Esta parábola mostra um exemplo de
filantropia consequente e planejada. Com a leitura inicial desta parábola temos
a impressão de que o senhor elogiou o mordomo por seu ato desonesto.
Entretanto, Cristo contou-nos esta parábola com o objetivo de obrigar-nos a
analisar o seu sentido mais profundo. Encontrando-se numa situação
desesperadora e irreparável, o mordomo manifestou uma genial inventividade ao
adquirir protetores, garantindo assim seu futuro.
"E
dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um
mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele,
chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia,
porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que
farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar,
tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da
mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos
devedores do
seu SENHOR, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem
medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já,
escreve cinquenta. Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu:
Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. E
louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente,
porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos
da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que,
quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos."
(Lucas 16.1-9).
Nesta parábola, o rico senhor representa
Deus, já o mordomo "esbanjador de riquezas" seria o homem, que gasta
despreocupadamente as riquezas obtidas de Deus. Muitas pessoas, analogamente ao
mordomo infiel, desperdiçam irresponsavelmente as riquezas divinas como a
saúde, o tempo e os dotes naturais, em coisas fúteis e até pecaminosas.
Mas, em
algum momento, todos deveremos prestar contas diante de Deus pelos bens
materiais e pelas oportunidades a nós confiadas, assim como o mordomo teve que
prestar contas diante de seu senhor. O mordomo infiel, sabendo que seria
demitido da mordomia, cuidou antecipadamente de seu futuro. Sua engenhosidade e
capacidade de garantir o seu futuro vem a ser um exemplo digno de ser imitado.
Quando a pessoa submete-se ao julgamento
Divino, percebe que não é a avidez pelos bens materiais, mas somente as boas
obras por ela realizadas que tem real importância.
Os bens materiais, segundo a
parábola são uma "riqueza iníqua", pois o homem, ao acostumar-se a
eles, torna-se ganancioso e insensível. A riqueza frequentemente torna-se um
ídolo, ao qual o homem serve com devoção. O homem frequentemente confia mais na
riqueza do que em Deus. Eis o motivo de Cristo ter chamado a riqueza terrena de
"mentira de Mammon." Mammon era uma divindade síria antiga, protetora
das riquezas.
Agora, pensemos em nossa relação aos
bens materiais. Consideramos muitas coisas como sendo de nossa propriedade,
utilizando-as somente para nosso capricho e comodidade. No entanto, todos os
bens materiais de fato pertencem a Deus. Ele é dono e Senhor de tudo, e nós
somos seus encarregados temporais, ou conforme a parábola,
"mordomos." Portanto, repartir os bens de outros, ou seja, os bens de
Deus, com os necessitados não vem a ser uma infração à lei, como no caso do
mordomo evangélico, mas, pelo contrário, é a nossa evidente obrigação. Dentro
deste enfoque, devemos compreender a moral da parábola: "Granjeai amigos
com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam
eles nos tabernáculos eternos," ou seja, nos necessitados que hoje
ajudamos, encontraremos na vida futura, protetores e defensores.
Na parábola do mordomo infiel, Deus
ensina-nos a manifestar a engenhosidade, o espírito inventivo e a constância nas
obras misericordiosas. Mas, como Deus ressaltou nesta parábola, "os filhos
deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz," ou
seja, frequentemente falta capacidade e perspicácia nas pessoas religiosas, que
muitas vezes são manifestadas por pessoas não religiosas na estruturação de
seus trabalhos cotidianos.
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