem. “Ele disse que não,
mas que há pessoas que acreditam. E ela optou por crer na história mais por
influência da comunidade”, diz Gleise, que não monta árvore nem dá presentes
para a filha no Natal. A aeroviária Monica Seminara, preferiu dar outra
resposta quando ouviu a pergunta do filho Gabriel, 10 anos. “Eu disse que
acreditava. Queria que ele continuasse acreditando também. Mas, sozinho, foi
descobrindo que não passava de uma lenda.” A outra filha, Isabel, 7 anos, ainda
espera a visita do Papai Noel. “Converso com a Isa sobre como ele atende os
sonhos das crianças. É uma lição de esperança, uma história bonita.”
Outro erro tão comum quanto grave:
associar o Papai Noel unicamente ao consumo. Claro que a criança vai relacionar
a noite de Natal aos presentes, mas a reunião familiar, a história por trás do
mito e o sentido da comemoração do nascimento de Jesus, caso a família seja
religiosa, precisam ser lembrados. “Nesse momento, a convivência é o mais
importante. Não se pode deixar levar apenas pela questão material”, afirma a
pediatra Evelyn Eisenstein, professora da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj). Outro problema é usar a figura como um sistema de recompensa.
“É muito melhor os pais dizerem que o que filho fez não foi legal do que
afirmar que o Papai Noel não vai lhe trazer presentes. Eles saem do papel de
educadores e passam a função ao personagem. É um desserviço à educação da
criança”, diz Ivete, da Unifesp.
Uma questão dos dias de hoje é que,
com a geração atual, superconectada a tablets, smartphones e computadores,
manter um mito como o do Papai Noel fica mais difícil. “Elas têm mais acesso à
informação e o desenvolvimento neurológico é mais precoce”, afirma o pediatra
Marcelo Reibscheid. Segundo Tatiana Jereissati, coordenadora de pesquisas do
Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic),
a internet tem forte presença no cotidiano infantil. Andréa Jotta, psicóloga do
Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), afirma que, por conta disso, as novas gerações
não estão acostumadas com uma única resposta às suas dúvidas, pois sabem que
podem chegar facilmente a diferentes explicações. “Se tiver curiosidade e
estiver na idade de pré-alfabetização, consegue acessar essas informações
sozinha”, diz. O interessante, então, é não acabar com a fantasia, mas tentar
negociar. Mostrar que o Papai Noel pode não existir, mas é símbolo do Natal,
que há lendas a seu respeito fazendo parte de uma cultura. Para Evelyn, da
Uerj, a figura do Papai Noel pode ser ainda mais importante no momento atual.
“As crianças muito conectadas não sabem mais lidar com os sentimentos, pois a
vivência se volta para o virtual”, afirma ela, que é autora do livro “Geração
Digital: Riscos das Novas Tecnologias para Crianças e Adolescentes”. “Por isso,
é ainda mais interessante inserir os mitos, pois o que envolve a brincadeira,
como alguém da família se vestir de Papai Noel, pode trazer o ‘sentir’ de
volta.”
As tradições envolvendo a visita do
Papai Noel na noite de Natal são relativamente recentes. Segundo o historiador
Gerry Bowler, professor de história do Natal na Universidade de Manitoba, no
Canadá, a maioria das lendas sobre o personagem surgiu no fim do século XIX.
“Era uma época em que a criação dos filhos estava se tornando menos dura e mais
sentimental. Também era o momento da Revolução Industrial, quando cresceu a
produção de mercadorias e os preços diminuíram. Papai Noel permitiu aos pais
serem generosos com as crianças uma vez no ano e as vendas aumentaram durante
essa época”, afirma Bowler. A origem do mito, porém, é bem mais antiga e está
ligada à Igreja Católica. A história começa com São Nicolau, bispo de Mira, na
Turquia, entre os séculos III e IV, conhecido por presentear crianças com
roupas e alimentos. “São Nicolau dedicou sua vida para ajudar os outros. Ele
evangelizava com gestos, algo muito parecido com o que o papa Francisco faz
atualmente”, diz o padre Rafael Javier Magul, pároco da igreja ortodoxa São
Nicolau, de Goiânia. Para o sacerdote, os pais devem aproveitar essa imagem que
já existe para contar a história do homem generoso por trás da lenda. “Papai
Noel existiu de verdade e foi uma pessoa misericordiosa que não se esquecia de
ninguém”, diz padre Rafael. Talvez por isso ocupe um espaço tão privilegiado no
imaginário infantil.
Fonte de consulta: Revista ISTOÉ, Edição:
2301, 20.Dez.13
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