Todas as pessoas, conscientes ou inconscientemente, procuram fazer a vontade de Deus, ainda que seguindo na contramão. Sempre que perguntamos a alguém se ela fará algo ou irá a algum lugar, a resposta é: "Se Deus quiser." Mas, como sabem se
Ele quer ou não? Qual é o critério usado na decisão?
Muitos não saem de casa sem consultar o horóscopo, outros procuram videntes, vão ler a mão, não faltam os que abrem a Bíblia, colocam o dedo num versículo, leem, e pensam, esta é a vontade de Deus para aquele dia ou para aquela decisão.
Disse
alguém muito acertadamente que: "Como a lei natural, a espiritual está
destinada por Deus a cumprir aquilo para qual foi criada. A ignorância não faz
cessar sua operação. Se alguém desconhece a lei da gravidade e salta de uma
janela, cairá e se espatifará no chão.
Esse pode ser um caso de destruição por
falta de conhecimento." E Oséias 4:6 diz: "O
meu povo é destruído porque lhe falta o conhecimento".
Como explicado, o fato de você não conhecer a vontade de Deus, não será razão para livrá-lo do castigo. E pior ainda será conhecer a vontade de Deus e não se submeter a ela.
Como explicado, o fato de você não conhecer a vontade de Deus, não será razão para livrá-lo do castigo. E pior ainda será conhecer a vontade de Deus e não se submeter a ela.
Esta
afirmação pode ser confirmada na parábola do servo vigilante registrada em
Lucas 12:47-48 que diz:
"O servo que soube
a vontade de seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade,
será castigado com muitos açoites. Mas o que não a soube, e fez coisas dignas
de açoites, com poucos açoites será castigado. A qualquer que muito for dado,
muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá”.
Parece
mesmo que o melhor, é conhecer a vontade de Deus e submeter-se a ela. Um fato,
porém que chama a atenção é que na maior parte das vezes, nós até queremos
conhecer a vontade de Deus para certas situações, mas quando descobrimos, não a
aceitamos e decidimos fazer a nossa própria vontade. Há o que chamo de um
desejo receoso em se conhecer a vontade de Deus. Quando vamos buscar a sua vontade,
já vamos com a predisposição em fazer a nossa própria vontade.
Ilustremos
isto com um texto bíblico que está em Jeremias 42:1-6. Este texto é a
ilustração perfeita, pois além de ser muito curioso e engraçado, mostra com
perfeição o que acontece conosco quando buscarmos conhecer a vontade de Deus.
"Então chegaram
todos os oficiais dos exércitos, Joanã, filho de Careá, Jezanias, filho de
Hosaías, e todo o povo, desde o menor até o maior, e disseram a Jeremias, o
profeta: Caia a nossa súplica diante de ti, e roga por nós ao Senhor teu Deus,
por todo este resto. Pois de muitos restamos uns poucos, como vêem os teus
olhos. Ora para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde havemos de
andar, e aquilo que havemos de fazer. Respondeu-lhes Jeremias, o profeta: Eu
vos ouvi. Certamente orarei ao Senhor vosso Deus conforme as vossas palavras;
eu vos declararei o que o Senhor responder, e não vos ocultarei nada. Então
disseram a Jeremias: Seja o Senhor testemunha verdadeira e fiel contra nós, se
não fizermos conforme toda a palavra com que te enviar a nós o Senhor teu Deus.
Seja ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos,
obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à voz do Senhor nosso Deus”.
Por
desobedecer à vontade de Deus, que conheciam bem, e apesar das oportunidades e
solenes avisos dados por Deus através dos profetas (que em sua maioria foram
ignorados, desprezados e mortos), é que o povo de Israel fora derrotado e se
tornara cativo da Babilônia.
Muitos
foram mortos, outros levados como escravos para Babilônia. A cidade, os muros,
o Templo, foram destruídos, saqueados e incendiados (Jeremias 39 e 40). Somente
os mais pobres foram deixados pelo rei Nabucodonosor na terra de Judá, sob o
governo de Gedalias, para cultivar a terra e viver nela.
Algum
tempo depois houve uma rebelião, e Gedalias, com diversos soldados babilônicos,
que haviam sido deixados lá pelo rei, bem como várias outras pessoas, foram
cruelmente assassinados. Após o fim da rebelião o medo tomou conta dos que
sobraram, eles não sabiam qual seria a reação do rei ao saber do massacre de
seus soldados e do governador que ele havia designado.
Ficaram
sem saber o que fazer: Se deviam ficar e tudo seria esclarecido; ou, se fugiam
para o Egito em busca de proteção. Então, procuraram Jeremias e pediram que
orasse a Deus e lhes informasse qual era a melhor decisão a tomar na atual
situação, e afirmaram que, ainda que não gostassem da resposta, obedeceriam.
Parecia tudo perfeito, agora era só esperar e confiar em Deus. Jeremias faz o
que lhe pediram. Consulta a Deus, Deus responde, e ele vai dar a resposta ao
povo.
Qual
não foi sua surpresa. Eles não acreditaram em Jeremias e ainda o acusaram de
mentiroso e trapaceiro. Não aceitaram a vontade de Deus e decidiram o que já
estavam mesmo querendo fazer, fugir para o Egito em busca de proteção.
O
fim da história é completamente trágico. Eles dão com os burros n'água. Se tão
somente tivessem aceitado a vontade de Deus teriam sido poupados. O rei
entenderia a sua situação, veria que eram inocentes e não os castigaria. Indo
para o Egito, inflamaram ainda mais a fúria do rei, que entendeu isto como
sendo uma rebelião, e sendo mais poderoso, invadiria o Egito e destruiria a
todos que lá estivessem (Jeremias 42 e 43)
Ficam
aqui algumas interrogações que se aplicam perfeitamente bem a cada um de nós
hoje: Eles realmente queriam saber qual era a vontade de Deus? Se estavam se
dando mal por causa da sua infidelidade e desobediência a Deus, não estava na
hora de aprender com o erro e demonstrar arrependimento e desejo de acertar? O
Senhor certamente lhes perdoaria e os faria prosperar. Por que persistir e
insistir no erro da desobediência? Por que insistir em fazer a própria vontade
se a de Deus era a melhor para eles mesmos? É muito diferente hoje?
Alguns
princípios aqui se destacam:
Primeiro, diante da trágica situação e da
difícil decisão, eles precisavam crer que a vontade de Deus era a melhor, ainda
que a deles parecesse mais razoável.
Segundo, Deus revela a sua vontade, mas nós
devemos estar dispostos a aceitá-la e a querer cumpri-la.
Terceiro, deixar de fazer a vontade de Deus é
fazer mal para si mesmo.
Quase
somos levados a crer que, toda vez que temos de escolher entre dois caminhos, o
que mais nos agrada; o que mais nos parece aprazível; o que mais nos atrai; é
sempre o errado e o contrário à vontade de Deus.
Seria
este um princípio bíblico? A vontade de Deus é sempre inversa à nossa? A
vontade de Deus é sempre a mais dolorosa, a menos atrativa, a mais difícil?
Você está disposto a descobrir? Uma coisa eu te garanto e posso afirmar, ela
será sempre a melhor.
Eu
me ponho a pensar: Jeremias, esse grande profeta de Deus, não foi bem sucedido
em mostrar ao povo qual era a vontade de Deus. Eles não deram atenção à sua
mensagem e ainda o difamaram e caluniaram. Terão maior sucesso os profetas de
hoje? Quem sabe um semelhante ou pior destino? Deus o sabe.
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