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Prosperidade

Prosperidade – Querer ser sustentado por Deus de forma milagrosa em suas aflições e necessidades cotidianas é tentar a Deus assim como fizeram os filhos de Jacó no deserto.

É incrível a inversão de valores que há em nossos dias: as pessoas querem ‘comer’ do evangelho e trabalhar para ‘viver’ diante de Deus.

O tema de muitas mensagens e pregações ditas evangélicas em nossos dias geralmente é um convite à prosperidade material. As promessas contidas na Bíblia são apresentadas a muitos incautos como garantia de prosperidade.

O evangelho é apresentado como investimento financeiro. É ordenado nas tribunas: “Sejam ousados na semeadura! Invista no reino de Deus!”.


Chega-se ao cúmulo de anunciar que o propósito de Deus para o cristão é a excelência financeira, a liderança, e como garantia dessa prosperidade é apresentado o argumento de que o cristão é embaixador do reino de Deus na terra.

Mas, o que a Bíblia diz?

Por causa da desobediência de Adão, Deus foi claro: “… maldita é a terra por tua causa; com dor comerás dela todos os dias da tua vida (Gn 3:17), ou seja, a terra há de produzir dificuldades (espinhos e abrolhos) e do suor do rosto foi estabelecido que o homem coma o seu alimento até que torne ao pó da terra (Gn 3:19).

Da determinação divina destacam-se três elementos:

  1. Com dor, do suor do rosto, da fadiga, da labuta diária o homem há conseguir o alimento;
  2. A fadiga, a dor do trabalho traz alimento e não vida;
  3. Tal determinação é para todos os dias da existência do homem sobre a terra.

Posteriormente o profeta Moisés, ao instruir o povo de Israel, que invocava a Deus somente quando estavam com fome e não buscavam o alimento que concede vida, disse: “E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem” (Dt 8:3).

Para que o povo de Israel pudesse compreender que o alimento cotidiano não trás vida ao homem, antes que a verdadeira vida é proveniente da palavra de Deus, Deus humilhou e deixou o povo ter fome e os sustentou com o maná no deserto.

Enquanto a Bíblia deixa claro que para comer o pão terreno é necessário ao homem trabalhar e, que para alcançar a vida eterna é necessário crer na palavra de Deus, os obreiros fraudulentos querem que os cristãos creiam que Deus lhes proverá de alimento e riquezas materiais e, por outro lado, labutem para que haja expansão do reino de Deus na terra.

Através desta distorção dos textos sagrados, muitos líderes concitam seus seguidores a por Deus à prova. Impõe a dúvida dizendo: “Você é filho de Deus? Porque então você vive na miséria?”.

Estes líderes ensinam doutrinas de demônios, visto que quando o diabo tentou a Cristo (que para comer exerceu o oficio de carpinteiro), assim argumentou quando Jesus teve fome: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pão” (Mt 4:3).

Naquele instante se Cristo mandasse que as pedras se transformassem em pão, a humanidade estaria perdida para sempre, pois:

  1. Cristo demonstraria que estava em dúvida quanto a ser Filho de Deus;
  2. Contrariaria a vontade e a determinação do Pai quanto aos homens comerem do suor do rosto, e;
  3. Haveria engano na boca de Cristo, evidencia de que havia engano em seu coração, ou seja, pecado.

Todos os que creem em Cristo para terem vida, ou seja, comunhão com Deus compreendem que o evangelho de Cristo é vida segundo o Verbo encarnado: a palavra que procedeu da boca de Deus (Jo 1:1). Jesus mesmo disse: “As palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6:63).

Um verdadeiro cristão compreende que:

  • O Senhor lhe provê forças para trabalhar e adquirir bens neste mundo (Dt 8:18);
  • Que nesta existência terrena tudo sucede igualmente a justos e injustos (Ec 9:2);
  • Que prosperidade financeira não é selo da bênção do Senhor (Sl 73:3-5);
  • Que Deus o socorre nas suas necessidades (Fl 4:19);
  • Não deve estar ansioso por cousa alguma (Mt 6:31);
  • Em tudo deve ter toda a suficiência (2Co 9:8);
  • Deve estar contente (1Tm 6:8);
  • Não ambicionar coisas elevadas (Rm 12:16);
  • Não ajuntar tesouro onde a traça e a ferrugem alcançam (Mt 6:49);
  • Saber que o evangelho não é fonte de lucro, investimento, etc. (1Tm 6:5).

Porque é necessário que o cristão compreenda o exposto acima? “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6:10).

Mesmo quando Deus enviou o maná no deserto para provar os filhos de Israel, eles tiveram que trabalhar, pois Deus jamais invalida a sua palavra, pois todos tiveram que sair ao campo e colher e, depois tiveram que moer e assar o pão que lhes foi dado a comer  Ex 16:4;23 e 31).

Os sinais que Deus fez no deserto era para que os filhos de Israel cressem na palavra de Deus, pois todas as maravilhas foram operadas segundo a palavra de Deus “Com tudo isto ainda pecaram, e não deram crédito às suas maravilhas (Sl 78:32).

Se alguém que se diz cristão necessita de milagres para crer, certo é que ainda é incrédulo (1Co 1:12; 4:22 ), pois os sinais foram feitos para que o homem creiam que Jesus é o Filho de Deus. Se alguém ainda anda a busca de maná, ainda é reprovável diante de Deus, não aprendeu que Cristo é alimento vivo que desceu dos céus para dar vida ao homem, e não riquezas materiais.

Alguém que quer ser sustentado por Deus de forma milagrosa em suas aflições e necessidades cotidiana tenta a Deus assim como fizeram os filhos de Jacó no deserto “E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo carne para o seu apetite (Sl 78:18), e ainda não compreendeu que Deus quer dar vida ao homem e não pão comum (Dt 8:3).

Quando um pregador utiliza o argumento de que Deus providenciou um banquete ao povo de Israel no deserto e, que, portanto, na condição de filho de Deus, também pode exigir que Deus lhe dê riquezas, simplesmente está orientando os seus seguidores a falarem contra Deus, assim como fizeram os filhos de Israel “E falaram contra Deus, e disseram: Acaso pode Deus preparar-nos uma mesa no deserto? Eis que feriu a penha, e águas correram dela: rebentaram ribeiros em abundância. Poderá também dar-nos pão, ou preparar carne para o seu povo?” (Sl 78:19-20).

Enquanto o evangelho é de fé em fé, os pregoeiros da prosperidade sobrevivem de milagre em milagre, enganando e sendo enganados “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2Tm 3:13).

A multidão seguia Jesus de cidade em cidade, não porque criam que Ele era o Filho de Deus, antes o buscavam porque comeram pão a fartar (Jo 6:26). Em nossos dias muitos ainda buscam a Cristo por causa de comida e rejeitam o pão vivo que desceu dos céus (Jo 6:41).

Enquanto buscavam a todo custo alcançar a comida que perece, Jesus orienta que o busquem pela comida que permanece para a vida eterna “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).

Se os seguidores de Cristo ouvissem as suas palavras teriam vida (Is 55:3). Se ouvissem as suas palavras comeriam o que é bom, deleitando-se com o que há de excelente (Is 53:2). Porém, contrariando a exortação divina, gastavam as suas forças buscando o Cristo por algo que não lhes dava vida eterna (Porque gastais o dinheiro naquilo que não é pão). Buscavam-no somente por causa de alimento perecível (… e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? (Is 55:2).

Enquanto os homens seguiam o Cristo de cidade em cidade em busca do pão que perece, Ele convidava: “Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 545:1), visto que o Filho do homem ofertava comida que permanece para a vida eterna (Jo 6:27).

Todos que buscam a Cristo encherão as suas bocas de bens “Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia” (Sl 103:5), pois a bênção do Senhor é peso de glória, diferente das riquezas deste mundo que só podem ser adquiridas através da labuta diária e, consequentemente, acresce dores aos que a buscam, conforme foi estabelecido no Éden por Deus “A bênção do SENHOR é que enriquece; e não traz consigo dores (Pv 10:22); “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6:10); “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2Co 4:17).

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