Proclamando a Cristo, como diz as Escrituras, os seus santos estarão entoando louvores a Deus. Basta ao povo do Altíssimo batalhar pela fé (evangelho), que uma vez foi dada aos santos, que estará adorando a Deus, na beleza da sua santidade. Basta desembainhar a espada do Espírito, manejando bem a palavra de Deus, que o crente estará adorando a Deus, em espírito e em verdade.
Salmo 149 – A palavra de
Deus é espada de dois gumes
- LOUVAI ao SENHOR. Cantai ao SENHOR um
cântico novo, e o seu louvor na congregação dos santos.
- Alegre-se Israel naquele que o fez,
regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei.
- Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe
o seu louvor com tamborim e harpa.
- Porque o SENHOR se agrada do seu povo;
ornará os mansos com a salvação.
- Exultem os santos na glória; alegrem-se
nas suas camas.
- Estejam na sua garganta os altos
louvores de Deus, e espada de dois fios nas suas mãos,
- Para tomarem vingança dos gentios, e
darem repreensões aos povos;
- Para prenderem os seus reis com cadeias,
e os seus nobres com grilhões de ferro;
- Para fazerem neles o juízo escrito; esta
será a glória de todos os santos. Louvai ao SENHOR.
Tornou-se consenso nas comunidades cristãs, que louvar a Deus é entoar uma melodia harmoniosa e ritmada, com uma letra de conteúdo sacro. Seria este o louvor que Deus requer dos homens?
Se observarmos os elementos que constituem as poesias dos Salmos, vê-se que não há rima ou ritmo antes, nos deparamos com ideias cadenciadas e relacionadas entre si, regidas por asserções simples.
Os salmos são comumente empregados durante as liturgias dos cultos e as pessoas atribuem valor à coordenação de um grupo musical ou, à voz de um cantor, quando embalado por uma boa melodia, ao som de instrumentos musicais. Para muitos, a sinergia decorrente da combinação de sons, ritmos e voz humana, resulta em louvor a Deus, desde que tenha uma letra com conteúdo sacro.
No entanto, os Salmos possuem um valor inestimável, que dispensa instrumentos musicais, melodias ou vozes afinadas.
É de conhecimento no meio
acadêmico, que a estrutura poética dos Salmos, decorre de pensamentos
encadeados, uma espécie de ‘rima’ de ideias, não de sons, ritmo ou rima. Essa
estrutura de ideias, constrói-se com ‘paralelismo’.
Os paralelismos mais
conhecidos são:
Paralelismo Sinônimo – A segunda asserção repete o pensamento da primeira, porém, utiliza-se de termos diferentes. Ex: “Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24:1).
Paralelismo Antitético – A segunda asserção contrasta à ideia da primeira. Ex: “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos; mas o caminho dos ímpios perecerá” (Sl 1:6).
Paralelismo Sintético – A segunda asserção enfatiza o estipulado pela primeira. Ex: “Não te furtes a fazer o bem, a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo” (Pv 3:27).
Paralelismo Climático – A segunda asserção faz uso de palavras da primeira asserção e complementa a ideia. Ex: “Tributai ao SENHOR, filhos de Deus, tributai ao SENHOR, glória e força” (Sl 29:1).
Paralelismo Emblemático – A primeira asserção estabelece um comparativo que ilustra a segunda asserção. Ex: “Como água fria para o sedento, tais são as boas-novas vindas de um país remoto” (Pv 25:25).
Os paralelismos são utilizados para apresentar uma ideia, o elemento mais importante do Salmo, que geralmente é instrução, profecia, repreensão, exemplo, etc.
Análise das asserções
“LOUVAI ao SENHOR. Cantai ao
SENHOR um cântico novo e o seu louvor na congregação dos santos” (v. 1).
O salmista convoca os santos a cantarem o louvor que pertence a Deus: um cântico novo. O louvor estabelecido na congregação dos santos, denomina-se ‘cântico novo’. Através do paralelismo sinônimo fica estabelecido que ‘tributar’ ao Senhor o ‘cântico novo’ é o mesmo que ‘Seu louvor’. O cântico novo é o louvor que pertence a Deus e só é possível ouvi-lo no ajuntamento dos santos.
Para compreendermos a ideia
que consta do verso 1, é necessário analisar os versos que se seguem.
“Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei” (v. 2).
O verso 2 é construído com
um paralelismo sinônimo, pois a ideia da primeira asserção é repetida na
segunda, com termos diferentes. O paralelismo, neste caso, é semelhante ao
princípio da identidade que encontramos na lógica. O verso demonstra que Israel
ou, os filhos de Sião, devem se alegrar n’Aquele que os criou, ou seja, no seu
Rei.
Por associação, se faz
necessário perguntar quem é o Rei de Sião?
Ora, em primeiro lugar, vale
destacar que Jerusalém é a cidade do grande Rei:
“Formoso de sítio e, alegria de toda a terra, é o monte Sião, sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei” (Sl 48:2).
“Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei” (Mt 5:35).
Em segundo lugar, o Filho de
Davi – o Senhor Jesus Cristo – é o grande Rei, pois foi ungido por Deus sobre o
seu santo monte:
“Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião” (Sl 2:6).
“E, ouvindo eles isso, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; Que disseste, pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque, verdadeiramente, contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado, que se havia de fazer” (At 4:24-28).
Portanto, o Salmo 149 ordena
aos filhos de Sião que se regozijem em Cristo, o grande Rei, aquele que criou
Israel!
O Salmo 149 apresenta um
atributo de Cristo: Ele é criador! Cristo é o Criador de todas as coisas!
“Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele, nada do que foi feito se fez” ( Jo 1:2 -3).
“Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1:4).
“Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor, com tamborim e harpa” (v. 3).
O cântico entoado a Cristo
deve ser expressão do espírito, da alma e do corpo. A dança representa a
totalidade do ser, de modo que, para louvar a Deus, é necessário o coração, a
alma e todas as forças: “BENDIZE, ó minha alma, ao SENHOR e tudo o que há
em mim, bendiga o seu santo nome” (Sl 103:1).
“Porque o SENHOR se agrada do seu povo; ornará os mansos com a salvação. 5 Exultem os santos na glória; alegrem-se nas suas camas. Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus e espada de dois fios nas suas mãos” (v. 5-6).
Neste verso vem expresso o
motivo do cântico: O Senhor se agrada do seu povo!
Do verso 5 extraímos a negativa: Deus não se agrada daqueles que não são o seu povo! Para pertencer ao povo de Deus, ou seja, para ser agradável a Deus, é necessário ter sido criado por Ele, conforme se lê: “Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele que nos fez e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto” (Sl 100:3).
O verso 5 remete à asserção do verso 2: “Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei” (v. 2).
Por que o júbilo? Porque se
Deus os criou, certo é que são agradáveis a Deus.
Como o povo de Israel não
confiou em Deus e pediu para que Moisés lhes falasse, não Deus, pois ficaram
com medo de morrerem quando o monte Sinai começou a fumegar, Deus os rejeitou
como seu povo e por isso pereceram no deserto.
“Agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis
a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é
minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as
palavras que falarás aos filhos de Israel” (Ex 19:5-6).
Como os filhos de Israel não
foram diligentes em ouvir a voz de Deus, ou seja, em guardarem a sua aliança, a
palavra de Deus foi direcionada aos gentios e, dos dois povos, foi feito um só
povo, que é a Igreja: “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos,
filhos que não querem ouvir a lei do SENHOR” (Is 30:9). A Igreja de Cristo
foi constituída nação santa e povo adquirido: “Mas vós sois a geração
eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis
as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1
Pe 2:9; Is 65:1).
O povo de Deus é constituído
daqueles que foram agraciados com a salvação, ou seja, dos mansos. Os mansos
são bem-aventurados, pois adentraram no descanso do Senhor (herdaram a terra).
São bem-aventurados porque aprenderam de Cristo, que é manso e humilde de coração.
Os mansos constituem-se o povo de Deus, visto que estão ornados de salvação (Mt
5:5).
O povo de Deus é manso e
santo, portanto, deve alegrar-se na glória recebida de Cristo. Os santos do
Senhor devem exultar, porque adentraram no descanso (cama, repouso)
prometido: “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um,
como nós somos um” (Jo 17:22; v. 9; Hb 4:3).
É requisito imprescindível
aos santos que os altos louvores de Deus estejam na sua garganta. O que isso
significa? Que os ‘altos louvores’ referem-se ao ‘fruto dos lábios’ que
professam a Cristo (Hb 13:15). Cristo, o Filho de Davi, é o cântico novo que
Deus colocou nos lábios dos seus santos. Cristo é o perfeito louvor: “E
cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus
selos; porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda
a tribo, língua, povo e nação” (Ap 5:9).
Só é possível os altos
louvores estarem na garganta, se o coração foi trocado por um novo coração,
pois a boca fala do que há no coração (Sl 51:10 e 14-15; Is 57:15 e 19). É Deus
quem cria o louvor nos lábios dos tristes: paz, tanto para os judeus (perto),
quanto para os gentios (longe). Confessar que Jesus é o Cristo, é o sacrifício
de louvor, o fruto dos lábios, quando se confessa a Cristo: “Portanto,
ofereçamos, sempre, por ele, a Deus, sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos
lábios que confessam o seu nome” (Hb 13:15; Sl 50:14 e 23; Sl 107:22; Jo
15:8).
Através do paralelismo
emblemático, o salmista estabelece que ‘os altos louvores de Deus’, compara-se
a uma espada de dois fios, nas mãos dos seus santos. É por isso que o apóstolo
Paulo, ao falar aos obreiros, recomenda que sejam aprovados, ou seja, que
manejem bem a palavra da verdade: “Procura apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade” (2 Tm 2:15).
A espada de dois fios, diz
da espada do Espírito, das palavras de Cristo, que são espírito e vida: “Tomai,
também, o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef
6:17; Jo 6:63), de modo que a Igreja de Cristo constitui-se de santos,
despenseiros do ministério do espírito (2 Co 3:6 e 8).
Aquele que proclama a Cristo
como Senhor e salvador dos homens, está com os altos louvores de Deus em sua
garganta. Falar de Cristo aos homens é o mesmo que ter a espada de dois fios
nas mãos: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do
que espada alguma de dois gumes, penetra até à divisão da alma e do
espírito, das juntas e medulas e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração” (Hb 4:12).
Proclamando a Cristo, como
diz as Escrituras, os seus santos estarão entoando louvores a Deus. Basta ao
povo do Altíssimo batalhar pela Fé (evangelho), que uma vez foi dada aos
santos, que estará adorando a Deus, na beleza da sua santidade. Basta desembainhar
a espada do Espírito, manejando bem a palavra de Deus, que o crente estará
adorando a Deus, em espírito e em verdade.
O evangelho é salvação para
todo que crê, portanto, o cristão deve exultar com o evangelho. O cântico, o
louvor, a exultação e a adoração do cristão, não se firmam em cânticos entoados
durante a liturgia dos cultos antes, é por professar a Cristo como
Senhor. Deus é glorificado, quando o crente dá muito fruto (Jo 15:8) e
para isso foi plantado pelo Senhor (Is 61:3; Is 60:21).
Todos que estão ligados à
Videira verdadeira produzem muito fruto, ou seja, o fruto dos lábios que
confessam a Cristo (Hb 13:15). É através deste fruto dos lábios que confessam a
Cristo, que Deus é glorificado (Jo 15:8).
“E todos os do teu povo
serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados,
obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado” (Is 60:21);
“Se alguém falar, fale
segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder
que Deus dá; para que, em tudo, Deus seja glorificado, por Jesus Cristo, a quem
pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1 Pe 4:11).
É inútil afinar instrumentos
musicais; não adianta fazer inúmeros ensaios musicais; não adianta estruturar
um grande coral; tão pouco gritar ‘aleluia’ e ‘glória’, se o adorador não
professar a Cristo como Senhor, conforme diz as Escrituras. Mas, se professar a
Cristo segundo as Escrituras, nisto Deus é glorificado!
“Para tomarem vingança dos gentios, e darem repreensões aos povos; Para prenderem os seus reis com cadeias e os seus nobres com grilhões de ferro; Para fazerem neles o juízo escrito; esta será a glória de todos os santos. Louvai ao SENHOR” (v. 7-9).
O salmo termina apontando
aspectos do reino milenar de Cristo. O salmista, em espirito (profecia), faz
menção de Cristo, quando for entregue o reino pelo Pai (v. 7 e 9). Cristo,
antes de se assentar como Rei no trono de Davi seu Pai, quando reinará sobre
toda a terra, pisará o lagar da ira de Deus, conforme o descrito pelo profeta Isaías
no capítulo 63, versos 1 a 6.
“QUEM é este, que vem de
Edom, de Bozra, com vestes tintas; este que é glorioso em sua vestidura, que
marcha com a sua grande força? Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar.
Por que está vermelha a tua vestidura e as tuas roupas, como as daquele que
pisa no lagar? Eu sozinho pisei no lagar e, dos povos, ninguém houve comigo; e
os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as
minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura. Porque o dia da vingança
estava no meu coração; e o ano dos meus remidos é chegado. E olhei, e não havia
quem me ajudasse; e admirei-me de não haver quem me sustivesse, por isso, o meu
braço me trouxe a salvação e o meu furor me susteve. E atropelei os povos na
minha ira, e os embriaguei no meu furor; e a sua força derrubei por terra” (Is
63:1 -6)
Jesus Cristo atropelará os
povos na sua ira, pois Ele é o braço do Senhor, que faz o que é aprazível ao
Pai (Is 62:5).
Como Deus prometeu ao Seu
Filho as nações da terra por herança (Sl 2:8; Mt 19:28), Cristo há de reger as
nações com vara de ferro (Sl 2:9). Nada do que foi predito por Deus falhará,
pois Deus fará cumprir nos reis da terra e, em seus nobres, o juízo pré-estabelecido
nas Escrituras (v. 9).
Fonte: Estudos Bíblicos Teológicos Evangélicos
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