Apenas para ilustrar, vamos fazer uma
rápida classificação dos sermões que mais atrapalham o culto. Se você frequenta
igreja há vários anos, é provável que já se tenha encontrado com alguns desses
sermões mais de uma vez. A seguir, descrevem-se os tipos de sermão que
atrapalham o culto.
2) O sermão insípido – Esse sermão pode até ter uma linguagem mais moderna e um tom de voz melhor, mas não tem gosto e é duro de engolir. As ideias são pálidas, sem nenhum brilho que as torne interessantes. Muitas vezes é um sermão sobre temas profundos, porém sem o sabor de uma aplicação contemporânea, ou sem o bom gosto de uma ilustração. É como se fosse comida sem sal. É como pregar sobre as profecias de Apocalipse, por exemplo, sem mostrar a importância disso para a vida prática. O pregador não tem o direito de apresentar uma mensagem insípida, porque a Bíblia não é insípida. O pregador tem o dever de explorar as belezas da Bíblia, selecioná-las, pois são tantas, e esbanjá-las perante a congregação.
3) O sermão óbvio – É aquele sermão que diz apenas o que todo mundo já sabe e está cansado de ouvir. O ouvinte é quase capaz de "adivinhar" o final de cada frase de tanto que já ouviu. É como ficar dizendo que roubar é pecado ou que quem se perder não vai se salvar (é óbvio). Isso é uma verdade, mas tudo o que se fala no púlpito é verdade. Com raras exceções, ninguém diz inverdades no púlpito. O que falta é apenas revestir essa verdade de um interesse presente e imediato.
4) O sermão indiscreto – É
aquele que fala de coisas apropriadas para qualquer ambiente menos para uma
igreja, onde as pessoas estão famintas do pão da vida. Às vezes, o assunto é
impróprio até para outros ambientes. Certa ocasião ouvi um pregador descrever o
pecado de Davi com Bate-Seba com tantos detalhes que quase criou um clima
erótico na congregação. Noutra ocasião, uma senhora que costumava visitar a
igreja confessou-me que perdeu o interesse porque ouviu um sermão em que
noventa por cento do assunto girava em torno dos casos de prostituição da
Bíblia, descritos com detalhes. E acrescentou: "Achei repugnante. Se eu
quiser ouvir sobre prostituição, ligo a TV". De outra vez, um amigo me
contou de um sermão que o fez sair traumatizado da igreja, pois o pregador
gastou metade do tempo relatando as cenas horrorosas de um caso de estupro. Por
favor, pregadores: o púlpito não é para isso. Para esse tipo de matéria existem
os noticiários policiais.
5) O sermão reportagem – É aquele que fala de tudo, menos da Bíblia. Inspira-se nas notícias de jornais, manchetes de revistas e reportagens da televisão. Parece uma compilação das notícias de maior impacto da semana. É um sermão totalmente desprovido do poder do Espírito Santo e da beleza de Jesus Cristo. É uma tentativa de aproveitar o interesse despertado pela mídia para substituir a falta de estudo da Palavra de Deus. Notícias podem ser usadas esporadicamente para rápidas ilustrações, nunca como base de um sermão.
6) O sermão de marketing – É aquele usado para promover e divulgar os projetos da igreja ou as atividades dos diversos departamentos. Usar o púlpito, por exemplo, para promover congressos, divulgar literatura, prestar relatórios financeiros ou estatísticos, ou fazer campanhas para angariar fundos, seja qual for a finalidade, destrói o verdadeiro espírito da adoração e, portanto, atrapalha o culto. A Igreja precisa de marketing, e deve haver um espaço para isso, mas nunca no púlpito. Isso deve ser feito preferivelmente em reuniões administrativas.
7) O sermão metralhadora – É usado para disparar, machucar e ferir. Às vezes a crítica é contra um grupo com ideias opostas, contra administradores da igreja, contra uma pessoa pecadora ou rival ou mesmo contra toda a congregação. Seja qual for o destino, o púlpito não é uma arma para disparar contra ninguém. Às vezes o pregador não tem a coragem cristã de ir pessoalmente falar com um membro faltoso e se protege atrás de um microfone, onde ninguém vai refutá-lo, e dispara contra uma única pessoa, sob o pretexto de "chamar o pecado pelo nome". Resultado: a pessoa fica ferida, todas as outras, famintas, e o sermão não ajuda em nada.
Às vezes o disparo é contra um grupo de adultos ou de jovens supostamente em pecado. Não é essa a maneira de ajudá-los. Convém ressaltar que chamar o pecado pelo nome não é chamar o pecador pelo nome. Chamar o pecado pelo nome significa orar com o pecador e se preciso chorar com ele na luta pela vitória. A congregação passa a semana machucando-se nas batalhas de um mundo pecaminoso e de uma vida difícil e chega ao culto precisando de remédio para as feridas espirituais, não de condenação por estar ferida. Em vez de chumbá-la com uma lista de reprovações e obrigações, o pregador tem o dever santo de oferecer o bálsamo de Gileade, o perdão de Cristo como esperança de restauração. As obrigações, todo mundo conhece. Nenhum cristão desconhece os deveres do evangelho. Em vez de apenas dizer que o cristão tem de ser honesto, por exemplo, mostre-lhe como ser honesto pelo poder de Cristo. Isso é pregação com poder.
Todos esses sermões mencionados acima atrapalham o culto mais do que ajudam. Prejudicam o adorador, prejudicam a adoração. São vazios de poder. Se você quer ser um pregador de poder, busque a Deus, gaste dezenas de horas no estudo da Bíblia antes de pregá-la, experimente o perdão de Cristo e estude os recursos da comunicação que ajudam a chegar ao coração das pessoas.
(fonte: A Arte de Pregar – A Comunicação na Homilética. Robson Moura Marinho. VIDA NOVA, 1999. 192 p. p. 20-23.)
o último é dos mais usados em certos casos. é uma forma incorreta e pouco eficaz de abordagem, sendo ainda desconsiderado por quem não "veste a carapuça" (se não motivo de curiosidade, o que seria pior, por disseminar intrigas). BENÍCIO VIEIRA, auditor e contador - BH
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