"E, tendo chegado ao outro lado, à província dos gadarenos,
saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes
eram que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que clamaram, dizendo:
Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes
do tempo? E andava pastando distante deles uma manada de muitos porcos. E os
demônios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permite-nos que entremos
naquela manada de porcos. E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, se
introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se
precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas." (Mateus
8.28-32; Marcos 5.1-20; Lucas 8.26-39).
Este episódio, entre tantos registrados na Bíblia, nos mostra a existência dos demônios, que são espíritos maus, anjos caídos, que estão na terra com o propósito de prejudicar a humanidade e afrontar Deus. Além de influenciar e oprimir os homens, os espíritos malignos chegam a possuir a mente e o corpo de muitas pessoas.
O
demônio reconheceu Jesus imediatamente e se prostrou para adorá-lo, como fazia
quando era um anjo de Deus. Naquele momento, o espírito mau deu o seu
testemunho de que Jesus é o Filho de Deus. Algo tão difícil para as pessoas
acreditarem e reconhecerem, era fato natural para aquela entidade maligna.
Jesus
atendeu ao pedido daqueles espíritos, permitindo que eles entrassem nos porcos.
Imediatamente, aqueles animais foram precipitados no despenhadeiro, caindo no
mar e morrendo afogados. Creio que era isso que os demônios pretendiam fazer aos
gadarenos.
Então, por que não fizeram? Eles só agem dentro dos limites da
permissão divina (Marcos 5.13). Além disso, os demônios usavam aquele corpo
como casa (Mateus 12.43,44) e não iriam destruí-lo tão cedo. O diabo utiliza
seus escravos para fazer suas obras malignas neste mundo. Por isso, é útil para
ele que suas vidas miseráveis sejam prolongadas por algum tempo.
A
Palavra de Deus revela que no fim dos tempos, o diabo e seus demônios serão
lançados no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20.10). Ao perguntar se Jesus
tinha vindo antes do tempo para atormentá-los, os demônios demonstraram
conhecer seu destino final.
Depois
da libertação, o gadareno parecia outro homem (Mateus fala de dois homens,
aparentemente um deles era violento. Foi encontrado assentado, vestido e em
perfeito juízo (Marcos 5.15). A conversão é o início de uma nova vida, com
equilíbrio, sossego, descanso, paz, dignidade, ordem e decência. Além de ter
sido liberto, aquele homem foi salvo (Lucas 8.36).
Muitas
pessoas vieram vê-lo, mas não glorificaram a Deus por sua libertação. O momento
era propício ao louvor e às ações de graças, mas houve murmuração. Os demônios
adoraram a Jesus, mas o povo não adorou. Muitos ficaram revoltados contra ele
por causa da morte dos porcos. Portanto, aquele homem não tinha valor algum
para o seu povo. Os porcos eram considerados mais importantes. A perda
financeira foi mais sentida do que o ganho humano e espiritual. O materialismo
dominava aquela gente. Encontraram Cristo, mas não foram salvos. Resolveram
expulsá-lo daquela cidade. Que situação estranha! Jesus expulsou os demônios de
um homem e depois foi expulso do lugar. Ele foi embora, mas os demônios
continuaram naquela comunidade. Certamente, procurariam outros seres humanos
para serem possuídos.
O
gadareno liberto pediu para seguir a Jesus, mas ele não permitiu. Cristo havia
atendido a um pedido dos demônios, mas não atendeu à “oração” daquele homem.
Por quê? Jesus tinha um propósito para ele naquele lugar. Vemos nisso o amor e
a misericórdia para com aquele povo ímpio que rejeitou Jesus. Ele deixou o
gadareno ali como “pregador”, dando seu testemunho para todos, começando pela
sua casa. Agora que estava liberto, poderia retomar a normalidade da sua vida.
Sua família também tinha sido abençoada através daquela libertação. Aquele que
se converte torna-se bênção para o seu lar e para a sociedade.
Naquele
episódio, os discípulos nada fizeram, senão aprender com o Mestre aquilo que
deveriam realizar após a sua ascensão. Jesus subiu ao céu, mas encarregou sua
igreja de continuar sua obra de libertação. Ele disse: “Em meu nome, expulsarão os
demônios” (Marcos 16.17). Assim, através de nós, Jesus continua
libertando. Aqueles que alcançam a libertação e a salvação saem de uma vida de
tormento e começam a usufruir a alegria de Deus em seus corações.