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A CURA DE UM MENINO ENDEMONINHADO

"E, quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele, e dizendo: Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água; e trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo. E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui. E, repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou." (Mateus 17.14-21; Marcos 9.14-29; Lucas 9.37-43).

Tendo tido aquela maravilhosa oportunidade de ver o Senhor Jesus na sua glória, no alto do monte, Pedro, Tiago e João desceram com Ele até o vale onde estavam os outros discípulos.

Ali se havia juntado uma grande multidão, e também alguns mestres da lei discutindo com eles. Entre a multidão estava um homem que havia trazido seu filho, possesso por um demônio, que provocava nele sintomas de epilepsia e o impedia de falar.

Em sua terceira viagem à Galiléia, Jesus havia dado aos seus discípulos autoridade para expulsar espíritos imundos e curar todas as doenças e enfermidades, em uma missão específica de anunciar apenas aos judeus que era chegado o Reino dos céus (Mateus.10). E durante aquela missão eles tiveram sucesso com esses sinais (Marcos 6.13).

O homem então pediu aos discípulos que expulsassem o espírito do seu filho. Na ausência do Senhor, lembrando-se dos poderes que haviam recebido naquela ocasião, os discípulos procuraram atender ao pedido do homem, mas a despeito dos seus esforços não tiveram sucesso.

Ao ver Jesus, o povo ficou muito surpreso e correu para saudá-lo (Marcos 9.15). O homem também se aproximou, ajoelhou-se em reverência diante dele, e pediu misericórdia, explicando a situação.

A resposta do Senhor Jesus tem dado motivo a muita controvérsia desde a antiguidade: quem era a "geração perversa e incrédula" com a qual Ele parecia ter-se impacientado?

Os discípulos nunca foram chamados de perversos nem incrédulos, embora ainda tivessem pouca fé. Eles ainda tinham muito que aprender, e não sabiam ainda discernir os espíritos, sendo este de uma espécie mais difícil de expulsar.

A condição essencial para que Deus possa operar em nossa vida, e ainda fazer milagres, é que creiamos em seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Não se trata de crer que Deus pode fazer milagres, ou de ter grande fé na operação de milagres por seus servos. É a fé salvadora provada pela conversão e rendição a Ele.

O pobre pai do menino, pronto a fazer qualquer coisa para libertá-lo do seu opressor, exclamou "Eu creio, Senhor! Ajuda-me a minha incredulidade!" (Marcos 9.24).

O Senhor Jesus não se fez mais esperar e, misericordioso, imediatamente ordenou ao espírito que saísse do menino. E ele saiu, não sem primeiro dar mais uma demonstração da sua maldade.

Os discípulos ainda estava curiosos por saber a razão por que não haviam podido expulsar aquele demônio, e pediram mais tarde, quando estavam a sós, que o Senhor lhes explicasse.
Ele lhes deu duas razões:
  1. A fé deles era pequena demais.
  2. Aquela espécie de demônio só saia pela oração e pelo jejum.
Se tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, eles poderiam mover aquele monte. O grão de mostarda era o menor que conheciam (Marcos 4.31) e, decerto, este era um ditado popular para indicar a coisa menor que se pudesse imaginar. A pequena fé que move o alto monte era uma parábola.

A fé deles não tinha substância, logo era inoperante. Eles tinham muito que aprender ainda até que compreendessem a realidade do Messias, a sua missão salvadora, e o verdadeiro caráter da missão que tinham que desempenhar como Suas testemunhas.

Por enquanto, eles confiavam apenas na autoridade que Ele lhes dera anteriormente, durante a sua missão de pregar o Reino aos judeus. Essa missão havia terminado, e eles não tinham competência para continuar a fazer mais milagres.

Ao invés de procurar expulsar esse demônio com os poderes que haviam recebido, eles tinham que interceder junto a Deus, com oração e jejum, para que Ele lhes concedesse o pedido. O Senhor Jesus disse, em outra ocasião que, quando Ele fosse para o céu, os discípulos deveriam pedir tudo em seu nome ao Pai (João 14.13).

Jesus não estava condenando os discípulos por terem uma fé abaixo do padrão; estava apenas mostrando a importância da fé para um futuro ministério. Se você estiver enfrentando um problema que pareça ser tão grande e irremovível como uma montanha, afaste os seus olhos do problema e busque a Cristo para obter mais fé. Somente assim será possível superar os obstáculos que estiverem em seu caminho.