Em espírito
“O que é nascido da carne, é carne, mas o que é nascido do Espírito é espírito” ( João 3:6 )
Pelo fato de os homens serem descendentes de Adão são designados carnais. Além de possuírem um corpo constituído de carne, a natureza dos homens sem Deus é designada ‘carnal’.
O que é ser carnal? ‘Carnal’ refere-se à natureza decaída, alienada de Deus, que foi herdada de Adão. Quem é carnal, ou seja, descendente na carne de Adão não pode agradar a Deus. Esta é uma condição intrínseca a natureza herdada de Adão. Por mais que uma pessoa tenha intenção e vontade de adorar a Deus, e não é nascida de novo, conforme o que propõe a mensagem do evangelho, não poderá agradar a Deus (Romanos 8:8).
Por ser gerada de Adão a tendência nata da carne é a morte. Quando falamos da tendência da carne como sendo morte, não nos referimos à morte física do homem, antes à alienação (separação) de Deus (Romanos 8:7).
Porém, do mesmo modo que os nascidos de Adão são carnais, os nascidos segundo o último Adão são espirituais. Ora, do mesmo modo que o Espírito Eterno, que fez ressurgir o Cristo dentre os mortos, ele fez ressurgir os que creem e habita neles (Romanos 8:9).
Pelo fato de os cristãos terem o Espírito de Cristo, isto indica que também são filhos de Deus, portanto, espirituais. Todos quantos são nascidos de Deus (Espírito) são filhos de Deus (espírito).
Em verdade
“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 João 5:20).
O apóstolo João é claro ao demonstrar que Cristo é verdadeiro. Além dos cristãos terem ciência de que o Filho de Deus veio em carne, foi concedido também o entendimento (revelação) para que os cristãos passassem a estar unidos a Cristo.
A ideia da palavra ‘conhecer’ empregada pelo apóstolo neste versículo é ‘estar unido a…’, ‘em comunhão com…’, ‘um só corpo’. Quando lemos que conhecemos a Deus, ou antes, que Ele nos conheceu, é o mesmo que dizer que estamos em plena comunhão com Ele (Gálatas 4:9).
Quando o homem sem Deus alcança o entendimento através da mensagem do evangelho, passa a conhecer (comunhão) o que é verdadeiro, ou seja, deixa a condição de mentira e passa a compartilhar da verdade. João, ciente desta maravilhosa verdade, anuncia: “… no que é verdadeiro estamos…”, ou seja, estar ‘em Cristo’ é o mesmo que estar ‘em verdade’.
A condição ‘em verdade’ é proveniente de uma nova criação, como bem assevera o apóstolo Paulo: “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:24). O novo homem é criado por Deus ‘em verdadeira’ justiça e santidade. É por isso que todo aquele que está ‘em Cristo’ é uma nova criatura.
Muitos gramáticos são unânimes em reconhecer que a sintaxe e o estilo dos escritores do Novo Testamento possuem características que são próprias e exclusiva do evangelho. Vale salientar uma destas características, pois ela ajudará na composição da ideia ’em verdade’.
A frase preposicional ’em Cristo’ no grego é um uso específico do dativo. Como é sabido, antes dos escritores do Novo Testamento não há registro de que alguém dentre os gregos tenha utilizado o dativo preposicionado para expressar ideias como ’em Platão’, ’em Sócrates’, etc. Somente no Novo Testamento encontramos frases com este uso específico do dativo.
A nova criatura resulta de uma nova criação de Deus. A nova criação é feita em verdadeira justiça e santidade. Cristo é a verdade, e todos que estão em Cristo são igualmente verdadeiros, porque no que é verdadeiro os que creem estão (1 João 5:20).
Com base no que analisamos, adorar ‘em verdade’ é o mesmo que estar em comunhão com Cristo. Ou seja, não se refere à atitude do adorador, ou ao ambiente que o adorador se encontra, antes diz da condição da nova criatura.
Adorar em espírito e em verdade
Muitos pensam que para adorar a Deus é necessário estar em um templo cercado de pessoas em atitude reverente. Para elas é preciso um momento de concentração, reforçado com meditação, rezas e orações. É o que chamam de ambiente propício. Este ambiente geralmente surge de um envolvimento emocional promovido pela expectativa de milagres, profecias, manifestações etc.
Consideram que adorar a Deus em espírito e em verdade é fruto da emoção, da vontade e do intelecto do homem. Para eles adoração sem emoção, ou sem intelecto não é adoração, e é possível adorar em verdade sem ter nascido do Espírito, ou adorar em espírito sem ter nascido da verdade.
A Bíblia demonstra que, se o homem adora em espírito, concomitantemente ele está na verdade, e se adora em verdade é porque vive em Espírito! Adoração não é um estilo de vida como apregoam. Adorar em espírito e em verdade só é possível quando se conhece a Deus, ou seja, quando Deus passa a habitar no homem “O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (João 14:17).
Quando é que o homem passa a estar em Deus e Deus no homem, fazendo morada? (1 Coríntios 3:16). Somente após crer na mensagem do evangelho “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Efésios 1:13).
Muitos se escudam no legalismo, outros no formalismo, sem nos esquecermos dos tradicionalistas. Os emocionalistas acusam os racionalistas, e surgem inúmeras forma de fanatismos. Porém, todos se esquecem que somente os nascidos de novo podem adorar a Deus em espírito e em verdade.
Quando o homem nasce de novo através da mensagem do evangelho, não há um tempo ou lugar específico para adorar. Os verdadeiros adoradores adoram em todo tempo e em todos os lugares.
- Um verdadeiro adorador não está vinculado a templos, pois é templo e morada do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16);
- Um verdadeiro adorador não necessita de sacrifícios, pois é sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Romanos 12:1);
- Um verdadeiro adorador oferta a Deus sacrifício de louvor, ou seja, o fruto dos lábios que professam a Cristo (Hebreus 13:15);
- Um verdadeiro adorador não precisa de intermediário, pois exerce sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais a Deus (1 Pedro 2:5);
- Um verdadeiro adorador não precisa de tempo específico, pois o momento da adoração foi estabelecido quando Cristo chegou entre os homens, em que os verdadeiros adoradores adoram em espírito e em verdade (João 4:23).
Em suma: para adorar em espírito e em verdade é preciso crer no que anunciou os profetas: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós um coração novo e um espírito novo (…) Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (Ezequiel 18:31; 36:25-27).
A nova criatura, ou o novo homem em Cristo é gerado de Deus para a sua glória (João 1:12). Deus cria, forma e faz o novo homem em verdadeira justiça e santidade para a sua própria glória “A todos os que são chamados pelo meu nome e os que criei para a minha glória, os formei, e também os fiz” (Isaías 43:7). Somente os nascidos da água e do Espírito, ou seja, da verdade e do Espírito são capazes de adorar a Deus em espírito e em verdade, pois estes foram criados para louvor da glória de Deus, ou seja, adoração verdadeira (Efésios 1:6, 12, 14).
O verdadeiro louvor e adoração são provenientes da obra criada por Deus (nova criatura), pois quem dentre as suas criaturas poderá acrescentar honra, glória e louvor a Deus? É por isso que Deus faz todas as coisas para louvor de sua glória!
Fonte: Estudos bíblicos teológicos evangélicos.
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