Esta parábola, em termos temporais, vem a ser a primeira
parábola do Salvador. A mesma relata como cada pessoa aceita de maneira
diferente a palavra de Deus (semente), e como esta palavra atua diversamente
sobre as pessoas, dependendo de sua inclinação espiritual. Esta parábola é
assim narrada pelo evangelista Mateus:
"E
falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a
semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram
as aves, e comeram-na; e outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra
bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; mas, vindo o sol,
queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e
os espinhos cresceram e sufocaram-na. E outra caiu em boa terra, e deu fruto:
um a cem, outro a sessenta e outro a trinta." (Mateus 13.3-8).
Nesta parábola, o caminho se assemelha
aos homens, moralmente embrutecidos. A Palavra de Deus não pode penetrar em
seus corações: a mesma parece cair sobre a superfície de suas consciências,
apagando-se rapidamente de suas memórias, sem interessá-los nem tampouco
despertar quaisquer tipos de sentimentos espirituais superiores. Os pedregais
assemelham-se às pessoas de humor inconstante, nas quais os arroubos de bondade
tem a mesma pouca profundidade da fina camada de terra que recobre a superfície
dos rochedos. Estas pessoas, mesmo ao se interessarem, em algum momento de suas
vidas, pela verdade evangélica, não se mostram capazes de sacrificar os seus
interesses, modificar seu modo de vida habitual, iniciar uma luta constante com
suas más inclinações em prol destas verdades. Diante das primeiras provações,
estas pessoas desanimam e são vencidas pela tentação. Ao mencionar o solo
espinhoso, Cristo refere-se às pessoas sobrecarregadas com as questões
cotidianas, que visam lucros e apreciam o prazer. As atribulações do dia a dia,
a corrida desenfreada atrás dos ilusórios bens materiais, analogamente a erva
daninha, reprimem tudo o que estas pessoas têm de bom e de sagrado. E,
finalmente, as pessoas com o coração solícito à bondade, prontas para modificar
suas vidas de acordo com os ensinamentos de Cristo são semelhantes à terra
fértil. Estas pessoas, ao ouvirem a palavra de Deus, tem o firme propósito de
segui-la, trazendo o fruto das boas ações, um a cem, outro a sessenta e outro a
trinta vezes, cada uma dependendo das suas forças e sua devoção.
Jesus terminou esta parábola com a
exclamação: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!" Com este apelo o
Senhor toca no coração de cada pessoa, estimulando-a a espiar no íntimo de sua
alma e a compreender: não estaria ela semelhante a um campo abandonado,
revestido pelas ervas daninhas de sua vida pecadora? Mas não se deve perder as
esperanças! Qualquer terra inicialmente imprestável para plantio, com o zelo e
o esforço do lavrador pode se tornar a mais fértil das terras. Assim, cada um
de nós, devemos nos esforçar em corrigir-nos por meio do arrependimento, da
oração, da temperança frente aos excessos e aos prazeres pecaminosos — e
começar a ofertar a Deus os frutos das boas ações. Nisto consiste a incumbência
de nossa vida. Cada pessoa, mesmo o pecador mais "inveterado," com a
ajuda de Deus pode tornar-se um justo e até um santo. Toda a história da
cristandade testemunha este fato!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, reservo o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica ou invasão de privacidade pessoal/familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.