A CURA DO ENDEMONINHADO MUDO

"E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios."
(Mateus 9.32-34; Lucas 11.14).


Será que estamos protegidos contra todo perigo espiritual e toda tentação? Os numerosos exorcismos de Jesus trazem liberdade a muitos que foram perturbados e oprimidos pela ação do espírito do mal. Estes milagres, acima de todo poder do homem, exige fé em Jesus como “o enviado do Pai”. Expulso o demônio, o mudo falou. Os Fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”. Há, portanto, os que o  rejeitam e chegam a atribuir este poder de Jesus como proveniente do príncipe dos demônios.

Jesus não se altera diante de tais acusações e “nos ensina, diz s. João Crisóstomo, a responder aos nossos caluniadores não com outras injúrias, mas com benefícios ainda maiores”. E olhando a multidão, cansada e abatida, tem compaixão dela. Não há quem a conduza e a revigore: “São como ovelhas sem pastor”. Por isso, exorta à oração, pois a messe é grande e os operários são poucos. “A messe, observa Orígenes, indica os que estão aptos a praticar a fé, os operários são os que ensinam segundo o Evangelho”. S. Jerônimo acrescenta: “para falar mais claramente, a messe abundante representa todo o povo dos fiéis. Mas poucos são os operários, isto é, os apóstolos e os seguidores dos que são enviados à messe”.

A obra de Jesus continua através dos Apóstolos e também de seus seguidores, pois o divino Mestre lhes confere o poder de expulsar os demônios. Todos expressam a divina compaixão do Mestre. De fato, o Reino de Deus se torna presente e a misericórdia divina derrama perdão e bondade em cada coração. “O homem forte foi ligado, escreve s. Hilário, quando o Senhor o chamou “Satã”, que é o nome próprio da maldade. E tendo vencido Satã, Cristo retoma seus despojos, isto é, nós mesmos, que éramos as armas do diabo”. S. Agostinho exorta: “não deves se aproximar do demônio pelos desejos mundanos, e que ele não ouse se aproximar de ti. Ele pode ladrar, provocar, mas não pode morder, a menos que tu queiras. Pois ele  não leva ao mal de modo forçado, mas sim por persuasão: ele não extorque nosso consentimento, ele o suplica”.

Enquanto Jesus viveu na terra, as forças demoníacas pareciam especialmente ativas. Embora nem sempre não possamos saber o motivo ou o modo como se deu a possessão demoníaca, sabemos que ela acarreta problemas físicos e mentais.

Aqui foram relatadas quatro acusações dos fariseus contra Jesus: blasfemar, fazendo-se Deus; associar-se aos párias; cometer impiedade e servir a Satanás. Mateus mostrou como Jesus foi difamado por aqueles que deveriam tê-lo recebido da forma mais alegre possível. Por que os fariseus agiram deste modo? (1) Jesus não se sujeitou à autoridade religiosa deles, sobrepujou-a; (2) enfraqueceu o controle que esse grupo religioso tinha sobre o povo; (3) desafiou as convicções mais estimadas pelos fariseus; (4) e expôs a falta de sinceridade nas motivações deles.

A CURA DE UM ENDEMONINHADO CEGO E SURDO

"Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via. E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios. Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá."
(Mateus 12.22-25).


Você poderia imaginar uma pessoa totalmente ausente do mundo como esse homem?
Ele não podia se comunicar, era mudo e surdo. O que fazem os surdos se comunicarem
de alguma forma é a possibilidade de ler os lábios, mas esse homem não tinha visão para
ler os lábios, ele também era cego. Por fim este homem era possuído.

Jesus o curou! Como curou não sabemos. Ele talvez tenha somente lançado uma palavra
de comando, ou abraçado com dó aquele homem, ou soprou nos seus ouvidos, não se
sabe... Simples que fosse para os que viram, mas para aquele homem: o dia mais
espetacular da sua vida.

Note que aquele homem não ficou livre somente de enfermidades físicas e espirituais, mas
passou a se tornar um ser comunicável. A sua mente iria passar agora por um processo
de restabelecimento. Ela deixaria de ser o depósito de sentidos físicos e iria passar a
deduzir, raciocinar, concluir e decidir. Ele deixaria de ser um ser instintivo, como uma
planta, daquelas que reagem ao toque com uma farpa ou com uma defesa; e passaria a
ser responsável por suas ações.

Ao pensar nesse texto, podemos imaginei que talvez Jesus quisesse com seu milagre, nos
salientar a simbologia da alienação espiritual de cada ser sem Deus. Alguém sem a
presença do Espírito de Deus, pode não alienado para o mundo tangível, palpável em que
vivemos; porém, certamente o é para a realidade espiritual.

Ao encarnar, Jesus temporariamente abriu mão de usar suas habilidades sobrenaturais de forma completa e ilimitada. Porém, Ele possuía um profundo conhecimento da natureza humana. Seu discernimento impediu que os líderes religiosos o colocassem em armadilhas.


A CURA DE UM MENINO ENDEMONINHADO

"E, quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele, e dizendo: Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água; e trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo. E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui. E, repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou." (Mateus 17.14-21; Marcos 9.14-29; Lucas 9.37-43).

Tendo tido aquela maravilhosa oportunidade de ver o Senhor Jesus na sua glória, no alto do monte, Pedro, Tiago e João desceram com Ele até o vale onde estavam os outros discípulos.

Ali se havia juntado uma grande multidão, e também alguns mestres da lei discutindo com eles. Entre a multidão estava um homem que havia trazido seu filho, possesso por um demônio, que provocava nele sintomas de epilepsia e o impedia de falar.

Em sua terceira viagem à Galiléia, Jesus havia dado aos seus discípulos autoridade para expulsar espíritos imundos e curar todas as doenças e enfermidades, em uma missão específica de anunciar apenas aos judeus que era chegado o Reino dos céus (Mateus.10). E durante aquela missão eles tiveram sucesso com esses sinais (Marcos 6.13).

O homem então pediu aos discípulos que expulsassem o espírito do seu filho. Na ausência do Senhor, lembrando-se dos poderes que haviam recebido naquela ocasião, os discípulos procuraram atender ao pedido do homem, mas a despeito dos seus esforços não tiveram sucesso.

Ao ver Jesus, o povo ficou muito surpreso e correu para saudá-lo (Marcos 9.15). O homem também se aproximou, ajoelhou-se em reverência diante dele, e pediu misericórdia, explicando a situação.

A resposta do Senhor Jesus tem dado motivo a muita controvérsia desde a antiguidade: quem era a "geração perversa e incrédula" com a qual Ele parecia ter-se impacientado?

Os discípulos nunca foram chamados de perversos nem incrédulos, embora ainda tivessem pouca fé. Eles ainda tinham muito que aprender, e não sabiam ainda discernir os espíritos, sendo este de uma espécie mais difícil de expulsar.

A condição essencial para que Deus possa operar em nossa vida, e ainda fazer milagres, é que creiamos em seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Não se trata de crer que Deus pode fazer milagres, ou de ter grande fé na operação de milagres por seus servos. É a fé salvadora provada pela conversão e rendição a Ele.

O pobre pai do menino, pronto a fazer qualquer coisa para libertá-lo do seu opressor, exclamou "Eu creio, Senhor! Ajuda-me a minha incredulidade!" (Marcos 9.24).

O Senhor Jesus não se fez mais esperar e, misericordioso, imediatamente ordenou ao espírito que saísse do menino. E ele saiu, não sem primeiro dar mais uma demonstração da sua maldade.

Os discípulos ainda estava curiosos por saber a razão por que não haviam podido expulsar aquele demônio, e pediram mais tarde, quando estavam a sós, que o Senhor lhes explicasse.
Ele lhes deu duas razões:
  1. A fé deles era pequena demais.
  2. Aquela espécie de demônio só saia pela oração e pelo jejum.
Se tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, eles poderiam mover aquele monte. O grão de mostarda era o menor que conheciam (Marcos 4.31) e, decerto, este era um ditado popular para indicar a coisa menor que se pudesse imaginar. A pequena fé que move o alto monte era uma parábola.

A fé deles não tinha substância, logo era inoperante. Eles tinham muito que aprender ainda até que compreendessem a realidade do Messias, a sua missão salvadora, e o verdadeiro caráter da missão que tinham que desempenhar como Suas testemunhas.

Por enquanto, eles confiavam apenas na autoridade que Ele lhes dera anteriormente, durante a sua missão de pregar o Reino aos judeus. Essa missão havia terminado, e eles não tinham competência para continuar a fazer mais milagres.

Ao invés de procurar expulsar esse demônio com os poderes que haviam recebido, eles tinham que interceder junto a Deus, com oração e jejum, para que Ele lhes concedesse o pedido. O Senhor Jesus disse, em outra ocasião que, quando Ele fosse para o céu, os discípulos deveriam pedir tudo em seu nome ao Pai (João 14.13).

Jesus não estava condenando os discípulos por terem uma fé abaixo do padrão; estava apenas mostrando a importância da fé para um futuro ministério. Se você estiver enfrentando um problema que pareça ser tão grande e irremovível como uma montanha, afaste os seus olhos do problema e busque a Cristo para obter mais fé. Somente assim será possível superar os obstáculos que estiverem em seu caminho. 


A CURA DA FILHA DA MULHER CANANÉIA

"E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, SENHOR, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã." (Mateus 15:21-28; Marcos 7.24-30).

Cristo estava perto do fim do seu ministério Galileu. Ele tinha ensinado muitas coisas e feito muitos milagres, e a hora estava se aproximando rapidamente em que Ele deixaria a Galiléia para ir a Jerusalém.  E a oposição contra Ele estava aumentando também, ao ponto dele determinar a sua retirada para o extremo norte da Terra prometida, para a região de Tiro e Sidom. Esta área era o lar de muitos dos cananeus originais os quais Israel havia sido ordenada a expulsar da região. Deus havia muitas vezes enviando julgamento e maldições aos cananeus devido as suas iniquidades.

Agora nos dias de Jesus havia outra mulher lá que precisava de ajuda. Lemos que essa mulher cananéia veio chorando a Jesus, dizendo repetidamente, Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada”. Essa mulher abandonada e imunda estava com o diabo respirando no seu pescoço, por assim dizer. Ele tinha a filha dela nas suas garras.

Observe que ela chamou Jesus de “Filho de Davi.” Ela provavelmente não sabia a passagem, mas o Velho Testamento havia profetizado que o Filho de Davi “acode ao necessitado que clama e também ao aflito e ao desvalido” (Salmos 72.12). Claramente, esta mulher havia ouvido sobre o Cristo. Sem dúvidas, ela havia ouvido sobre muitas pessoas que haviam sido trazidas a Ele para serem curadas, e que Ele curou todas, inclusive as pessoas que estavam possessas por demônios.

Claramente, o Espírito Santo a abençoou em tudo aquilo que ela ouviu, pois ela não simplesmente ouviu tudo aquilo como palavras de homens, mas como a palavra de Deus. 

Ao mesmo tempo, a sua necessidade era grande; todos os dias, o diabo a lembrava do seu poder sobre a sua filha.

Um Salvador que prova

Vemos neste episódio uma série de provações que essa mulher enfrentou para ter a resposta que procurava: a primeira foi o silêncio de Jesus, “ele, porém, não lhe respondeu palavra”.  Seu clamor era tão alto; a boca de Cristo, entretanto, permaneceu fechada. Deve ter sido horrível para ela, que o inferno parecia tão aberto, mas o céu tão fechado – uma filha possessa por demônio em uma mão, e um Salvador silencioso na outra.

A segunda provação dela foi a impaciência dos discípulos de Cristo. Isto deve ter tornado as coisas piores para ela. Eles procuravam a intervenção de Cristo para fazê-la ir embora. “Despede-a, que vem gritando atrás de nós”.

A terceira provação foi a repulsa aparente do Salvador. Quando Cristo finalmente a respondeu, Ele disse, “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. De fato, em geral Cristo havia se limitado àqueles que eram Israelitas. Para a mulher isso deve ter soado como se, caso ela fosse Israelita, Cristo a teria ajudado. Mas infelizmente, ela era uma cananéia.

O que o Salvador estava fazendo para essa mulher? As Escrituras não falam, ”Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum lançarei fora” (João 6.37)? Certamente, o Senhor não a lançaria fora. Ouça cuidadosamente as palavras do Salvador. Muitas vezes nós interpretamos o silêncio como uma negação e desencorajamento como rejeição total. Todavia, o Salvador onisciente estava colocando-a a prova para evidenciar a tenacidade da sua fé. Ele conhecia a sua fé antes de prová-la, assim como o Senhor conhecia a fé de Abraão antes de prová-lo (ver Gênesis 22.1). Não era Ele o autor e consumador desta fé (Hebreus 12.2)?

Paradoxalmente, a mulher ficou encorajada, apesar da aparente repulsa do Salvador. Ajoelhando-se perante Ele, ela falou simples e urgentemente: “Senhor, socorre-me”.

Entretanto o Senhor não havia terminado de prová-la. Agora veio a prova final para essa mulher, e indiscutivelmente, a mais severa.  Jesus disse, “Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-los aos cachorrinhos”. Tomando simplesmente pela aparência, isto era um insulto para a mulher. É como se Ele a estivesse comparando com um cachorro latindo e interrompendo um pai que está tentando alimentar seus filhos.

Foi positivo para sua fé que ela já parecia ter a sua resposta pronta. “Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores”. Se ela tivesse se ofendido com o Senhor tendo-a comparado com um animal impuro, ela teria perdido a benção que o Senhor estava para dar a ela. Mas os seus olhos estavam em uma única coisa: o socorro do Senhor. Ela sabia quão desamparada e desesperada ela estava sem esse socorro. Ser comparada a um cachorro é um elogio quando se sabe que o que você merece é o inferno. Ela estava satisfeita em ser chamada de cachorro. Como Jacó, essa mulher não receberia um não como resposta. Ela sabia que havia vasculhado o mundo inteiro por alimento, mas achou nada que pudesse saciar a sua alma sedenta.

A CURA DO ENDEMONINHADO GADARENO

"E, tendo chegado ao outro lado, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? E andava pastando distante deles uma manada de muitos porcos. E os demônios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos. E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas." (Mateus 8.28-32; Marcos 5.1-20; Lucas 8.26-39).


Este episódio, entre tantos registrados na Bíblia, nos mostra a existência dos demônios, que são espíritos maus, anjos caídos, que estão na terra com o propósito de prejudicar a humanidade e afrontar Deus. Além de influenciar e oprimir os homens, os espíritos malignos chegam a possuir a mente e o corpo de muitas pessoas. 

O demônio reconheceu Jesus imediatamente e se prostrou para adorá-lo, como fazia quando era um anjo de Deus. Naquele momento, o espírito mau deu o seu testemunho de que Jesus é o Filho de Deus. Algo tão difícil para as pessoas acreditarem e reconhecerem, era fato natural para aquela entidade maligna.

Jesus atendeu ao pedido daqueles espíritos, permitindo que eles entrassem nos porcos. Imediatamente, aqueles animais foram precipitados no despenhadeiro, caindo no mar e morrendo afogados. Creio que era isso que os demônios pretendiam fazer aos gadarenos. 

Então, por que não fizeram? Eles só agem dentro dos limites da permissão divina (Marcos 5.13). Além disso, os demônios usavam aquele corpo como casa (Mateus 12.43,44) e não iriam destruí-lo tão cedo. O diabo utiliza seus escravos para fazer suas obras malignas neste mundo. Por isso, é útil para ele que suas vidas miseráveis sejam prolongadas por algum tempo.

A Palavra de Deus revela que no fim dos tempos, o diabo e seus demônios serão lançados no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20.10). Ao perguntar se Jesus tinha vindo antes do tempo para atormentá-los, os demônios demonstraram conhecer seu destino final.

Depois da libertação, o gadareno parecia outro homem (Mateus fala de dois homens, aparentemente um deles era violento. Foi encontrado assentado, vestido e em perfeito juízo (Marcos 5.15). A conversão é o início de uma nova vida, com equilíbrio, sossego, descanso, paz, dignidade, ordem e decência. Além de ter sido liberto, aquele homem foi salvo (Lucas 8.36).

Muitas pessoas vieram vê-lo, mas não glorificaram a Deus por sua libertação. O momento era propício ao louvor e às ações de graças, mas houve murmuração. Os demônios adoraram a Jesus, mas o povo não adorou. Muitos ficaram revoltados contra ele por causa da morte dos porcos. Portanto, aquele homem não tinha valor algum para o seu povo. Os porcos eram considerados mais importantes. A perda financeira foi mais sentida do que o ganho humano e espiritual. O materialismo dominava aquela gente. Encontraram Cristo, mas não foram salvos. Resolveram expulsá-lo daquela cidade. Que situação estranha! Jesus expulsou os demônios de um homem e depois foi expulso do lugar. Ele foi embora, mas os demônios continuaram naquela comunidade. Certamente, procurariam outros seres humanos para serem possuídos.

O gadareno liberto pediu para seguir a Jesus, mas ele não permitiu. Cristo havia atendido a um pedido dos demônios, mas não atendeu à “oração” daquele homem. Por quê? Jesus tinha um propósito para ele naquele lugar. Vemos nisso o amor e a misericórdia para com aquele povo ímpio que rejeitou Jesus. Ele deixou o gadareno ali como “pregador”, dando seu testemunho para todos, começando pela sua casa. Agora que estava liberto, poderia retomar a normalidade da sua vida. Sua família também tinha sido abençoada através daquela libertação. Aquele que se converte torna-se bênção para o seu lar e para a sociedade.

Naquele episódio, os discípulos nada fizeram, senão aprender com o Mestre aquilo que deveriam realizar após a sua ascensão. Jesus subiu ao céu, mas encarregou sua igreja de continuar sua obra de libertação. Ele disse: “Em meu nome, expulsarão os demônios” (Marcos 16.17). Assim, através de nós, Jesus continua libertando. Aqueles que alcançam a libertação e a salvação saem de uma vida de tormento e começam a usufruir a alegria de Deus em seus corações.


A CURA DO ENDEMONINHADO DE CAFARNAUM

"Entraram em Cafarnaum e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, ali ensinava. E maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas. E estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou, dizendo: Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus. E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele. Então o espírito imundo, convulsionando-o, e clamando com grande voz, saiu dele." (Marcos 1.21-26; Lucas 4.31-37).

Propósito: inaugurar e dar publicidade ao ministério de Jesus na Galiléia e demonstrar a sua missão para libertar todos os cativos de Satanás.

Consequências: as multidões apertaram Jesus em busca de cura. Este foi o segundo milagre de Jesus no sábado, o primeiro foi a cura de um paralítico (João 5.1-18).

Jesus estava falando na sinagoga sobre o reino que Ele tinha vindo estabelecer, e sobre a
missão dele: libertar os escravos do diabo. De repente, foi interrompido por um grito agudo e aterrorizante. Um louco vinha saindo do meio do povo, exclamando: “Ah! Que temos contigo, Jesus de Nazaré? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus”.

Tomado por espíritos imundos, esse homem tinha virado um espetáculo terrível para seus amigos, e um fardo para ele mesmo. A causa dessa aflição estava escondida em sua própria história. Ele tinha sido fascinado pelos prazeres do pecado, e pensou que podia transformar a vida num grande carnaval. Nunca tinha sonhado em virar um terror para o mundo e uma vergonha para sua família; só achou que podia gastar seu tempo em alguns “exageros inocentes”. Só que, depois que começou a descer, embalou rapidamente: a intemperança e o descuido destruíram as suas capacidades mentais, e Satanás tomou conta dele todo.

Quando ficou com remorso, era tarde demais. A mesma coisa acontece com todos que cedem ao maligno: o que era um prazer fascinante no começo acaba virando trevas de desespero e deixando a alma arruinada.

Do mesmo jeito que foi naquela época, vai ser até a grande batalha final entre o bem e o mal. A história está se repetindo. Os líderes religiosos estão destruindo a fé na Bíblia como a Palavra de Deus; e depois que ela é rejeitada, você nem calcula a que profundidade de degradação o sujeito pode mergulhar. Os pecados escondidos ou os vícios dominadores deixam a pessoa tão impotente quanto o endemoninhado de Cafarnaum.

Mas esse estado não é desesperador. Existe um jeito de vencer o maligno; o mesmo que Jesus usou: o poder da Palavra da verdade. “Vocês vão conhecer a verdade, e ela vai libertar vocês” (João 8.32). Todo homem sempre tem a liberdade de escolher a quem ele vai servir. Ninguém caiu tão fundo, ninguém é tão ruim, que não possa mais encontrar a libertação em Cristo. Deus não deixa de atender nenhum grito de uma alma em necessidade – mesmo que não seja expresso por palavras. Os espíritos das trevas vão lutar pela pessoa, mas os anjos de Deus vão defendê-la, e vencerão. Em Isaías 49.24 e 25, Deus pergunta: “Por acaso alguém salvaria a vítima do guerreiro valente? Ou os presos justamente escapariam?”, e Ele mesmo responde: “Com certeza os presos serão libertados, e a vítima do tirano vai sobreviver; porque eu mesmo entrarei na batalha – eu vou lutar contra quem te ameaçar, e vou resgatar os teus filhos!”

Muitos psicólogos rejeitam a maioria dos relatos de possessão demoníaca, afirmando que são uma forma primitiva de descrever as doenças mentais. Embora muitas vezes doenças mentais tenham sido erroneamente diagnosticadas como possessão demoníaca, no caso desse homem, uma força exterior e hostil controlava-o. Marcos enfatizou o conflito entre Jesus e as forças malignas com a finalidade de mostrar a superioridade do Messias sobre elas; por esta razão, registrou muitas histórias sobre Jesus ter expulsado espíritos malignos. Jesus não tinha a necessidade de executar um elaborado ritual de exorcismo, pois sua palavra era suficiente para expulsar os demônios.


MILAGRES REALIZADOS POR JESUS

Desde o Antigo Testamento, os curandeiros da tradição judaico-cristã eram considerados como profetas e, a fim de legitimar sua missão profética, realizavam curas e milagres no meio do povo. No tempo de Jesus, a cura consistia praticamente na expulsão do demônio, causador da doença, e no perdão dos pecados. A prática de expulsar demônios, adquirida pelos hebreus nos exílios da Babilônia e do Egito, era algo comum no judaísmo, pois se cria que as doenças eram causadas por eles, a exemplo da passagem de Mateus 12.22-28. No versículo 28, Jesus, ao referir-se a si mesmo, assim se expressa: Mas, se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus”.


No contexto cultural de Jesus, a crença, para muitos, era de que havia entre Deus e Satanás um grande conflito espiritual. Anjos e demônios travavam batalhas celestes ao passo que justos e maus espíritos e injustos repercutiam a mesma batalha terrena. 

Havia, em Jesus, na prática da cura das doenças, uma diferença fundamental. Um poder desigual capaz de atrair, até mesmo, algumas pessoas importantes (Jairo, chefe da sinagoga). Seu poder consistia, pois da ação poderosa do Espírito Santo, cujo poder fora dado aos apóstolos, antes e depois da sua morte, a fim de conferir-lhes poder “sobre os espíritos imundos” (Marcos 6.7). Os apóstolos ficaram impressionados, pois os demônios eram-lhes sujeitos: “expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curava” (Marcos 6.13).



Milagres
Mateus
Marcos
Lucas
João
EXORCISMOS
O endemoninhado de Cafarnaum

1.25
4.35

O endemoninhado gadareno
8.32
5.8
8.33

A filha da mulher cananéia
15.21
7.24


O menino endemoninhado
17.14
9.14
9.37

O endemoninhado cego e surdo
12.22



O endemoninhado mudo
9.32

11.14






CURAS
A sogra de Pedro
8.14
1.29
4.38

O leproso
8.2
1.40
5.12

O paralitico
9.1
2.1
5.17

O homem com a mão atrofiada
12.9
3.1
6.6

A ressurreição da filha de Jairo
9.18
5.21
8.40

A mulher com fluxo de sangue
9.20
5.29
8.44

Um homem surdo-gago

7.31


O cego de Betsaida

8.22


Dois cegos
20.29
10.46
18.35

O jovem da cidade de Naim


7.11

A mulher encurvada


13.10

Os dez leprosos


17.11

O hidrópico


14.1

O paralitico no tanque de Betesda



5.1
A ressurreição de Lázaro



11
O cego de nascença



9
O servo do centurião
8.5

7.1

O filho de um oficial



4.46





MILAGRES DA NATUREZA
A tempestade acalmada
8.23
4.35
8.22

A alimentação de 5 mil pessoas
14.13
6.30
9.10
6.1
A alimentação de 4 mil pessoas
15.32
8.1


A caminhada sobre as águas
14.22
6.45

6.16
A maldição da figueira
21.18
11.14


A moeda da boca do peixe
17.24



A pesca milagrosa


5.5
21.1
A transformação da água em vinho



2.1