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Parábola da semente

“O reino de Deus é como um homem que lança a semente na terra e, enquanto está dormindo ou acordado, de noite e de dia, a. semente brota e cresce sem ele saber como, porque a terra produz, por si mesma, primeiramente a erva, depois a espiga e por último o grão graúdo na espiga. E quando o fruto amadurece, logo lhe mete a foice, porque é chegado o tempo da ceifa.” (Marcos, 5:26-29).

A terra é, realmente, algo de maravilhoso.

Semelha um imenso laboratório, em cujo recesso os elementos da natureza passam pelos mais surpreendentes quimismos, convertendo-se em substâncias saborosas e nutritivas, de que o homem necessita para a formação e manutenção de seu corpo físico.

Basta que a semente lhe seja deitada no seio ubertoso para que, ao cabo de algum tempo, germine, cresça e frutifique.


Impelida por uma força inteligente, que escapa à compreensão humana, o germe se transforma em plântula; esta, ao mesmo tempo que deita raízes, organiza a haste com que fende a terra e vem saudar a luz. Aparece, então, aos olhos de todos, verde como a esperança; vai-se desenvolvendo mais ou menos rapidamente, segundo a sua espécie, até que um dia surgem as espigas, nas quais, afinal, repontam os preciosos grãos.

Depois, é só esperar que amadureçam ao calor do sol, proceder à ceifa e recolher os frutos nos celeiros.

A mesma força que determina os fenômenos da germinação, desenvolvimento e frutificação das plantas, fará, também, que o “reino de Deus” se instale na Terra, pelo triunfo do Evangelho.

A Lei de Amor, síntese de todas as leis divinas, lançada na Palestina através da palavra de Jesus, tendo caído em campo propício — o coração dos primeiros apóstolos — germinou, floresceu e produziu frutos a cento por um.

Transplantada, posteriormente, para outras regiões do planeta, continua a multiplicar-se, felicitando a um número cada vez maior de criaturas e dia virá em que essa felicidade há de cobrir a humanidade toda.

Há quem diga, ou por desconhecer a história da civilização, ou porque tenha a visão obliterada, que os homens nunca foram tão egoístas, odientos e corruptos como na atualidade. Isso, entretanto, não é a verdade.

Antes do Cristo, este mundo conheceu gênios e sábios extraordinários, a exemplo de Alexandre Magno, Fídias, Platão, Aristóteles, Arquimedes, Pitágoras, Homero, Péricles, etc., criadores de impérios e de obras-primas no campo da arte, da filosofia, da ciência, da poesia ou da política; ninguém, todavia, que houvesse ensinado ao homem o respeito à vida e o amor aos semelhantes.

Na Grécia e em Roma, onde aquelas expressões intelectivas chegaram ao apogeu, o infanticídio era prática generalizada; os partos defeituosos eram atirados a esgotos escusos; os filhos de criminosos eram abandonados à própria sorte; o homem livre podia matar o seu escravo; a propriedade era coisa precária; a crueldade atingia as raias do sadismo, e os costumes, nem é bom falar...

Imperadores romanos: Tibério, Calígula, Nero e outros intitulavam-se deuses; matavam e saqueavam, inventavam volúpias e suplícios, e ainda tinham áulicos ilustres, qual Sêneca, que os defendiam e desculpavam, pois... “estavam no seu direito, eram criaturas sagradas!”

Não é só: até o advento do Cristianismo, não havia na Terra um só hospital ou casa de caridade, nem instituição alguma de assistência aos necessitados.

Hoje, inegavelmente, ainda há muita maldade por este mundo afora, mas, ao influxo da moral cristã, quantas almas já se elevaram à santidade, quantas obras notáveis se ergueram, de amparo e socorro aos infelizes, quantos corações generosos e bem formados se abrem à piedade, solidários com as dores e aflições do próximo!

Malgrado, pois, às aparências em contrário, caminhamos para um futuro melhor, em que a paz e a justiça, frutos abençoados do amor, permanecerão na Terra, para sempre.

 

Parábolas evangélicas. FEB OnDemand, capítulo 27. 

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