Nesta parábola, Cristo trata da
transferência do reino de Deus do povo judeu a outros povos, na qual, os
"convidados" representam o povo judeu, e os servos — os apóstolos e
pregadores da fé cristã. Da mesma maneira que os "convidados" não
quiseram entrar no reino de Deus, a propagação da fé fora transferida "na
encruzilhada" — a outros povos. Possivelmente, alguns destes povos não
possuíam qualidades religiosas tão elevadas, contudo, manifestaram grande
devoção nos serviços a Deus.
"O
reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho;
e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não
quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis
que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já
pronto; vinde às bodas. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu
campo, outro para o seu tráfico; e os outros, apoderando-se dos servos, os
ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando
os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então
diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não
eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a
todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos
quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de
convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não
estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui,
não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos:
Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá
pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos."
(Mateus 22.2-14).
Esta parábola não exige explicações
especiais. Como sabemos a partir da história, o reino de Deus (Igreja) passou
dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo
império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.
O final da parábola dos convidados para
as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de
núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se
conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem
pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do
rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de
maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados
rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se
observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as
reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e
magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas
externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da
consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que
são ofertadas como dádivas de Deus, por sua misericórdia. O homem que rejeitou
as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a
bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios
bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos
comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros
meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas.
Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma
cristã, do celibato voluntário, da vida monástica, etc., apesar das Sagradas
Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escreveu o
apóstolo Paulo, "tendo aparência de
piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Timóteo 3.5). Pois a força da
piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.
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