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Provérbios 23 – Comidas enganosas

O alerta deste Provérbio, para não se deixar levar pela aparência de quem está em eminência (governador), antes, que se deve atentar para a comida enganosa servida à mesa.

Para compreender a essência desse provérbio: “QUANDO te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante de ti” (Pv 23:1), é imprescindível ter em mente o objetivo do Livro dos Provérbios, que consta nos primeiros versos do livro:

“Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel; Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem, as palavras da prudência. Para se receber a instrução do entendimento, a justiça, o juízo e a equidade; Para dar aos simples, prudência e aos moços, conhecimento e bom siso; O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento e o entendido adquirirá sábios conselhos; Para entender os provérbios e sua interpretação; as palavras dos sábios e as suas proposições” (Pv 1:1-6).

Esses versos demonstram que os provérbios de Salomão têm por objetivo capacitar seus leitores a:

  1. Conhecerem a sabedoria;
  2. Entenderem as palavras da prudência;
  3. Receberem a instrução e entenderem a justiça, o juízo e a equidade;
  4. Tornarem os simples prudentes e os de idade tenra, sábios e de bom siso;
  5. Crescerem em conhecimento e quem compreender, ter sábios conselhos e;
  6. Entenderem os provérbios, as parábolas e os enigmas (proposições) dos sábios.
  7. Através dos Provérbios, o leitor adquire o conhecimento necessário que possibilita entender as proposições e os enigmas anunciados pelos profetas no Antigo Testamento, bem como as parábolas inseridas nas exposições de Cristo no Novo Testamento, visto que, sem parábolas Cristo nunca falava ao povo (Mc 4:34).

No verso 6 do capítulo 1 do Livro de Provérbios, está consubstanciado que o Livro serve para se entender os provérbios e sua interpretação, as palavras dos sábios e seus enigmas.

Ora, é assente que Cristo Jesus era sábio e, na condição de mestre, propunha diversas parábolas ao povo, portanto, para compreender a doutrina de Jesus, é imprescindível conhecer o Livro dos Provérbios (Pv 1:6).

Jesus respondia com palavras de verdade todos os que se achegavam a Ele e Ele mesmo afirmou que tudo que aprendeu foi prescrito pelo Pai (Jo 8:28). Quando e como o Pai prescreveu tudo o que o Filho haveria de falar? Resposta: na Bíblia, através da Lei, dos Profetas, dos Salmos e dos Provérbios.

O Provérbio, a seguir, ilustra bem essa verdade:

“Porventura não te escrevi excelentes coisas, acerca de todo conselho e conhecimento, para fazer-te saber a certeza das palavras da verdade e, assim, possas responder palavras de verdade aos que te consultarem?” (Pv 22:20-21).

Ora, Deus deixou registrado para o Cristo instruções específicas nos Provérbios, Salmos, Profetas e na Lei e uma delas era: não aceitar as pessoas pela aparência ou, pela sua posição. Nos Salmos há uma instrução que descreve a condição dos homens: “Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas e não sabem quem as levará” (Sl 39:6).

O verso 6, do Salmo 39, descreve a realidade espiritual da humanidade, através de figuras e enigmas que são utilizadas, várias e várias vezes, por toda as Escrituras, o que demanda o conhecimento contido no Livro dos Provérbios para compreende-las.

É em função da instrução das Escrituras, que Jesus não julgava os homens segundo a aparência e não aceitava ninguém segundo a aparência, nem mesmo os filhos de Israel, visto que os Salmos não excetuavam o homem judeu da vã aparência, quer sejam homens judeus da plebe ou, um líder político ou, o chefe da religião.

“E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens” (Mt 22:16).

“Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (Jo 7:24).

O CUIDADO DE DEUS

Qual adágio ou enigma consta nesse provérbio?: “Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante de ti” (Pv 23:1).

O apóstolo Paulo, ao citar um provérbio que consta na lei de Moisés, fez a seguinte observação: – ‘É de bois que Deus tem cuidado’?

“Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura, tem Deus cuidado dos bois?” (1 Co 9:9).

Em seguida, o apóstolo dá a resposta: – ‘Ou não o diz, certamente, de nós’? Quando dizemos: “É necessário dar nome aos bois”, percebe-se de imediato que a fala não está tratando de animais, mas de homens.

O apóstolo Paulo, ao ler na lei mosaica, um Provérbio, visualizou o cuidado que Deus dispensa para com o homem. A lei expressa o cuidado de Deus, sem dar as consequências nefastas para quem desobedecê-lo. Já, os Provérbios, apresentam o motivo de ter sido estabelecida à determinação divina e as consequências para quem não se sujeita à determinação divina.

O Provérbio na Lei, utiliza a figura do boi, para destacar o direito de alguém, quando fosse preso por um crime e sujeito à pena de chibatadas, mas, não era de bois que Deus estava cuidando, ou seja, o Provérbio foi utilizado para ilustrar e auxiliar a compreensão da lei.

Na lei estava estabelecido o direito de um condenado não ser chicoteado, além do máximo instituído, que era quarenta açoites. Ultrapassar o limite imposto era aviltar o apenado (Dt 25:2-4). O provérbio foi utilizado para evidenciar o direito de um condenado e o apóstolo Paulo citou o provérbio em defesa do seu apostolado.

Um direito não deve ser lesado, não importando de quem fosse o direito, mesmo que o de um ladrão! Foi Deus que instituiu a pena, para cuidar de uns e disciplinar outros e o provérbio evidenciava o cuidado de Deus para com os homens.

O HOMEM DE POSIÇÃO

O termo hebraico traduzido por governador é מָשַׁל (mashal) e significa reger, reinar, governar, dominar etc.

O Pregador era rei em Israel e o alerta parece estar direcionado para os filhos de Jacó.

No entanto, o Livro dos Provérbios possui caráter instrutivo ao Filho de Deus (Pv 23:15), que viria dos judeus. O alerta estampado no Capítulo 23 não é diferente, pois é um alerta de Deus para o Cristo e o tema abordado iniciou no verso 19 do capítulo 22 de Provérbios: “Para que a tua confiança esteja no SENHOR, faço-te sabê-las hoje, a ti mesmo” (Pv 22:19).

Como o povo de Israel estava acostumado a prestigiar suas autoridades religiosas, segundo os seus próprios interesses, esse Provérbio constitui um alerta ao Filho de Deus, para não atentar para a aparência dos que estivessem em eminência.

Jesus foi instruído por Deus através das Escrituras e por meio das Escrituras era possível ao povo de Israel mensurar se o que Jesus falava era a doutrina de Deus ou, não.

“Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus ou, se eu falo de mim mesmo” (Jo 7:17).

Várias vezes Jesus demonstrou que foi instruído por Deus com um conhecimento específico que depreendeu das Escrituras:

“Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar” (Jo 12:49).

“E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito” (Jo 12:50).

“Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou” (Jo 8:28).

A COMIDA DO GOVERNADOR

“Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante de ti, e se és homem de grande apetite, põe uma faca à tua garganta. Não cobices as suas iguarias, porque são comidas enganosas (…) Não comas o pão daquele que tem o olhar maligno, nem cobices as suas iguarias gostosas” (Pv 23:3 e 6).

O alerta deste Provérbio para não se deixar levar pela aparência de quem está em eminência, antes que se deve atentar para o que é posto à mesa. O alerta não se refere ao alimento natural, antes se refere à doutrina ensinada pelos líderes de Israel, pois o que ensinavam não era o mandamento de Deus, mas, mandamento de homens.

“Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição” (Mc 7:7-9).

A profecia do Salmo 141 retrata a preocupação de Cristo em não comer das delícias dos que (obreiros) praticam a iniquidade, homens que se alimentam do povo de Deus, como se fosse pão (Sl 53:4).

“Põe, ó SENHOR, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios. Não inclines o meu coração a coisas más, a praticar obras más, com aqueles que praticam a iniquidade; e não coma das suas delícias” (Sl 141:3-4).

A oração é para que Deus livrasse a sua boca, os seus lábios do engano, ou seja, das delícias dos iníquos. Por não atentar para os manjares de quem estava em eminência, nunca houve na boca de Cristo o engano (Is 53:9).

“Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios ficará satisfeito” (Pv 18:20).

Antes de destacar que os fariseus ensinavam doutrinas de homens, Jesus faz referência à palavra de Isaías: “E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mc 7:6).

Ora, há muito o profeta Moisés disse: “… o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem” (Dt 8:3), evidenciando a importância de não desprezarem a palavra de Deus, o verdadeiro pão que dá vida.

A instrução, segundo a doutrina de Deus era para ser repetida constantemente ao povo, algo perene, no entanto, muitos líderes que sucederam o profeta Moisés, além de prevaricarem como intérpretes, se assenhoraram do povo, impondo mandamentos de homens.

“Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva” (Dt 32:2).

“Não terão conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo, como se comessem pão e não invocam ao SENHOR?” (Sl 14:4).

“Assim diz o Senhor DEUS: Basta já, ó príncipes de Israel; afastai a violência e a assolação e praticai juízo e justiça; tirai as vossas imposições do meu povo, diz o Senhor DEUS” (Ez 45:9).

A comida enganosa de que trata o livro de Provérbio não diz de frutas de isopor ou parafina, confeccionadas para enfeitar os palácios, nem as comidas cinematográficas, utilizadas em teatros e filmes. Comida enganosa, diz do pão da mentira, do engano de homens fraudulentos, que faz o povo se desviar da verdade.

“Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade” (Tt 1:14).

O homem de aparência (governador) serve palavras de engano, ou seja, coloca à mesa comida enganadora, pão de mentira: 

“Não cobices as suas iguarias porque são comidas enganosas (…) Não comas o pão daquele que tem o olhar maligno, nem cobices as suas iguarias gostosas” (Pv 23:3 e 6).

A comida enganadora que o homem poderoso serve como manjar (Pv 23:1-2), é o pão daquele que tem os olhos malignos, homens que meditam a violência e os lábios falam enganos (Pv 23:6-7 e Pv 24:1-2).

O fermento (doutrina) do pão dos fariseus é um exemplo de palavras de mentiras, manjares postos à mesa por quem estava em posição de liderança, assentados na cadeira de Moisés: “Então compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus” (Mt 16:12).

Na sua doutrina, Jesus não se ocupou em prescrever quais alimentos o homem pode ou não comer, pois, o alimento cotidiano, que entra pela boca, desce para o ventre e depois é lançado fora, portanto, não contamina o homem. Observe que Jesus incluiu todos os alimentos, quando disse: – ‘… tudo o que entra pela boca desce para o ventre’.

“E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola. Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender? Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem” (Mt 15:15-20).

Já, as doutrinas dos homens, repousam sobre comer, beber, festas, sábados, luas, casamento etc. Da doutrina dos homens surgem os julgamentos, as comparações, as dissensões, o controle etc., sob o pretexto de estarem rendendo graças a Deus.

“Proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças” (1 Tm 4:3).

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer ou, pelo beber ou, por causa dos dias de festa ou, da lua nova ou, dos sábados (…) As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas, não são de valor algum, senão para a satisfação da carne” (Cl 2:16 e 23).

Jesus disse aos discípulos para se guardarem do fermento dos fariseus, pois, o fermento do pão dos fariseus é a comida enganosa da mesa do governador.

É com essa visão que Jesus evidencia que o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas, o que sai da boca. Jesus estava apresentando uma análise, além da perspectiva natural do homem. Jesus não estava tratando de intoxicação alimentar ou, de problemas de ordem sanitária. As considerações de Cristo não eram de ordem natural, mas, de questões espirituais.

Jesus estava considerando que o homem fala do que o coração está cheio e se o coração do homem é enganoso, só sairá da boca do homem mentiras e a mentira (engano) é o que contamina o homem.

Até mesmo os discípulos ficaram sem entender que o que contamina o homem não está no alimento, ou, em não lavar as mãos. Jesus esclarece que o alimento entra pela boca e é lançado fora, ou seja, não tem relação com o coração. Já, a palavra de engano é o que contamina o homem, pois ela entra no coração e o contamina.

O cuidado do homem deve centrar-se no alimento que entra no coração e não no alimento cotidiano:

“Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o interrogavam acerca desta parábola. E ele disse-lhes: Assim, também, vós estais sem entendimento? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora, ficando puras todas as comidas?” (Mc 7:17-19).

A instrução do Provérbio era para que o povo de Israel analisasse as palavras dos seus líderes. Não é porque alguém está em posição de destaque no templo ou, exercendo o sacerdócio ou, se diz profeta, que as suas palavras devem ser tidas como verdadeiras.

Toda e qualquer palavra deve ser julgada, por isso é imprescindível atentar para o que é ensinado, quando se assentar com alguém de destaque e não atentar para a pessoa, pela sua importância.

O que aconteceu com Israel, ocorre em nossos dias, pois os apóstolos alertaram, acerca de homens que são manchas nas festas de amor. Eles se assentam e participam da mesa, juntamente com os cristãos e posavam como líderes, mas apascentam a si mesmos, sem temor.

“Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco e apascentando-se a si mesmos, sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas” (Jd 1:12).

O alerta chega à Igreja, pois há líderes que se deleitam em seus manjares enganosos e se banqueteiam com os cristãos.

“Recebendo o galardão da injustiça; pois que, tais homens, têm prazer nos deleites quotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco” (2 Pd 2:13).

Se a comida do ilustre é comida enganosa, certo é que diante de alguém ilustre, a atenção deve focar-se no que ele fala, em outras palavras, é necessário provar os espíritos.

“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 Jo 4:1).

Por que a necessidade de se provar os espíritos? Porque muitos homens que alegam professar a Cristo, na verdade são inimigos da cruz de Cristo. Acerca desses homens, asseverou o apóstolo Paulo: o fim deles é a perdição e o Deus deles é o ventre (Fp 3:18).

Como se prova os espíritos? Assim como o paladar prova a comida e o ouvido prova as palavras!

“Porventura, o ouvido não provará as palavras, como o paladar prova as comidas?” (Jó 12:11).

Por que o ventre é o Deus deles? A resposta está no seguinte verso:

“Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios, ficará satisfeito. A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto” (Pv 18:20).

As palavras destes homens cujo Deus é o ventre, procura satisfazer os seus próprios anseios, só falam de coisas terrenas.

Comida, na Bíblia, quando utilizada como figura, refere-se a ensino, a mandamento, como se lê: “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4:34). Quando Jesus utilizou a comida para fazer referência à vontade de Deus, os seus discípulos não compreenderam a mensagem (Jo 4:33).

O apóstolo Paulo utiliza a figura da comida para lembrar aos cristãos que todos os filhos de Israel ouviram a palavra de Deus, que estabeleceu a Sua Aliança e um Testamento.

“E todos comeram de uma mesma comida espiritual. E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo” (1 Co 10:3-4).

A comida espiritual diz da aliança de Deus com Israel: “E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado, faremos e obedeceremos” (Êx 24:7).

Quando os filhos de Israel disseram: – ‘Tudo o que o Senhor tem falado, faremos e obedeceremos’, todos comeram da mesma comida espiritual, pois, quando ouviram o mandamento de Deus, se tornaram participantes da mesma aliança.

Em seguida, Moisés consagrou a aliança, aspergindo sobre o povo e sobre o livro da lei, o sangue de bezerros e dos bodes: “Por isso, também, o primeiro não foi consagrado sem sangue; Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo, todos os mandamentos, segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissopo, e aspergiu, tanto o mesmo livro, como todo o povo, Dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado” (Hb 9:19-20), de sorte que todos foram participantes da mesma ordenança.

Por fim, os filhos de Israel celebraram a aliança, comendo e bebendo: “E subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. E viram o Deus de Israel e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu, na sua claridade. Porém, não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus, comeram e beberam” (Êx 24:9-11).

O homem poderoso é aquele que não se gloria em Deus, o Senhor cuja bondade é para sempre (Sl 52:1). Em lugar de confiar no Senhor, confia na abundância das suas riquezas e busca prevalecer em seu mal intento.

O homem valente do Salmo 52 é o mesmo homem ímpio do Salmo 10:

“A tua língua intenta o mal, como uma navalha amolada, traçando enganos. Tu amas mais o mal do que o bem e a mentira, mais do que o falar a retidão. (Selá.) Amas todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta” (Sl 52:2-4);

“A sua boca está cheia de imprecações, de enganos e de astúcia; debaixo da sua língua há malícia e maldade” (Sl 10:7).

Os homens de posição em Israel haviam se desviado, pelos seus próprios caminhos. Sacerdotes, profetas, mestres, levitas, chefes das sinagogas etc., violavam os mandamentos de Deus: “Os seus profetas são levianos, homens aleivosos; os seus sacerdotes profanaram o santuário e fizeram violência à lei” (Sf 3:4).

São descritos como homens ímpios, que fazem o povo tropeçar, pois, comem o pão da impiedade e bebem o vinho da violência: “Porque comem o pão da impiedade e bebem o vinho da violência” (Pv 4:17).

Amós já havia demonstrado que os filhos de Israel rejeitaram a palavra de Deus e deixaram se enganar com as suas mentiras, as mesmas que os seus pais seguiram.

“Assim, diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá e por quatro, não retirarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR e não guardaram os seus estatutos, antes, se deixaram enganar por suas próprias mentiras, após as mesmas mentiras que andaram seus pais” (Am 2:4).

Bastava inclinarem os ouvidos à palavra de Deus, que comeriam o que é bom (Is 55:3), mas, o povo gastava o produto do seu trabalho no que não podia satisfazer: comida enganosa.

O que contamina o homem? O que sai da boca, pois o que sai da boca, procede do coração. Como o coração do homem é enganoso, certamente, que tudo o que disser, será segundo o seu coração: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17:9).

A Bíblia deixa claro que a boca apresenta o que há no coração, pois, a boca fala do que o coração está cheio, e o homem sente-se satisfeito com o que procedo dos seus próprios lábios: “Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios ficará satisfeito” (Pv 18:20).

  

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