Todos os muçulmanos reconhecem que Jesus (Isa) era profeta e mensageiro de Deus. Ele também é chamado Al-Masih (o Messias) no Alcorão, embora muitos muçulmanos queiram dizer com isso que Ele foi ungido apenas para pregar a salvação ao povo de Israel. Seu nascimento virginal, seus milagres, sobretudo o seu poder de ressuscitar os mortos e a sua pureza são geralmente aceitos.
O Alcorão às vezes utiliza palavras em referência a Jesus que, aos cristãos, soam muito semelhantes aos títulos que eles mesmos usam. Jesus é chamado “Palavra de Deus” e “um espírito de Deus”. Com “Palavra de Deus”, parece que o Alcorão quer dizer a ordem criadora de Deus, que fez o universo e também criou o homem Jesus no ventre de Maria. Além disso, Ruh Allah (Espírito de Deus) é título muçulmano típico em relação a Jesus.
Tradicionalmente os muçulmanos tentaram minimizar esses títulos. Eles diriam, por exemplo, que não há nada de especial em Jesus ter vindo à existência em cumprimento a uma ordem divina – Adão veio desse jeito, e o próprio universo. É verdade, mas nem Adão nem o universo foram chamados “Palavra de Deus” no Alcorão, ao passo que Jesus certamente foi. Além disso, os muçulmanos diriam que chamar Jesus de espírito de Deus não o torna singular – não são todos espíritos de Deus?
Novamente, eles destacariam as semelhanças entre o nascimento de Jesus e a criação do primeiro homem.
Exatamente como Deus soprou o seu espírito no barro para criar adão, Ele também soprou o seu espírito em Maria na concepção de Jesus.
Jesus realmente morreu?
Quando passamos para a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, a atitude do Alcorão é ambígua. Em alguns lugares a morte de Jesus é claramente mencionada, sendo até mesmo declarado que aconteceu “segundo o plano definido e previsto por Deus”.
Contudo há uma passagem cuja interpretação é que Jesus não foi crucificado, mas seus inimigos de alguma forma foram levados a crer que foi. Na verdade o próprio Deus o ressuscitou. No que se refere à ressurreição e à ascensão, o Alcorão usa algumas expressões que poderiam apontar, naturalmente falando, para uma ressurreição física e outras que indicariam uma ascensão aos céus.
A própria relutância do Alcorão e dos muçulmanos de falar de Jesus é significativa. O Alcorão acusa com bastante franqueza os judeus de matar alguns dos profetas; também estão preparados para discutir a possibilidade de Maomé te morrido de morte natural. Por que, então, há essa relutância em admitir que Jesus também pudesse ter sido morto? Isso aponta para uma consideração especial por Jesus no Alcorão.
Alguns especialistas mostram que é possível reconstruir a visão do Alcorão respeito da crucificação de Jesus de tal maneira que ela não contradiga o cristianismo. Tal reconstrução consideraria o seguinte: os judeus pensaram que haviam crucificado Jesus, mas estavam errados. Deus fez Jesus morrer, usando os judeus como instrumento. Deus então ressuscitou Jesus dos mortos e o exaltou em sua presença como recompensa pela obediência.
Entre os sufis (místicos muçulmanos), os sofrimentos de Jesus com frequencia são considerados um exemplo a seguir se quisermos nos aproximar de Deus. Além disso, alguns muçulmanos modernos sensíveis têm destacado que o verdadeiro ponto central da cruz, tanto da Bíblia quanto do Alcorão, consiste na disposição de Jesus de sofrer e não no sofrimento propriamente dito. Se imitarmos sua disposição, Deus nos aceitará. Essa é uma verdadeira tentativa de falar positivamente da cruz, mas está muito distante do evangelho cristão da graça.
Muitos muçulmanos crêem eu Jesus vai voltar à terra, subjugar as forças do mal e introduzir o reino de Deus antes do juízo final. A volta de Jesus não é mencionada no Alcorão, e a idéia parece ter-se infiltrado no islamismo depois da conquista muçulmana dos países cristãos do Oriente Médio.
Fonte: Fundamentos da Teologia Cristã, pg. 68.
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