AutoriaTrecho da Epístola aos Hebreus
Muitos cristãos atribuem a autoria da epístola ao
apóstolo Paulo, mas percebe-se que o modo como ela foi elaborada difere das
epístolas paulinas.
Ao
contrario de todas as precedentes, a epístola aos Hebreus teve sua
autenticidade posta em dúvida desde a antiguidade. Raramente se encontra sua
canonicidade, mas a Igreja do Ocidente, até o fim do séc. IV, recusou-se
atribuí-la a Paulo; e se a do Oriente aceitou o seu atributo, não foi sem fazer
certas reservas no tocante da sua forma literária (Clemente de Alexandria,
Orígenes). É que, com efeito, o estilo da escrita dessa carta é de uma pureza
elegante que não pertence a Paulo. A maneira de citar e utilizar o AT não é a
sua. Faltam aí o endereço e o preâmbulo com o qual ele costuma iniciar suas
cartas.
Pode-se todavia reconhecer ressonâncias de pensamento paulino onde se desenvolveu o tema da fé: a lei antiga foi dada por intermédio dos anjos (Hebreus 2:2; Gálatas 3:19), a falha da geração israelita que saiu do Egito e morreu na travessia do deserto constitui uma advertência para os crentes (3:7-4:2; 1 Coríntios 10:1-13), os destinatários são como crianças que tem necessidade do leite maternal (Hebreus 5:12; I Coríntios 3:1–3), Abraão e o exemplo da fé (Hebreus 6:12–15; Romanos 4:17–21), a aliança no Sinai se opõe a Nova Jerusalém (Hebreus 12:18–24; Gálatas 4:24–26).
Essas
considerações levaram a críticos católicos e protestantes a admitir que foi um
redator que se inscreve na ambiência paulina, ou seja, alguém que aprendia os
ensinamentos do apóstolo Paulo, mas não há acordo sobre quando e como
identificar o autor anônimo. Outros candidatos são, Apolo, Lucas, Barnabé,
Clemente de Roma, Silas, Filipe e Priscila.
Parece
mais simples tentar traçar o seu retrato: trata-se de um judeu de cultura
helenística, familiar na arte da oratória, atento a uma interpretação pontual
das passagens veterotestamentária que utiliza, frequentemente segundo a versão
dos LXX para apoiar seus argumentos.
Há
quem acredite que não tenha sido escrita por Timóteo, visto que, segundo o
versículo 23 do capítulo 13 desta carta, lemos o seguinte:
“Saibam
que o irmão Timóteo foi posto em liberdade. Se ele vier logo, irei vê-los na
companhia dele.”
Logo,
a menos que o autor se refira a si mesmo na 3ª pessoa do singular, constatamos
que foi outro que não Timóteo a escrever esta carta.
Podemos
também perceber que esta Carta terá sido escrita por alguém muito ligada à
cultura e tradição judaica, o que não era o caso de Timóteo.
No
terceiro século, Orígenes escreveu:
“Só Deus sabe ao certo quem escreveu a
epístola.”
Quando
foi escrito
Clemente,
um dos pais da Igreja Primitiva, citou o livro de Hebreus em 95 d.C.. No
entanto, provas internas, tais como o fato de que Timóteo estava vivo no
momento em que a carta foi escrita e a ausência de qualquer evidência mostrando
o fim do sistema sacrificial do Antigo Testamento, o qual ocorrera com a
destruição de Jerusalém em 70 d.C., indicam que o livro foi escrito por volta
de 65 d.C.
Conteúdo
No
Novo Testamento, a epístola é única quanto à sua estrutura:
“Começa como tratado, desenvolve-se como
sermão e termina como carta.”
O
livro de Hebreus é usado como um argumento final em defesa do Cristianismo.
Usando uma lógica cuidadosa e referindo-se frequentemente ao testemunho, o
escritor define que Jesus Cristo é o Filho de Deus e digno da nossa fé. A
preocupação principal do autor parece ser de estar atento contra a apostasia
(Hebreus 6:4-8; Hebreus 10:19-39) e de confortar aqueles que parecem lamentar o
esplendor do culto mosaico e o lado tranquilizador, (inclusive do ponto de
vista psicológico) de uma religião oficial que as jovens comunidades cristãs
não estavam à altura de garantir (9:9b-10). O livro compara e contrasta Jesus
com toda história do Velho Testamento e argumenta que Cristo é o clímax de
todas as coisas do passado.
O
autor explica que a vida do fiel deve ser considerada como um êxodo continuo
para uma pátria prometida (Hebreus 4:1-6) que não pode ser identificada com um
lugar terrestre seja ele qual for (Hebreus 11:13; Hebreus 13:14).
Assim,
o autor conclui:
“Olhando
para Jesus autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto
suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de
Deus. Considerai pois aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra
si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vosso ânimo."(Hebreus
12:2-3)”
Fonte: Wikipédia
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