A palavra cânon não é mencionada na Bíblia, embora a raiz da qual se deriva apareça em Jó 40:21. Originalmente significava "junco" ou "talo" de papiro, capim-limão ou cálamo. Pelo fato dos juncos serem usados como réguas ou instrumentos para fazer linhas retas, "canon" passou a significar "medida" ou "haste de medição". O termo cânon foi empregado pela primeira vez como expressão teológica referente às Escrituras por Atanásio, bispo de Alexandria, na carta pascal às igrejas em que descreveu o conteúdo do Novo Testamento (307 d.C.).
Nosso conhecimento do processo de formação resultante no cânon fixo ainda é obscuro. Infelizmente não dispomos de documentos antigos dos escribas detalhando os diversos passos do procedimento que culminou na Bíblia hebraica. Dois comentários são relevantes.
O processo foi longo e complicado e, provavelmente deu-se em fases ao longo de vários séculos da história dos hebreus. O esboço genérico da formação da cânon a seguir organiza os dados disponíveis sobre o assunto:
O processo foi longo e complicado e, provavelmente deu-se em fases ao longo de vários séculos da história dos hebreus. O esboço genérico da formação da cânon a seguir organiza os dados disponíveis sobre o assunto:
Fase 1: Pronunciamentos detentores de autoridade.
Inicialmente a revelação de Deus aos hebreus era transmitida de forma oral na maioria dos casos. Mensagens como "Assim diz o Soberano Senhor" e "Ouçam a Palavra do Senhor" no Antigo Testamento, foram ditas por Isaias (1:10), Ezequiel (5:5), oralmente como receberam de Deus. Esses pronunciamentos foram passados às gerações seguintes com "Palavra do Senhor" na forma tradicional oral recebida.
Fase 2: Documentos formais escritos.
Em determinado ponto, palavras adágios e discursos divinamente inspirados foram registrados e preservados pela comunidade hebraica na forma escrita. Em certas ocasiões o pronunciamento e a escrita ou registro eram quase simultâneos, como o Livro da Lei, em Êxodo 24:3,4; Josué 1:8, e o oráculo de Jeremias para o rei Jeoaquim em Jeremias 36. Em outros casos o documento da revelação divina acontecia certo tempo após o acontecimento ou a circunstância que inspirou a Palavra do Senhor.
O processo de coleção provavelmente foi extenso e abrangente, sabe-se que os Salmos foram reunidos durante o período de mais de 500 anos. Reunir os escritos de experiências hebraicas com Javé em antologias e livros era em parte, questão de conveniência para a comunidade, permitindo acesso fácil e a conservação garantida dos documentos. Acima de tudo, representava o valor, a importância e a autoridade das obras reunidas para a vida religiosa da comunidade. Esses livros exigiam atenção especial do povo hebreu (Deuteronômio 31:24-27).
Fase 4: Seleção de documentos escritos e fixação do cânon.
Os detalhes do procedimento de seleção de documentos são obscuros, mas podemos discernir os critérios básicos aplicados com o propósito de escolher e delinear o cânon. Basta dizer que o consenso entre líderes religiosos hebreus orientados pelo Espírito Santo de Deus durante o decorrer da história israelita resultou no cânon hebraico das Escrituras Sagradas.
Os testes de canonicidade
Em primeiro lugar é importante lembrarmos que certos livros já eram canônicos antes de qualquer teste lhes ser aplicados. Isto é como dizer que alguns alunos são inteligentes antes mesmo de se lhes ministrar uma prova. Os testes apenas provam aquilo que intrinsecamente já existe. Do mesmo modo, nem a Igreja nem os concílios eclesiásticos jamais concederam canonicidade ou autoridade a qualquer livro; o livro era autêntico ou não no momento em que foi escrito. A Igreja ou seus concílios reconheceram certos livros como Palavra de Deus e, com o passar do tempo, aqueles assim reconhecidos foram colecionados para formar o que hoje chamamos de Bíblia.
Que testes a Igreja aplicou?
1) Havia o teste da autoridade do escritor. Em relação ao Antigo Testamento, isto significava a autoridade do legislador, ou do profeta, ou do líder em Israel. No caso do Novo Testamento, o livro deveria ter sido escrito ou influenciado por um apóstolo para ser reconhecido. Em outras palavras, deveria ter a assinatura ou aprovação de um apóstolo. Pedro, por exemplo, apoiou a Marcos, e Paulo a Lucas.
2) Os próprios livros deveriam dar alguma prova intrínseca de seu caráter peculiar, inspirado e autorizado por Deus. Seu conteúdo deveria de demonstrar ao leitor como algo diferente de qualquer outro livro por comunicar a revelação de Deus.
3) O veredito das igrejas quanto à natureza canônica dos livros era importante. Na verdade, houve uma surpreendente unanimidade entre as primeiras igrejas quanto aos livros que mereciam lugar entre os inspirados. Embora seja fato que alguns livros bíblicos tenham sido recusados ou questionados por alguma minoria, nenhum livro cuja autenticidade foi questionada por um número grande de igrejas veio a ser aceito posteriormente como parte do cânon.
A formação do cânon
O cânon da Escritura estava-se formando, é claro, à medida que cada livro era escrito, e completou-se quando o último livro foi terminado. Quando falamos da “formação” do cânon estamos realmente falando do reconhecimento dos livros canônicos pela Igreja. Esse processo levou algum tempo. Alguns afirmam que todos os livros do Antigo Testamento já haviam sido colecionados e reconhecidos por Esdras, no quinto século a.C. Referências nos escritos de Flávio Josefo (95 d.C.) indica a extensão do cânon do Antigo Testamento como os 39 livros que hoje aceitamos. A discussão do chamado Sínodo de Jamnia (70-100 d.C.) parece ter partido deste cânon.
Jesus delimitou a extensão dos livros canônicos do Antigo Testamento quando acusou os escribas de serem culpados da morte de todos os profetas que Deus enviara a Israel, de Abel a Zacarias (Lucas 11:51). O relato da morte de Abel está em Gênesis; o de Zacarias se acha em 2 Crônicas 24:20,21, que é o último livro na disposição da Bíblia hebraica (em lugar de nosso Malaquias). Para nós, é como se Jesus tivesse dito: “Sua culpa está registrada em toda a Bíblia - de Gênesis a Malaquias”. Ele não incluiu qualquer dos livros apócrifos que já existiam em seu tempo e que continham relatos das mortes de outros mártires israelitas.
O primeiro concílio eclesiástico a reconhecer todos os 27 livros do Novo Testamento foi o concílio de Cartago, em 397 d.C. Alguns livros do Novo Testamento, individualmente, já haviam sido reconhecidos como canônicos muito antes disso (2 Pedro 3:16; 1Timóteo 5:18) e a maioria deles foi aceita como canônica no século posterior ao dos apóstolos (Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Judas foram debatidos por algum tempo). A seleção do cânon foi um processo que continuou até que cada livro provasse o seu valor, passando pelos testes de canonicidade.
Os livros apócrifos
Os doze livros apócrifos do Antigo Testamento jamais foram aceitos pelos judeus ou por nosso Senhor, no mesmo nível de autoridade dos livros canônicos. Eles eram respeitados, mas não foram considerados como Escritura.
A Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento produzida entre o terceiro e o segundo século a.C.) incluiu os apócrifos com o Antigo Testamento canônico. Jerônimo (c. 340 - 420 d.C.), ao traduzir a Vulgata, distinguiu entre os livros canônicos e os eclesiásticos (que eram os apócrifos), e essa distinção acabou por conceder-lhe uma condição de canonicidade secundária. O Concílio de Trento (1548) reconheceu-os como canônicos, embora os reformadores tenham rejeitado tal decreto. Em algumas versões protestantes dos séculos XVI e XVII, os apócrifos foram colocados à parte.
Os livros apócrifos do Antigo Testamento
Estes não faziam parte do Cânon hebraico, mas todos eram mais ou menos aceitos pelos judeus de Alexandria que liam o grego, e pelos de outros lugares; e alguns são citados no Talmude. Esses livros, a exceção de 2 Esdras, Eclesiástico, Judite, Tobias, e 1 dos Macabeus, foram primeiramente escritos em grego, mas o seu conteúdo varia em diferentes coleções.
I (ou III) de Esdras: É simplesmente a forma grega de Ezra, e o livro narra o declínio e a queda do reino de Judá desde o reinado de Josias até à destruição de Jerusalém; o cativeiro de Babilônia, a volta dos exilados, e a parte que Esdras tomou na reorganização da política judaica. Em certos respeitos, amplia a narração bíblica, porém estas adições são de autoridade duvidosa. O historiador Josefo é o continuador de Esdras. Ignora-se o tempo em que foi escrito e quem foi o meu autor.
II (ou IV) de Esdras: Este livro tem estilo inteiramente diferente de 1º de Esdras. Não é propriamente uma história, mas sim um tratado religioso, muito no estilo dos profetas hebreus. O assunto central, compreendido nos caps. 3-14, tem como objetivo registrar as sete revelações de Esdras em Babilônia, algumas das quais tomaram a forma de visões: a mulher que chorava, 9:38, até 10:56; a águia e o leão, 11:1 até 12:39; o homem que se ergueu do mar, 13:1-56. O autor destes capítulos é desconhecido, mas evidentemente era judeu pelo afeto que mostra a seu povo. (A palavra Jesus, que se encontra no capítulo 7:28, não está nas versões orientais.) A visão da águia, que é expressamente baseada na profecia de Daniel (2 Esdras 12:11), parece referir ao Império Romano, e a data de 88 a.C. até 117 a.C. é geralmente aceita. Data posterior ao ano 200 contraria as citações do versículo 35 capítulo 5 em grego por Clemente de Alexandria com o Prefácio: “Assim diz o profeta Esdras.” Os primeiros dois e os últimos dois capítulos de 2 Esdras, 1 e 2, 15 e 16 são aumentos; não se encontram nas versões orientais, nem na maior parte dos manuscritos latinos. Pertencem a uma data posterior à tradução dos Setenta que já estava em circulação, porquanto os profetas menores já aparecem na ordem em que foram postos na versão grega, 2 Esdras, 1:39,40. Os dois primeiros capítulos contêm abundantes reminiscências do Novo Testamento e justificam a rejeição de Israel e sua substituição pelos Gentios, 2 Esdras, 1:24,25,35-40; 2:10,11,34), e, portanto, foram escritos por um cristão, e, sem dúvida, por um judeu cristão.
Tobias: Este livro contém a narração da vida de certo Tobias de Neftali, homem piedoso, que tinha um filho de igual nome, O pai havia perdido a vista. O filho, tendo de ir a Rages na Média, para cobrar uma dívida, foi levado por um anjo a Ecbatana, onde fez um casamento romântico com uma viúva que, tendo-se casado sete vezes, ainda se conservava virgem. Os sete maridos haviam sido mortos por Asmodeu, o mau espírito nos dias de seu casamento. Tobias, porém, foi animado pelo anjo a tornar-se o oitavo marido da virgem-viúva, escapando à morte, com a queima de fígado de peixe, cuja fumaça afugentou o mau espírito. Voltando, curou a cegueira de seu pai esfregando-lhe os escurecidos olhos com o fel do peixe que já se tinha mostrado tão prodigioso. O livro de Tobias é manifestamente um conto moral e não uma história real. A data mais provável de sua publicação é 350 ou 250 a 200 a.C.
Judite: É a narrativa, com pretensões a história, do modo por que uma viúva judia, de temperamento masculino, se recomendou às boas graças de Holofernes, comandante-chefe do exército assírio, que sitiava Betúlia. Aproveitando-se de sua intimidade na tenda de Holofernes, tomou da espada e cortou-lhe a cabeça enquanto ele dormia. A narrativa está cheia de incorreções, de anacronismos e de absurdos geográficos. É mesmo para se duvidar que exista alguma cousa de verdade; talvez que o seu autor se tenha inspirado nas histórias de Jael e de Sisera, Jz 4:17-22. A primeira referência a este livro, encontra-se em uma epístola de Clemente de Roma, no fim do primeiro século. Porém o livro de Judite data de 175 a 100 a.C., isto é, 400 ou 600 anos depois dos fatos que pretende narrar. Dizer que naquele tempo Nabucodonosor reinava em Nínive em vez de Babilônia não parecia ser grande erro, se não fosse cometido por um contemporâneo do grande rei.
Ester: Acréscimo de capítulos que não se acham nem no hebreu, nem no caldaíco. O livro canônico de Ester termina com o décimo capítulo. A produção apócrifa acrescenta dez versículos a este capitulo e mais seis capítulos, 11-16. Na tradução dos Setenta, esta matéria suplementar é distribuída em sete porções pelo texto e não interrompe a história. Amplifica partes da narrativa das Escrituras, sem fornecer novo fato de valor, e em alguns lugares contradiz a história como se contém no texto hebreu. A opinião geral é que o livro foi obra de um judeu egípcio que a escreveu no tempo de Ptolomeu. Filometer, 181-145 a.C.
Sabedoria de Salomão: Este livro é um tratado de ética recomendando a sabedoria e a retidão, e condenando a Iniquidade e a idolatria. As passagens salientam o pecado e a loucura da adoração das imagens, lembram as passagens que sobre o mesmo assunto se encontram nos Salmos e em Isaías (compare: Sabedoria 13:11-19, com Salmos 95; 135:15-18 e Isaias 40:19-25; 44:9-20). É digno de nota que o autor deste livro, referindo-se a incidentes históricos para ilustrar a sua doutrina, limita-se aos fatos recordados no Pentateuco. Ele escreve em nome de Salomão; diz que foi escolhido por Deus para rei do seu povo, e foi por ele dirigido a construir um templo e um altar, sendo o templo feito conforme o modelo do tabernáculo. Era homem genial e piedoso, caracterizando-se pela sua crença na imortalidade. Viveu entre 150 e 50 ou 120 e 80, a.C. Nunca foi formalmente citado, nem mesmo a ele se referem os escritores do Novo Testamento, porém, tanto a linguagem, como as correntes de pensamento do seu livro , encontram paralelos no Novo Testamento (Sabedoria 5:18-20; Efésios 6:14-17; Sabedoria 7:26, com Hebreus 1:2-6 e Sabedoria 14:13-31 com Romanos 1.19-32).
Eclesiástico: Também denominado Sabedoria de Jesus, filho de Siraque. É obra comparativamente grande, contendo 51 capítulos. No capítulo primeiro, 1-21, louva-se grandemente o sumo sacerdote Simão, filho de Onias, provavelmente o mesmo Simão que viveu entre 370 - 300, a.C. O livro deveria ter sido escrito entre 290 ou 280 a.C., em língua hebraica. O seu autor, Jesus, filho de Siraque de Jerusalém, era avô, ou, tomando a palavra em sentido mais lato, antecessor remoto do tradutor. A tradução foi feita no Egito no ano 38, quando Evergeto era rei. Há dois reis com este nome, Ptolonmeu III, entre 247 a 222 a.C., e Ptolomeu Fiscom, 169 a 165 e 146 a 117 a.C. O grande assunto da obra é a sabedoria. É valioso tratado de ética. Há lugares que fazem lembrar os livros de Provérbios, Eclesiastes e porções do livro de Jó, das escrituras canônicas, e do livro apócrifo, Sabedoria de Salomão. Nas citações deste livro, usa-se a abreviatura Eclus, para não confundir com Ec abreviatura de Eclesiastes.
Baruque: Baruque era amigo do Jeremias. Os primeiros cinco capítulos do seu livro pertencem à sua autoria, enquanto que o sexto é intitulado “Epístola de Jeremias.” Depois da introdução, descrevendo a origem da obra, Baruque 1:1,14, abre-se o livro com três divisões, a saber:
1) Confissão dos pecado de Israel e orações, pedindo perdão a Deus, Baruque 1:15, até 3:8. Esta parte revela ter sido escrita em hebraico, como bem o indica a introdução, capítulo 1:14. Foi escrita 300 anos a.C.
2) Exortação a Israel para voltar à fonte da Sabedoria, 3:9 até 4:4.
3) Animação e promessa de livramento, 4:5 até 5:9. Estas duas seções parece que foram escritas em grego, pela sua semelhança com a linguagem dos Setenta. Há dúvidas, quanto à semelhança entre o capítulo 5 e o Salmo de Salomão, 9. Esta semelhança dá a entender que o capítulo 5 foi baseado no salmo, e portanto, escrito depois do ano 70, a.D., ou então, que ambos os escritos são moldados pela versão dos Setenta. A epístola de Jeremias exorta ou judeus no exílio a evitarem a idolatria de Babilônia. Foi escrita 100 anos a.C.
Adição à história de Daniel:
O cântico dos três mancebos (jovens): Esta produção foi destinada a ser Intercalada no livro canônico de Daniel, entre capítulos 3:23,24. É desconhecido o seu autor e ignorada a data de sua composição. Compare os versículo, 35-68 com o Salmo 148.
A história de Suzana: É também um acréscimo ao livro de Daniel, em que o seu autor mostra como o profeta, habilmente descobriu uma falsa acusação contra Suzana, mulher piedosa e casta. Ignora-se a data em que foi escrita e o nome de seu autor.
Bel e o dragão: Outra história introduzida no livro canônico de Daniel. O profeta mostra o modo por que os sacerdotes de Bel e suas famílias comiam as viandas oferecidas ao ídolo; e mata o dragão. Por este motivo, o profeta é lançado pela segunda vez na caverna dos leões. Ignora-se a data em que foi escrita e o nome do autor.
Oração de Manassés: Rei de Judá quando esteve cativo em Babilônia. Compare, 2 Crônicas 33:12,13. Autor desconhecido. Data provável, 100 anos a. C.
Primeiro livro dos Macabeus: É um tratado histórico de grande valor, em que se relatam cinco acontecimentos políticos e os atos de heroísmo da família levítica dos Macabeus durante a guerra da lndependência judaica, dois séculos a.C. O autor é desconhecido, mas evidentemente é judeu da Palestina. Há duas opiniões quanto à data em que foi escrito; uma dá 120 a 106 a.C., outra, com melhores fundamentos, entre 105 e 64 a.C. Foi traduzido do hebraico para o grego.
Segundo livro dos Macabeus: É inquestionavelmente um epítome da grande obra de Jasom de Cirene; trata principalmente da história Judaica desde o reinado de Seleuco IV, até à morte de Nicanor, 175 e 161 a.C. É obra menos importante que o primeiro livro. O assunto é tratado com bastante fantasia em prejuízo de seu crédito, todavia, contém grande soma de verdade. O livro foi escrito depois do ano 125 a.C. e antes a tomada de Jerusalém, no ano 70 d.C.
Terceiro livro dos Macabeus: Refere-se a acontecimentos anteriores à guerra da independência. O ponto central do livro e pretensão de Ptolomeu Filopater IV, que em 217 a.C. tentou penetrar nos Santo dos Santos, e a subsequente perseguição contra os judeus de Alexandria. Foi escrito pouco antes, ou pouco depois da era cristã, data de 39, ou 40 d.C.
Quarto livro dos Macabeus: É um tratado de moral advogando o império da vontade sobre as paixões e ilustrando a doutrina com exemplos tirados da história dos macabeus. Foi escrito depois do 2 Macabeus e antes da destruição de Jerusalém.
É, talvez, do 1º século d.C. Ainda que os livros apócrifos estejam compreendidos na versão dos Setenta, nenhuma citação certa se faz deles no Novo Testamento. É verdade que os pais muitas vezes os citaram isoladamente, como se fossem Escritura Sagrada, mas, na argumentação, eles distinguiam os apócrifos dos livros canônicos. São Jerônimo, em particular, no fim do 4º século, fez entre estes livros uma claríssima distinção. Para defender-se de ter limitado a sua tradução latina aos livros do Cânon hebraico, ele disse: “Qualquer livro além destes deve ser contado entre os apócrifos. Santo Agostinho, porém (354-430 a.C.), que não sabia hebraico, juntava os apócrifos com os canônicos como para os diferençar dos livros heréticos. Infelizmente, prevaleceram as ideias deste escritor, e ficaram os livros apócrifos na edição oficial (a Vulgata) da Igreja de Roma. O Concilio de Trento, 1546, aceitou “todos os livros... com igual sentimento e reverência”, e anatematizou os que não os consideravam de igual modo. A Igreja Anglicana, pelo tempo da Reforma, nos seus trinta e nove artigos (1563 e 1571), seguiu precisamente a maneira de ver de São Jerônimo, não julgando os apócrifos como livros das Santas Escrituras, mas aconselhando a sua leitura “para exemplo de vida e instrução de costumes”.
Livros pseudo-epígrafos
Nenhum artigo sobre os livros apócrifos pode omitir estes inteiramente, porque de ano para ano está sendo mais compreendida a sua importância. Chamam-se Pseudo-epígrafos, porque se apresentam como escritos pelos santos do Antigo Testamento. Eles são amplamente apocalípticos; e representam esperanças e expectativas que não produziram boa influência no primitivo Cristianismo. Entre eles podem mencionar-se:
Livro de Enoque (etiópico), que é citado em Judas 14. Atribuem-se várias datas, pelos últimos dois séculos antes da era cristã.
Os segredos de Enoque (eslavo), livro escrito por um judeu helenista, ortodoxo, na primeira metade do primeiro século d.C.
O livro dos Jubileus (dos israelitas), ou o Pequeno Gênesis, tratando de particularidades do Gênesis duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105 a.C.
Os testamentos dos doze patriarcas: É este livro um alto modelo de ensino moral. Pensa-se que o original hebraico foi composto nos anos 109 a 107 a.C., e a tradução grega, em que a obra chegou até nós, foi feita antes de 50 d.C.
Os oráculos sibilinos, Livros III-V, descrições poéticas das condições passadas e futuras dos judeus; a parte mais antiga é colocada cerca do ano 140 a.C., sendo a porção mais moderna do ano 80 da nossa era, pouco mais ou menos.
Os salmos de Salomão, entre 70 e 40 a.C.
As odes de Salomão, cerca do ano 100 da nossa era, são, provavelmente, escritos cristãos.
O apocalipse siríaco de Baruque (2 Baruque), 60 a 100 a.C.
O apocalipse grego de Baruque (3 Baruque), do 2º século, a.C.
A assunção de Moisés, 7 a 30 d.C.
A ascensão de Isaias, do primeiro ou do segundo século d.C.
Os livros apócrifos do Novo Testamento
Sob este nome são algumas vezes reunidos vários escritos cristãos de primitiva data, que pretendem dar novas informações acerca de Jesus Cristo e seus Apóstolos, ou novas instruções sobre a natureza do Cristianismo em nome dos primeiros cristãos. Entre os Evangelhos Apócrifos podem mencionar-se:
O evangelho segundo os Hebreus (há fragmentos do segundo século).
O evangelho segundo S. Tiaqo, tratando do nascimento de Maria e de Jesus (segundo século);
Os atos de Pilatos.(Segundo século).
Os atos de Paulo e Tecla (segundo século).
Os atos de Pedro (terceiro século).
Epístola de Barnabé (fim do primeiro século).
Apocalipses, o de Pedro (segundo século).
Ainda que casualmente algum livro não canônico se ache apenso a manuscritos do Novo Testamento, esse fato é, contudo, tão raro que podemos dizer que, na realidade, nunca se tratou seriamente de incluir qualquer deles no Cânon.
Fonte de consulta: Dicionário Bíblico Universal
GOSTARIA DE IMPRIMIR ESTE CONTEUDO MAS NÃO TENHO ESTA OPÇÃO
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