Quando Absalão, filho de Davi,
chamou adversários de seu pai e tentou tomar o trono em Jerusalém, o rei de
Israel saiu da sua cidade chorando, andando descalço e com a cabeça coberta (2
Samuel 15:30). No caminho, ele recebeu notícias de traição e encarou sujeitos
que amaldiçoaram seu rei. Foi, sem dúvida, um dos piores dias da vida de Davi.
As palavras do Salmo 3 transmitem alguns dos seus pensamentos nesses momentos
difíceis.
Depois de ouvir sobre vários
casos de traição, Davi levantou os olhos para Deus e disse: “SENHOR,
como tem crescido o número dos meus adversários! São numerosos os que se
levantam contra mim. São muitos os que dizem de mim: Não há em Deus salvação
para ele” (versos 1 e 2). Davi inicia o Salmo com uma avaliação válida
da sua situação, frisando dois fatos: (1) Ele foi confrontado por numerosos
adversários. (2) Os adversários tentaram desanimar o rei com suas expressões de
incredulidade, dizendo que Deus não o salvaria. O resto do Salmo demonstra a
rejeição, por Davi, dessa conclusão dos seus inimigos. Ele confiou plenamente
em Deus, e não duvidou da fidelidade dele para com o ungido rei de Israel.
Davi continua: “Porém tu, SENHOR, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça” (verso 3). Davi sabia das promessas de Deus. Ele sabia que foi escolhido para governar (1 Samuel 16:12-13) e que seu reinado terminaria em paz, não em derrota (2 Samuel 7:11). Davi entendeu que Absalão e todos os seus co-conspiradores não tinham força suficiente para frustrar os planos de Deus. A questão não era apenas a sobrevivência de um homem, mas o cumprimento do plano do Senhor.
Por causa da sua confiança na fidelidade absoluta de Deus, Davi sabia que suas orações seriam ouvidas e respondidas: “Com a minha voz clamo ao SENHOR, e ele do seu santo monte me responde” (verso 4). Há muitos ensinamentos equivocados, nos dias de hoje, que atribuem poder à própria fé da pessoa ou aos seus pensamentos positivos. O poder real não está na fé humana, nem no ato de orar, e sim no objeto da fé a quem oramos. Quando oramos com fé no verdadeiro Deus, ele é capaz de responder. O poder não se encontra nos pensamentos positivos, vibrações boas ou fórmulas mágicas inventadas por homens. O Criador do Universo tem poder para ouvir e responder às orações dos seus fiéis.
Confiante em Deus, Davi
conseguiu dormir! “Deito-me e pego no sono; acordo, porque o SENHOR me
sustenta. Não tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de
todos os lados” (versos 5 e 6). Davi estava no deserto, cercado por seus
inimigos. Ele não se entregou ao desespero e ansiedade. Pelo contrário, ele
dormiu sossegado! Ele mostrou a mesma atitude que Jesus, mil anos depois,
demonstrou quando dormiu no barco durante uma tempestade. Quem confia nas
promessas do Criador não será abalado pelas ameaças de homens.
É só no final do Salmo que
Davi faz seu pedido ao Senhor. Considerando o que já falou, percebemos que ele
nem precisava pedir, pois estava certo da fidelidade de Deus. A petição do rei
foi simples: “Levanta-te, SENHOR! Salva-me, Deus meu, pois feres nos
queixos a todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes” (verso
7). Os pedidos imprecatórios são reservados para os inimigos de Deus. Davi
tinha certeza da posição dos seus perseguidores diante de Deus. Castigar esses
malfeitores não seria um ato de vingança humana, e sim uma manifestação da
justiça divina.
Davi, sem duvidar, afirma
sua fé: “Do SENHOR é a salvação, e sobre o teu povo, a tua
bênção” (verso 8). Davi entendeu o que muitos líderes arrogantes têm
negado. A segurança de uma nação não depende do tamanho do seu exército, nem da
sofisticação tecnológica das suas armas de guerra. Deus exerce domínio sobre
todas as nações (Daniel 4:32). Jamais devemos esquecer o princípio por ele
determinado: “A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos
povos” (Provérbios 14:34).
Davi, cercado por inimigos,
achou consolação na sua confiança no único verdadeiro Salvador.
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