A falta de confiança decorre da seguinte pergunta: – Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem? Se desconheciam quem era aquele homem que dormia sobre uma almofada na popa do barco, o resultado seria uma pequena confiança mesmo.
“E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado. E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:35-41).
O evento no qual Jesus acalma uma tempestade foi registrado Mateus 8:23-27; Marcos 4:35-41; Lucas 8:22-25.
Esse milagre nos dá um vislumbre do poder de Jesus, o que evidencia que aquele homem da cidade de Nazaré era o Filho de Deus.
Embora os evangelhos sinóticos não deem abertamente o motivo pelo qual registraram esse milagre, temos no evangelista João o motivo:
“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20:31).
Por que é necessário destacar que o que foi escrito tem o condão de evidenciar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus? Por que ainda é necessário destacar que somente crendo que Jesus é o Filho de Deus é possível obter vida?
Porque é grande o número de pessoas que relatam esse milagre somente para apresentar Jesus como um solucionador de problemas corriqueiros, e se esquecem de evidenciar que Jesus é a solução para o que é impossível aos homens!
“E eles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá, pois, salvar-se? Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis.” (Marcos 10:26,27).
A tempestade
Certo dia Jesus contou várias parábolas ao povo e aos discípulos, e como já estava tarde, Jesus e seus discípulos entraram em um barco para atravessarem para o outro lado do lago (Lucas 8:22; Marcos 4:33-35).
Jesus e os discípulos deixaram uma multidão às margens, e seguiram pelo lago, e havia vários barcos que o seguiam.
Enquanto os discípulos navegavam, Jesus se acomodou sobre uma almofada na popa do barco e adormeceu. Em determinado momento, surgiu uma tempestade de vento, que se formaram ondas tão altas que cobriam o barco, o que colocava a todos em perigo, pois o barco se enchia de água (Mateus 8:24).
Foi quando os discípulos se achegaram a Jesus e o despertaram, dizendo: ‘Mestre, mestre, perecemos!’; ‘Mestre, não se te dá que pereçamos?‘; ‘SENHOR, salva-nos! que perecemos.’
Jesus acordou, e censurou os discípulos, dizendo: ‘Por que temeis, homens de pouca fé?’, e em seguida repreendeu o vento e as águas, e houve bonança (Mateus 8:26). As perguntas de Jesus continuaram: Onde está a vossa fé?; Por que sois tão tímidos?; Ainda não tendes fé? (Marcos 4:40; Lucas 8:25).
Os discípulos, por sua vez, com um misto de medo, admiração e alegria, perguntavam uns aos outros: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
Seguindo quem não conheciam
O que a tempestade evidenciou? Que os discípulos seguiam um desconhecido! Embora os discípulos chamassem Jesus de Mestre e Senhor, na verdade, desconheciam quem era o homem que seguiam.
Os irmãos Simão e André estavam junto ao mar da Galileia, quando Jesus passou e os convidou a segui-lo, e eles, por sua vez, abandonaram as redes e passaram a seguir Jesus, mas não sabiam quem era aquele homem.
Mais adiante, Jesus viu os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu, e ao serem convidados, deixaram o pai, Zebedeus e os seus jornaleiros, e passaram a seguir Jesus, mas desconheciam quem era o nazareno.
“E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.” (Mateus 4:18-22).
Levi, o publicano, estava assentado na recebedoria, quando Jesus passou e o convocou, e Ele levantou e passou a seguir o Mestre, mas não sabia quem era aquele homem.
“E, passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o seguiu.” (Marcos 2:14).
Embora não conhecessem quem era Jesus, os discípulos acompanharam o início do seu ministério, pois percorreram toda Galileia ouvindo Jesus ensinar nas sinagogas e pregar o evangelho, bem como curar todo tipo de enfermidades e moléstias. Embora acompanhassem alguém cuja fama percorreu até os países vizinhos, e grande multidão da Galileia, Decápolis, Jerusalém e da Judeia o seguissem, contudo, os discípulos ainda não conheciam Jesus.
“E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.” (Mateus 4:23-25).
É possível andar lado a lado com Jesus por quase três anos, e no final do seu ministério ainda não conhece-Lo.
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14:6-9).
Como era possível Jesus estar a tanto tempo com Felipe, e ele ainda não ter conhecido a Cristo?
Não foi Felipe que testificou de Cristo para Natanael? E o que disse Felipe a Natanael?
“Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.” (João 1:45).
Filipe já tinha achado Jesus, mas para ele Jesus era o filho de José, da cidade de Nazaré. Natanael, por sua vez, apesar de desdenhar da cidade que Jesus nasceu (João 1:46), ao ter um encontro com Cristo, confessou:
“Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.” (João 1:49).
Bastou Jesus declarar que viu Natanael debaixo da figueira antes de Felipe chama-lo, que foi suficiente para Natanael identificar o filho de José, da cidade de Nazaré, como sendo o Filho de Deus, portanto, Filho de Davi e o Rei de Israel.
O que Natanael descobriu no primeiro encontro, foi necessário aos demais discípulos ficarem a mercê de uma tempestade para só então se questionarem:
Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
Quem é esse homem?
Se os discípulos ao longo do ministério de Jesus olhassem para as Escrituras, e não para o que era aparente, o Jesus de Nazaré, filho de José, teriam a exata noção de quem era Jesus.
O Salmo 8, por exemplo, descreve com exatidão quem era o Filho do homem:
“Ó SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus! Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador. Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares. Ó SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!” (Salmo 8:1-9).
Cristo é:
- Senhor nosso;
- Nome admirável em toda a terra;
- Glória soberana nos céus;
- Até da boca de criancinhas teria o perfeito louvor: Hosana ao Filho de Davi (Mateus 21:15);
- O universo foi criado por Ele (Hebreus 1:12; Salmos 102:25-27;
- Teve misericórdia do homem mortal;
- O Filho do homem os visitou;
- Menor que os profetas da antiguidade, mas coroado de glória e honra (Mateus 11:11);
- Diferente do homem terreno, Adão, o homem espiritual, espírito vivificante, tem domínio sobre tudo, e tudo está sob os seus pés.
As Escrituras são detalhista ao descrever o Filho do homem, e a extensão da sua majestade, poder, glória e humanidade estava registrado de modo a não se perguntarem uns aos outros quem era o Cristo, antes deveriam se ater as Escrituras.
“Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca. Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa.” (Miquéias 7:5-6).
Se os inimigos do Filho do homem seriam os da sua própria casa, não podiam confiar em seus amigos e líderes se quisessem saber quem era o Cristo. Antes, qualquer que quisesse saber quem era o Cristo tinha que se perguntar as Escrituras.
“Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta. Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galiléia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldeia de onde era Davi? Assim entre o povo havia dissensão por causa dele. E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele.” (João 7:40-44).
A dissensão entre os filhos de Israel era por causa de Cristo, ou seja, acerca de quem era o Cristo era pai contra filho, irmão contra irmão, mas muitos ainda hoje só fazem referência a profecia de Miquéias quando veem um noticiário de violência doméstica.
Grande equivoco, pois as Escrituras não tratam das questões desta vida, e sim apresenta Cristo aos homens, pois a dissensão apontada nas Escrituras era em função d’Ele.
“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” (Mateus 10:34-36).
Conheça quem é Jesus
Jesus foi enviado ao mundo para salvar os homens da condenação que se deu em Adão lá no Éden. Para tanto, Jesus veio revelar Deus ao mundo (João 1:18), anunciando o testemunho do Pai e operando sinais e maravilhas de modo que, pelo testemunho das Escrituras que evidenciava o Cristo, cressem em Deus.
“Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu.” (1 João 5:10).
“Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro.” (João 3:33).
“Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me enviou. E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer. E a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós. Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; E não quereis vir a mim para terdes vida.” (João 5:36-40).
Sabemos que Deus quer que todos os homens se salvem, e que venham ao conhecimento da verdade (1 Timóteo 2:4).
“Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:40).
A promessa que Jesus fez é especifica: vida eterna! (1 João 2:25)
Jesus não prometeu acalmar a tempestade, remover a pedra, andar sobre o mar, multiplicar pães, tirar a capa, etc., ou conceder: casa, dinheiro, emprego, família, etc., e sim, vida eterna.
Ele pode operar milagres para evidenciar a glória de Deus Pai e a Sua glória, apaziguando tempestade, ressuscitando mortos, multiplicando pães, conceder que se ande sobre as águas, etc., mas o principal que Ele providenciou aos homens foi vida eterna, o que só é possível crendo no testemunho que Deus deu do seu Filho.
“Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.” (João 4:48);
“Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza.” (Mateus 11:21).
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