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Salmo 52

Este Salmo possui conexão com os Salmos 53 e 58, pois descreve a condição dos ímpios e o modo como atuam. Recomenda-se antes de estudar o Salmo 52, que se leia os Salmos 53 e 58.

1. Por que te glorias na malícia, ó homem poderoso? Pois a bondade de Deus permanece continuamente. 2. A tua língua intenta o mal, como uma navalha amolada, traçando enganos. 3.Tu amas mais o mal do que o bem, e a mentira mais do que o falar a retidão. (Selá.) 4. Amas todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta. 5. Também Deus te destruirá para sempre; arrebatar-te-á e arrancar-te-á da tua habitação, e desarraigar-te-á da terra dos viventes. (Selá.) 6. E os justos o verão, e temerão: e se rirão dele, dizendo: 7. Eis aqui o homem que não pôs em Deus a sua fortaleza, antes confiou na abundância das suas riquezas, e se fortaleceu na sua maldade. 8. Mas eu sou como a oliveira verde na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para sempre, eternamente. 9. Para sempre te louvarei, porque tu o fizeste, e esperarei no teu nome, porque é bom diante de teus santos.

Confiança em Deus

“Por que te glorias na malícia, ó homem poderoso? Pois a bondade de Deus permanece continuamente.” (Salmo 52:1).

O termo hebraico רָע, transliterado ra´, e comumente traduzido por ‘malícia’, porém, em razão do contexto em que foi empregado, não significa que se trata de uma pessoa marota, lasciva, ou que se trata de uma pessoa dissimulada ou que finge sentimentos para encobrir intenções, de modo a agir com dolo ou astucia.

A conotação do termo não diz de comportamento, moral, caráter, intenções, e sim de natureza. O termo hebraico רָע foi empregado para qualificar a natureza, a condição, que o indivíduo se apoia para se vangloriar.


Para analisar a parte ‘a’ do verso 1, temos que considerar a parte ‘b’ do versículo: Se a bondade de Deus permanece para sempre, o que leva alguém a confiar na sua própria condição?

Considerando a estrutura das poesias hebraicas, certo é que estamos diante de um paralelismo, o mais importante elemento formal dos Salmos e Provérbios, que estabelece uma espécie de ritmo, conseguido, não pela rima (como em português), mas por um encadeamento lógico de pensamentos, que muitos chamam de “ritmo de sentido”.

O verso 1, do Salmo 52, é um o paralelismo sintético, ou formal, construtivo, de modo que a segunda parte do verso amplia-a e acrescenta-lhe uma nova ideia, evidenciando um contraste entre ambas.

Dai o questionamento da parte ‘a’, que se contrapõe a verdade da parte ‘b’. O homem deve confiar em Deus, pois a sua bondade é perpetua, o que dá suporte ao questionamento da parte ‘a’ do verso: é loucura o gloriar-se no mau, vez que confiar no Senhor é infinitamente melhor.

Deus é bondade, benignidade e fidelidade, e como Deus é imutável, tais atributos duram para sempre, portanto, o homem deve confiar no Senhor.

“O SENHOR é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele.” (Naum 1:7);

“OS que confiam no SENHOR serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” (Salmo 125:1).

Devemos lembrar que, na antiguidade, as pessoas não se gloriavam do que faziam, antes se gloriavam do que eram. Os reis, os nobres, os bem nascidos se gloriavam da sua condição, e não das suas ações, pois todos os homens são ‘capazes’ de todas as realizações.

O profeta Jeremias, ao profetizar contra os filhos de Israel, fez a seguinte observação:

“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17:5).

O que contrapõe a condição daqueles que confiam no Senhor:

“Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja confiança é o SENHOR.” (Jeremias 17:7).

A malícia do homem poderoso a qual o Salmo 52, verso 1, faz alusão, refere-se à sua carne, a qual ele reputa como a sua força e salvação, e deixa de confiar em Deus.

Os filhos de Israel eram tais homens poderosos, que apesar de serem alertados para não reputarem que por suas próprias forças ou justiça entraram a possuir a terra prometida, passaram a confiar na carne (Deuteronômio 8:17 -18; 9:4,5).

“Lavrastes a impiedade, segastes a iniquidade, e comestes o fruto da mentira; porque confiaste no teu caminho, na multidão dos teus poderosos.” (Oseias 10:13).

O apóstolo Paulo, quando era Saulo, reputava a sua própria carne como o seu braço (força, salvação), mas ao se converter, reputou tais coisas como esterco para alcançar a Cristo.

“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne. Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu;  Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo” (Filipenses 3:3-8).

O mau que Deus repudia está na natureza do homem, e não nas suas ações, e é por isso que Jesus disse:

“Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11:13).

E é essa natureza má que impede o homem de dizer boas coisas:

“Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” (Mateus 12:34).

O homem mau (baixo, vil, ralé) pode fazer boas ações aos seus semelhantes, porém, é impossível dizer coisas boas, pois esse é um problema decorrente da natureza, e aquele uma questão decorrente do conhecimento adquirido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

Desde o ventre, ou desde o Éden os homens alienaram-se de Deus, e o andar por um caminho que conduz à perdição lhes é próprio desde que nascem. Por isso é dito:

“Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um.” (Salmo 53:3);

“Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras.” (Salmo 58:3).

Todos os homens em um único evento, a ofensa de Adão no Éden, se fizeram inúteis e imundos, e desviados estão de Deus. Todos foram designados ímpios, não há quem faça o bem e somente falam mentiras. Como falar a verdade se o coração é enganoso?

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9).

Qualquer pensamento que o homem formular acerca de Deus e de como se dá a salvação é enganoso, fruto de um coração maligno, e por isso o apelo:

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” (Isaías 55:7).

O coração perverso do homem jamais atinará sobre as coisas de Deus, pois as coisas de Deus é um conhecimento específico revelado através de um mensageiro mediador:

“Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.” (Isaías 53:11; Jó 33:23-26).

Por isso o cântico profético de Moisés instruía os filhos a destilarem a palavra de Deus como chuvisco sobre os homens (Deuteronômio 32:2), pois todo homem, sem exceção, judeus e gentios, sem o conhecimento de Deus é um bruto, um louco:

Todo o homem é embrutecido no seu conhecimento; envergonha-se todo o fundidor da sua imagem de escultura; porque sua imagem fundida é mentira, e nelas não há espírito.” (Jeremias 10:14).

“Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará.” (Salmos 39:6; Romanos 3:4).

“Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do SENHOR. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” (Isaías 40:6-8).

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.” (Joel 2:28).

Os judeus eram tais homens poderosos, pois se gloriavam na sua condição ao dizerem: ‘temos por pai Abraão’, isto em função de serem descendência de Abraão. Porém, apesar do que dizia as Escrituras, os judeus não atinavam que não eram filhos de Abraão (Deuteronômio 32:5) e que eram falsos de entendimento (Deuteronômio 32:28), pois reputavam ser filhos de Deus, porém, a profecia especificava qual seria a descendência de Abraão: a descendência que haveria de ser chamada em Isaque.

“Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.” (Romanos 9:7).

Os poderosos achavam que foram chamados segundo a palavra da promessa que diz: ‘Por este tempo virei, e Sara terá um filho’, no entanto, quando foi dito a Rebeca: ‘o maior servirá o menor’, Deus estava dando a entender que a descendência de Abraão ainda estava por vir.

“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.” (Gálatas 3:16).

Tendo por base pressupostos falsos, os judeus se gloriavam em Abraão (Mateus 3:9; João 8:33 e 39), assim como os heróis gregos nas estórias narradas nas tragédias gregas anunciavam aos seus oponentes de quem descendiam antes de iniciarem uma batalha.

A origem opulenta dos homens é a malicia, ou o mau, de modo que são classificados como poderosos, ricos. O verso 1, do Salmo 52 é complementado pelo verso 7:

“Eis aqui o homem que não pôs em Deus a sua fortaleza, antes confiou na abundância das suas riquezas, e se fortaleceu na sua maldade” (v. 7).

O homem poderoso é aquele que não confiam em Deus, antes confia na sua abundância de bens e se fortalece na sua própria ruína.

A boca fala do que há em abundância no coração

“A tua língua intenta o mal, como uma navalha amolada, traçando enganos. Tu amas mais o mal do que o bem, e a mentira mais do que o falar a retidão. (Selá.) Amas todas as palavras devoradoras, ó língua fraudulenta.” (Salmo 52:2-4).

Para compreender quais são as riquezas do homem poderoso, temos que lembrar de algumas lições de Cristo.

A primeira: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus 6:21); a segunda: “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.” (Mateus 12:34,35).

Observe que o homem poderoso não intenta o mal com ações, e sim com palavras. A língua daquele que confia em si mesmo é comparável a uma navalha amolada pela capacidade de destruição. Quando é dito que a língua maquina planos de destruição, o salmista remete ao que está no coração.

Como a boca fala do que há em abundância no coração, e onde está às riquezas do homem aí está o seu coração, a inclinação do homem mau, vil, baixo, ralé, etc., é mais o mal do que o bem, e a mentira mais que a retidão. Como dirá coisas boas o homem poderoso se é mau? É impossível ao homem poderoso tirar boas coisas do seu coração mau.

Assim como uma árvore boa produz somente frutos bons e uma arvore má produz frutos maus (Mateus 12:33), o homem poderoso só produz enganos, mentiras, palavras devoradoras.

O Pregador assim descreve o homem poderoso:

“O homem mau, o homem iníquo tem a boca pervertida. Acena com os olhos, fala com os pés e faz sinais com os dedos. Há no seu coração perversidade, todo o tempo maquina mal; anda semeando contendas. Por isso a sua destruição virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja cura.” (Provérbios 6:12-15).

O homem mau (vil, baixo) tem a boca pervertida em função do seu coração. E como o homem iníquo amalgama ‘riquezas’ ao seu coração, do tesouro que guarda em seu coração se encaminha para a morte:

“Trabalhar com língua falsa para ajuntar tesouros é vaidade que conduz aqueles que buscam a morte.” (Provérbios 21:6).

O que estas figuras ensinam? Que os filhos de Israel lisonjeavam a Deus com a língua, mas o seus corações estavam longe de Deus:

“Todavia lisonjeavam-no com a boca, e com a língua lhe mentiam.” (Salmos 78:36).

“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;” (Isaías 29:13; Mateus 15:8).

“Plantaste-os, e eles se arraigaram; crescem, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe dos seus rins.” (Jeremias 12:2).

Daí a conexão que os profetas fazem com ‘riquezas’ e ‘coração’:

“E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” (Ezequiel 33:31,32).

Os escribas e fariseus se encaixavam na descrição dos profetas, tanto que Jesus os nomeia de maus e que não podiam falar coisas boas (Mateus 12:34,35). E de onde Jesus tirou esse ensinamento? Dos Salmos:

“Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua língua.” (Salmos 5:9).

Não há retidão na boca por causa das entranhas, pois se o coração é mau, a garganta não passa de um sepulcro aberto, e tudo o que dizem não passa de lisonjas.

O Salmo 140 é profético, e é uma oração que expressa a confiança do Messias em Deus, de que sereia livre dos homens maus, que Ele mesmo nomeou de ‘raça de víboras’:

“Livra-me, ó SENHOR, do homem mau; guarda-me do homem violento, que pensa o mal no coração; continuamente se ajuntam para a guerra. Aguçaram as línguas como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios. (Selá.) Guarda-me, ó SENHOR, das mãos do ímpio; guarda-me do homem violento; os quais se propuseram transtornar os meus passos. Os soberbos armaram-me laços e cordas; estenderam a rede ao lado do caminho; armaram-me laços corrediços. (Selá.)” (Salmo 140:1-5).

Através do Salmo 140 é possível compreender que o homem poderoso do Salmo 52 também é nomeado como: homem mau, homem violento, ímpios, soberbos, altivos, etc. A condição de mau, ímpio, violento, soberbo, etc., advém de berço, e andam errantes desde o nascimento, proferindo mentiras.

“Acaso falais vós, deveras, ó congregação, a justiça? Julgais retamente, ó filhos dos homens? Antes no coração forjais iniquidades; sobre a terra pesais a violência das vossas mãos. Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras. O seu veneno é semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda, que tapa os ouvidos,…” (Salmo 58:1-4).

Embora todos os homens estejam em igual condição, judeus e gentios, as Escrituras estava denunciando os judeus, pois a congregação dos filhos de Israel não falava a justiça e nem julgavam retamente. Dai a ordem através de Zacarias:

“Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas.” (Zacarias 8:16).

A questão tratada pelos profetas não é de cunho sociocultural, não tem em vista a justiça dos tribunais humanos, e nem de relacionamento humanos, e sim de se falar a palavra de Deus com verdade e obedece-Lo, pois, isso é justiça e paz para o homem.

A retribuição de Deus

“Também Deus te destruirá para sempre; arrebatar-te-á e arrancar-te-á da tua habitação, e desarraigar-te-á da terra dos viventes. (Selá.) E os justos o verão, e temerão: e se rirão dele, dizendo: Eis aqui o homem que não pôs em Deus a sua fortaleza, antes confiou na abundância das suas riquezas, e se fortaleceu na sua maldade.” (Salmo 52:5-7).

O homem de língua fraudulenta sofrerá a destruição, será arrebatado, arrancado da sua segurança e desarraigado da terra dos viventes. O alerta do salmista decorre da previsão de Moisés aos filhos de Israel antes de entrarem na terra prometida:

“Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua colheita, e abrasará os fundamentos dos montes. Males amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles.  Consumidos serão de fome, comidos pela febre ardente e de peste amarga; e contra eles enviarei dentes de feras, com ardente veneno de serpentes do pó. Por fora devastará a espada, e por dentro o pavor; ao jovem, juntamente com a virgem, assim à criança de peito como ao homem encanecido.  Eu disse: Por todos os cantos os espalharei; farei cessar a sua memória dentre os homens,” (Deuteronômio 32:22-26).

É Deus quem ajuíza a natureza dos corações e as intenções dos homens, pois Ele retribuirá cada um segundo os seus caminhos e segundo as suas ações. Daí o alerta aos que ajuntam riquezas injustamente, pois no fim dos seus dias será um louco.

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações. Como a perdiz, que choca ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias as deixará, e no seu fim será um insensato.” (Jeremias 17:9-11).

O profeta Isaías denunciou os filhos de Israel acerca das suas ações, mas não deram ouvidos:

“Como o prevaricar, e mentir contra o SENHOR, e o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão e rebelião, o conceber e proferir do coração palavras de falsidade. Por isso o direito se tornou atrás, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode entrar.” (Isaías 59:13,14).

Em lugar de falar a palavra anunciada por Deus, os filhos de Israel concebiam e proferiam do coração perverso palavras de falsidade: mentiam contra o Senhor, por isso a certeza de destruição (Salmo 52:5).

“Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque não estão atentos às minhas palavras, e rejeitam a minha lei.” (Jeremias 6:19).

Os justos, por sua vez, que puseram sua confiança em Deus, cuja bondade permanece para sempre (Salmo 52:1), verá a recompensa dos ímpios, e concluirá: “Eis aqui o homem que não pôs em Deus a sua fortaleza, antes confiou na abundância das suas riquezas, e se fortaleceu na sua maldade.” (Salmo 52:7).

Devemos lembrar ao ler o Salmo 52 que os filhos de Israel eram tidos por oliveira verde aos olhos de Deus, mas violaram o pacto, e por isso foram punidos e desarraigados.

“Denominou-te o SENHOR oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos, mas agora à voz de um grande tumulto acendeu fogo ao redor dela e se quebraram os seus ramos. Porque o SENHOR dos Exércitos, que te plantou, pronunciou contra ti o mal, pela maldade da casa de Israel e da casa de Judá, que para si mesma fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso a Baal.” (Jeremias 11:16,17).

Oliveira verde

“Mas eu sou como a oliveira verde na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para sempre, eternamente. Para sempre te louvarei, porque tu o fizeste, e esperarei no teu nome, porque é bom diante de teus santos.” (Salmo 52:8,9).

Diferentemente do homem poderoso, o salmista Davi enfatiza sua confiança em Deus, vez que Deus é misericordioso sempre.

Por que o salmista descreve quem confia em Deus como ‘oliveira verde’ na casa de Deus? Porque como oliveira na casa de Deus seu fruto provém de Deus, e não de um coração enganoso.

“Efraim dirá: Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o tenho ouvido, e cuidarei dele; eu sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto.” (Oseias 14:8).

O fruto é algo produzido pelos lábios, que evidencia a qualidade da árvore, se boa ou má. Como é Deus que cria o fruto dos lábios, qualquer que anuncia a sua palavra é comparável a uma oliveira verde.

“Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o SENHOR, e eu o sararei.” (Isaías 57:19).

Josué e Zorobabel foram comparados a dois ramos de oliveiras:

“E, respondendo-lhe outra vez, disse: Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite dourado? E ele me falou, dizendo: Não sabes tu o que é isto? E eu disse: Não, SENHOR meu. Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra.” (Zacarias 4:12-14).

O salmista afirma que para sempre confessará o nome de Deus, pois é um Deus que trabalha, de modo que o salmista se refugia em esperar em Deus porque Ele é bom (excelente, elevado, distinto, nobre) diante dos seus santos.

Aplicação prática

Todos os cristãos que em todo lugar e tempo creram em Cristo conforme as Escrituras: admite com a boca que Jesus é o Cristo e crê com o coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos (Romanos 10:9,10), alcançou de Deus misericórdia.

Ao admitir que Jesus é o Cristo, o cristão produz o fruto requerido por Deus, que é sacrifício de louvor.

“Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15).

Ao crer em Cristo, o homem deixa de ser altivo, soberbo, e passa à condição de servo, humilde. Crer em Cristo é um mandamento de Deus a ser obedecido, pois aqueles que não creem estão sujeitos à ira de Deus.

“Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;” (2 Tessalonicenses 1:8).

Devemos ter em mente sempre que tudo o que foi escrito aos filhos de Israel, hoje nos serve de exemplo e figura para não incorrermos no mesmo exemplo de desobediência (2 Coríntios 10:6).

Embora tudo o que está na Lei, Profetas e Salmos foi endereçado àqueles que estavam debaixo da lei, ou seja, aos judeus, toda a Escritura é inspirada e proveitosa para redarguir, corrigir e instruir em justiça.

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.” (2 Timóteo 3:16).

“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.” (Romanos 3:19).

O cristão tem que ter em mente que se tornou agradável a Deus por Jesus Cristo, o Senhor, e que práticas religiosas como prolongadas orações, jejuns, esmolas, etc., não faz o homem agradável a Deus.

Tais práticas utilizadas na tentativa de se aproximar de Deus constitui-se um tesouro terreno suscetível à traça e a ferrugem, mas o cristão tem um tesouro junto ao Pai, cujo coração é habitação do Pai e do Filho (Isaías 57:15; João 14:23; Efésios 2:22).

Todos que creem em Cristo se fizeram servos da justiça (Romanos 6:16), portanto, serve a Deus, de modo que deixou de servir a si mesmo, e de satisfazer o seu próprio ventre.

“Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas.” (Filipenses 3:19).

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” (Mateus 6:24).


Fonte: Estudos Bíblicos Teológicos Evangélicos.

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