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PARÁBOLA DOS TALENTOS

Nos tempos da vida terrena de Cristo, o talento significava grandes somas em dinheiro, correspondente a sessenta minas. Uma mina correspondia a cem dinares. Um trabalhador comum ganhava um dinare ao dia. Na parábola, a palavra talento corresponde ao conjunto de todos os bens dados ao homem por Deus, tanto os materiais como os espirituais. Os talentos materiais — vem a ser a riqueza, as boas condições de vida, um bom status social, e uma boa saúde. Os talentos espirituais — vem a ser a mente iluminada, uma boa memória, as diversas habilidades no campo das artes e serviços afins, o dom da oratória, a valentia, a sensibilidade, a compaixão e várias outras qualidades que nos foram conferidas pelo Criador. Além disso, para que possamos praticar o bem de maneira bem sucedida, Deus dota-nos de vários dons bem-aventurados — os "talentos" espirituais. Sobre eles, escreve-nos o apóstolo Paulo em sua primeiras epístola aos Coríntios: "Há diversidade de dons, mas o espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo espírito, a palavra da ciência. E a outro, pelo mesmo espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo espírito, os dons de curar. E a outro, a operação de maravilhas: e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas, repartindo particularmente a cada um como quer" (1 Coríntios 12.4-11).


"Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles. Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. Disse-lhe o seu SENHOR: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros. Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes." (Mateus 25.14-30).

Segundo esta parábola, deve-se concluir que Deus não exige das pessoas, obras que superem as suas forças ou habilidades. Entretanto, os talentos que lhe forem dados impõe uma certa responsabilidade. A pessoa deve "multiplica-los" em prol da igreja, do próximo e, uma coisa que é muito importante, deve desenvolver em si as boas qualidades. De fato, existe uma forte relação entre as ações externas e o estado da alma. Quanto mais a pessoa praticar o bem, maior será seu enriquecimento espiritual, tornando-se um virtuoso. 

O externo e o interno são inseparáveis.

A parábola das minas é muito semelhante à dos talentos. Em ambas as parábolas, as pessoas orgulhosas e preguiçosas, no que se refere à prática do bem, são representadas em forma de um servo astuto, que enterra os bens de seu senhor. O servo astuto não deveria repreender seu senhor quanto à sua crueldade, já que o senhor lhe exigira menos do que aos outros. A frase "devias ter dado o meu dinheiro aos banqueiros" deve ser compreendida como uma indicação de que, na falta de iniciativa e capacidade própria de fazer o bem, a pessoa deve, pelo menos, tentar ajudar outras pessoas a fazê-lo. De qualquer maneira, não existe pessoa totalmente incapacitada. Cada um pode crer em Deus, orar por si e pelos outros. A oração é uma obra santa e benéfica, e uma única oração pode substituir várias boas obras.

"Porque a qualquer um que tiver será dado, e terá em abundância; mas, ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado." Aqui trata-se basicamente da recompensa na vida futura: aquele que enriquecer espiritualmente nesta vida, na outra enriquecerá ainda mais, e, contrariamente, o preguiçoso perderá até o pouco que tinha anteriormente. Em grande parte, a legitimidade desta citação pode ser confirmada no dia a dia. As pessoas que não desenvolvem suas capacidades, pouco a pouco as desperdiçam. Assim, numa inércia vegetativa, a mente da pessoa torna-se embotada, atrofia-se a vontade, amortecem-se os sentimentos e todo o seu corpo e alma entram num estado de relaxamento. A pessoa torna-se inapta a qualquer atividade, para ficar vegetando, tal qual uma erva.



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