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O dever de um ministro

O dever de um ministro

Além de crer e confessar que Jesus é o Cristo (Romanos 10:9), um obreiro deve manejar bem a palavra da verdade, pois, só quando maneja bem a palavra de Deus, não tem do que se envergonhar.

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).

Apesar de todos os cristãos serem passíveis de erros, na doutrina, o obreiro deve mostrar incorrupção, gravidade e sinceridade ou, seja, na palavra da verdade tem de ser perfeito.

“Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade” (Tito 2:7).

“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito e poderoso para, também, refrear todo o corpo” (Tiago 3:2).

A missão de um obreiro, é ter cuidado do rebanho de Deus e o cuidado dispensado pelo ministro para o rebanho, é comparável ao cuidado de preparar uma noiva, como uma virgem pura, para o seu marido (2 Coríntios 11:2).


Um exemplo de cuidado, encontramos no apóstolo Paulo, que chamou os anciãos da igreja, que estava na cidade de Éfeso, e, antes de partir, no seu discurso de despedida, demonstrou que, desde o primeiro dia que anunciou o evangelho naquela região, portou-se, exemplarmente, servindo ao Senhor, humildemente, e suportou a oposição ferrenha dos judeus (Atos 20:18-19).

Ele enfatizou aos líderes daquela igreja local que, por causa das ciladas que os judeus armavam, serviu ao Senhor com muitas lágrimas e tentações, porém, sobressai da abordagem paulina o fato dele sempre declarar, tanto a judeus, quanto a gregos, que todos os povos devem se converter a Deus. Como? Arrependendo-se ou, seja, abandonando as suas concepções próprias de como se salvarem e crerem em Cristo (At 20:21).

Ora, um obreiro deve mostrar incorrupção na palavra do evangelho, cuidando de si mesmo e do rebanho sobre o qual foi constituído pelo Espírito Santo ‘bispo’ (Atos 20:28). Esse cuidado deve ser efetivo, pois, sempre surgirão lobos cruéis que não poupam o rebanho e, principalmente, porque, dentre os cristãos, surgem homens com mensagens que atraem os discípulos com discursos vãos (Atos 20:29-30).

A recomendação do apóstolo Paulo a Timóteo era para que ele conservasse o modelo das santas palavras que foram anunciadas: “Conserva o modelo das sãs palavras, que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 1:13).

Se o próprio Cristo não mudou o que foi anunciado pelo Pai, antes, falou segundo o que o Pai disse, não cabe ao ministro adaptar ou, mudar a mensagem do evangelho a seu bel prazer: “E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai me tem dito” (João 12:50).

Ministro reprovado

“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!” (Apocalipse 3:15).

O evangelista João foi comissionado por Jesus a escrever às sete igrejas situadas nas regiões da Ásia menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia (Apocalipse 1:4 e 11). O Livro do Apocalipse deveria ser remetido às sete igrejas, mas, no bojo do livro, continha uma nota dedicada a cada ministro das igrejas, nota essa que todas as igrejas tomaram conhecimento.

A repreensão contida nas cartas aos anjos das igrejas segue o mesmo princípio que consta da carta do apóstolo Paulo a Timóteo:

“Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas. Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor” (1 Timóteo 5:20).

A recomendação do apóstolo Paulo dada a Timóteo foi seguida à risca, quando o apóstolo e presbítero Pedro adotou um comportamento repreensível, e foi repreendido, na presença de todos (1 Pedro 5:1; Gálatas 2:11-17).

Através das cartas, fica evidente que, caso o ministro não mudasse de concepção (metanoia), após a repreensão, que o seu candeeiro (Apocalipse 1:20) seria removido (Apocalipse 2:5,16;3:3).

O alerta: ‘Conheço as tuas obras’, dada ao ministro de Laodiceia, destaca que nada escapa aos olhos do Filho de Deus, pois, são olhos como de fogo: “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hebreus 4:13; Apocalipse 1:14).

O diagnóstico emitido é terrível: ‘nem és frio, nem quente’. A obra produzida pelo anjo da igreja de Laodiceia o expunha como inócuo, alguém que não se posicionava com relação à verdade do evangelho. No evangelho, não se admite neutralidade: nem na confissão, nem no labor.

“Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do SENHOR, conhecendo somente o batismo de João” (Atos 18:25).

“Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Romanos 12:11).

Os termos ‘quente’, ‘frio’ e ‘morno’ são figurativos, demonstrando que aquele ministro foi provado e achado em falta diante de Deus. Seria melhor que Ele fosse uma coisa ou, outra. Como cristão deveria batalhar pela doutrina do evangelho (quente) ou, que fosse descrente (frio), o que não podia era ficar coxeando entre dois pensamentos (1 Reis 18:21).

Ora, se fosse quente, aquele ministro estaria aprovado e se fosse frio, a mensagem seria de mudança de concepção (arrependimento=metanoia). No entanto, conforme o apelo, ao final da carta: “Sê, pois, zeloso e arrepende-te”, vê-se que a repreensão estipula a necessidade de zelo e que o arrependimento é com relação à letargia.

Ora, convencer judeu ao evangelho é mais fácil do que convencer um judaizante ou, seja, aquele que se diz cristão, mas, que deita fermento à massa (Mateus 16:12). Semelhantemente, é mais fácil converter um gentio do que um prosélito, pois, o estado deste é pior do que o daquele: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15).

Após o anjo de Laodiceia ter sido provado, o veredito foi: ‘És morno’ ou, seja, nem quente, nem frio, consequentemente, seria rejeitado, caso não se arrependesse. A abordagem de Cristo ao anjo da igreja não foi de imposição, mas na base do apelo, e, até mesmo, expressa desejo: “Quem dera fosses frio ou quente” (Apocalipse 3:15).

A apatia ministerial no cuidado para com a igreja denunciava algo grave naquele ministro: estava se demovendo da fé! A displicência no cuidado, a falta de vigor na defesa do rebanho, a letargia na instrução dos membros do corpo de Cristo, denunciam a quantas está a base do ministro.

“Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza” (2 Pedro 3:17).

Ao escrever a Tito, o apóstolo Paulo reitera que Jesus entregou-se para remir os homens, tomando para si um povo especial, um povo que é zeloso de boas obras “O qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda a iniquidade e purificar para si um povo seu, especial, zeloso de boas obras” (Tito 2:14).

Os ministros foram comissionados a cuidarem do rebanho e, só é possível cuidar do rebanho quando o ministro olha por si mesmo e cuida da doutrina.

“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28).

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Timóteo 4:16).

Boas obras não diz de boas ações, ações de caridade, ações humanitárias, obras sociais, etc., antes diz da boa confissão, a obra de Deus, que é crer em Cristo. A igreja de Deus é um povo especial, zeloso da doutrina, pois, por meio do evangelho, o crente se salva e leva à salvação os que ouvem.

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