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PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

Ao filho mais moço cabia um terço da propriedade; ao mais velho, dois terços. Na maioria dos casos, os herdeiros recebiam a sua parte por ocasião da morte do pai, embora este, às vezes, optasse por repartir a herança mais cedo, liberando-se da administração de suas propriedades. O fato incomum nessa parábola é que o mais moço iniciou o processo de divisão da propriedade. Esta foi uma demonstração arrogante de falta de consideração pela autoridade de seu pai como o chefe da família.

Na parábola do filho pródigo, são apresentados traços característicos do percurso da vida de um pecador. A pessoa entretida com os prazeres mundanos, após uma série de erros e derrocadas, finalmente "cai em si”, ou seja, começa a tomar consciência de sua futilidade, e da imundície de sua vida, e resolve, arrependida, retornar a Deus. Esta parábola é muito vital do ponto de vista psicológico. O filho pródigo somente soube avaliar a sorte de estar com seu pai, após o sofrimento que passara estando longe dele. É exatamente da mesma maneira que muitas pessoas só começam a dar o devido valor à comunhão com Deus quando sentem profundamente a mentira e a inutilidade de suas vidas. Partindo deste ponto de vista, esta parábola demonstra fielmente o lado positivo dos pesares e fracassos da vida. O filho pródigo possivelmente jamais teria caído em si, se a pobreza e a fome não tivessem lhe proporcionado à devida lucidez.

"E disse: Um certo homem tinha dois filhos; e o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se." (Lucas 15.11-24).

Esta parábola personifica o amor de Deus aos pecadores através do exemplo do pai sofrido, que saía diariamente pelos caminhos, na esperança de ver seu filho retornando. Ambas as parábolas apresentadas, da Ovelha Perdida e do Filho Pródigo falam-nos da importância e significado da salvação do homem para Deus. No final da parábola do filho pródigo fala-se do irmão mais velho, indignado com o perdão do pai ao irmão mais moço. Com a figura do irmão mais velho, Cristo subentendia os livreiros judeus invejosos. De um lado, eles desprezavam profundamente os pecadores - os publicanos, depravados, e outros, desdenhando-os; por outro lado, indignavam-se que Cristo tratava com eles, ajudando estes pecadores a trilhar o caminho do bem. Esta compaixão de Cristo aos pecadores levava-os à loucura.


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