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A CURA DO ENDEMONINHADO MUDO

"E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios."
(Mateus 9.32-34; Lucas 11.14).


Será que estamos protegidos contra todo perigo espiritual e toda tentação? Os numerosos exorcismos de Jesus trazem liberdade a muitos que foram perturbados e oprimidos pela ação do espírito do mal. Estes milagres, acima de todo poder do homem, exige fé em Jesus como “o enviado do Pai”. Expulso o demônio, o mudo falou. Os Fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”. Há, portanto, os que o  rejeitam e chegam a atribuir este poder de Jesus como proveniente do príncipe dos demônios.

Jesus não se altera diante de tais acusações e “nos ensina, diz s. João Crisóstomo, a responder aos nossos caluniadores não com outras injúrias, mas com benefícios ainda maiores”. E olhando a multidão, cansada e abatida, tem compaixão dela. Não há quem a conduza e a revigore: “São como ovelhas sem pastor”. Por isso, exorta à oração, pois a messe é grande e os operários são poucos. “A messe, observa Orígenes, indica os que estão aptos a praticar a fé, os operários são os que ensinam segundo o Evangelho”. S. Jerônimo acrescenta: “para falar mais claramente, a messe abundante representa todo o povo dos fiéis. Mas poucos são os operários, isto é, os apóstolos e os seguidores dos que são enviados à messe”.

A obra de Jesus continua através dos Apóstolos e também de seus seguidores, pois o divino Mestre lhes confere o poder de expulsar os demônios. Todos expressam a divina compaixão do Mestre. De fato, o Reino de Deus se torna presente e a misericórdia divina derrama perdão e bondade em cada coração. “O homem forte foi ligado, escreve s. Hilário, quando o Senhor o chamou “Satã”, que é o nome próprio da maldade. E tendo vencido Satã, Cristo retoma seus despojos, isto é, nós mesmos, que éramos as armas do diabo”. S. Agostinho exorta: “não deves se aproximar do demônio pelos desejos mundanos, e que ele não ouse se aproximar de ti. Ele pode ladrar, provocar, mas não pode morder, a menos que tu queiras. Pois ele  não leva ao mal de modo forçado, mas sim por persuasão: ele não extorque nosso consentimento, ele o suplica”.

Enquanto Jesus viveu na terra, as forças demoníacas pareciam especialmente ativas. Embora nem sempre não possamos saber o motivo ou o modo como se deu a possessão demoníaca, sabemos que ela acarreta problemas físicos e mentais.

Aqui foram relatadas quatro acusações dos fariseus contra Jesus: blasfemar, fazendo-se Deus; associar-se aos párias; cometer impiedade e servir a Satanás. Mateus mostrou como Jesus foi difamado por aqueles que deveriam tê-lo recebido da forma mais alegre possível. Por que os fariseus agiram deste modo? (1) Jesus não se sujeitou à autoridade religiosa deles, sobrepujou-a; (2) enfraqueceu o controle que esse grupo religioso tinha sobre o povo; (3) desafiou as convicções mais estimadas pelos fariseus; (4) e expôs a falta de sinceridade nas motivações deles.