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Sara e Agar

Sara e Agar é alegoria das duas alianças: graça e lei respectivamente. Agar e seu filho alcançaram possessão no deserto de Parã, que fica na região do monte Sinai, que é a Jerusalém atual. Todos os que estão debaixo da lei são escravos, pois são nascidos segundo a carne, e procuram uma possessão terrena. Já os que nascem da promessa, são filhos de Abraão pela fé em Cristo, e desejam uma possessão melhor, a Jerusalém que é livre, e é de cima (Gl 4:26).

“O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar.” (Gl 4:24)

Sobre a alegoria evidenciada pelo apóstolo Paulo aos cristãos nas regiões da Galácia, não podemos esquecer que ela é focada em Sara e Agar.

Deus prometeu a Abraão que faria dele uma nação numerosa e que nele todas as famílias da terra seriam benditas.


De Abraão a Escritura diz que ele teve dois filhos: Ismael com a escrava e Isaque com a livre.

Os judeus consideravam serem descendentes de Abraão segundo a linhagem de Isaque. Por Isaque nascer segundo a promessa de Deus os judeus acreditavam que eram filhos de Deus por serem descendentes de Abraão e Isaque.

O apóstolo Paulo, porém, traz a lume o grande mistério desta passagem, e evidenciou o que os judaizantes não atinavam: foi Abraão que teve filhos, e não Deus (Gl 4:22).

Ismael, um dos filhos de Abraão, foi gerado segundo a carne, segundo a vontade de Sara e Abraão. Com relação ao sangue, Ismael era filho de uma escrava, Agar, que somente podia gerar filhos para escravidão.

Diferente de Ismael, que foi gerado segundo a promessa de Deus (Gl 4:23).

É preciso observar que tanto Ismael como Isaque foram filhos de Abraão. O filho decorrente da promessa também era filho do pai Abraão, ou seja, filho nascido da vontade da carne, do sangue e da vontade de Abraão, porém, segundo a promessa de Deus.

Por que é preciso fazer esta distinção? Porque somente a mulher de Abraão, Sara, estava impossibilitada de gerar por causa da avançada idade. Observe que mesmo após a morte de Sara, Abraão teve concubinas e filhos (Gn 25:1-4).

Mesmo após serem justificados pela fé, todos os filhos de Abraão foram gerados segundo a carne. Somente o descendente, que é Cristo, nasceu segundo a vontade de Deus e através do Espírito de Deus. Até mesmo Isaque, nascido segundo a promessa, através da operação do poder de Deus, era filho segundo a carne, segundo a vontade e sangue de Abraão.

Isaque era descendente de Abraão (filho), porém, para se tornar filho de Abraão (filho de Deus), precisou ter a mesma fé que teve o pai Abraão, pois somente por meio da fé o homem alcança a filiação divina.

A promessa de Deus a Abraão repousa sobre o descendente, que é Cristo, o filho unigênito de Deus, e os seus filhos segundo a carne (descendentes) não são filhos de Deus.

Mas, o que o apóstolo Paulo procurou evidenciar através da alegoria fixa-se sobre as pessoas de Sara e Agar. O apóstolo Paulo apresenta as duas mulheres, Sara e Agar, como alegoria das duas alianças de Deus: a lei e a graça.

Deus prometeu uma nação numerosa e que todas as famílias da terra seriam benditas em Abraão. Mas, a alegoria não se fixa a promessa feita a Abraão, e sim, a promessa feita a Sara.

A promessa feita a Sara, e que Paulo evidência nesta alegoria diz: “Eu a abençoarei, e dela te darei um filho” (Gn 17:16), e (Gn 18:10); “O Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia prometido” (Gn 21:1). Na alegoria apresentada por Paulo, o que deve ser destacado é a promessa de Deus a Sara.

Da promessa feita a Sara não surgiram filhos a Deus, como os judaizantes acreditavam, antes Deus disse a Abraão: “… em Isaque será chamada a tua descendência” (Gn 21:12), que é Cristo.

A filiação divina decorre da promessa feita a Abraão, e é proveniente do descendente, e não de Isaque. A promessa de Deus a Sara destaca-se pelo fato de ter sido concedido a ela poder para conceber um filho, embora avançada em idade “Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder de conceber um filho, mesmo fora da idade, porque teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa” (Hb 11:11).

Só através do descendente, que é Cristo, torna-se possível gerar filhos para Deus. Filhos nascidos, não da carne, nem do sangue, e nem da vontade do varão, mas da vontade de Deus (Jo 1:12). Para que os filhos de Deus sejam gerados, há a necessidade de nascerem da palavra e do Espírito de Deus. Nascer de Deus só é possível por meio da pregação do evangelho que é semente incorruptível e poder de Deus pela fé em Cristo.

A alegoria demonstra que Agar vincula-se ao monte Sinai, que corresponde à cidade de Jerusalém atual, visto que ela e Ismael habitaram antes de todos os israelitas no deserto de Parã (Gn 21:21).

Como os judaizantes se gloriavam da lei, e da cidade de Jerusalém, Paulo demonstra que o único que teve possessão desde os pais, foi Ismael, o filho de Abraão com a escrava.

Da mesma forma que Ismael é alegoria para os que vivem sob a lei e estavam reduzidos à escravidão, Isaque também é alegoria para o cristão (Gl 4:28).

Os cristãos são filhos da promessa como Isaque, pelos motivos seguintes:

  • Ambos nasceram segundo a promessa. Isaque pela promessa feita a Abraão e Sara, e o Cristão pela promessa feita a Abraão, que se cumpriu no Descendente;
  • Isaque não teve e os cristãos não têm possessão permanente, uma vez que morreram na fé;
  • Isaque confessou e os cristãos confessam que são peregrinos e estrangeiros na terra;
  • Tanto Isaque, quanto os cristão desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial (Hb 11:13-16).

Sara e Agar é alegoria das duas alianças: graça e lei respectivamente. Agar e seu filho alcançaram possessão no deserto de Parã, que fica na região do monte Sinai. 

Todos os que estão debaixo da lei são escravos, pois são nascidos segundo a carne, e procuram uma possessão terrena. Já os que nascem da promessa, são filhos de Abraão pela fé em Cristo, e desejam uma possessão melhor, a Jerusalém que é livre, e é de cima (Gl 4:26).

Os judaizantes se esquecem da palavra de Sara que protesta contra os filhos da escrava Agar: “…o filho desta escrava não herdará com o meu filho Isaque” (Gn 21:10).

Os judeus acreditavam que eram filhos de Deus por ser Isaque filho da promessa. Porém, não observaram que Isaque era filho da promessa que foi feita a Sara, e que a promessa de filiação divina somente é possível pela fé em Deus, que prometeu o seu Filho, o Descendente.

Não podemos esquecer-nos da comparação estabelecida: “Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque” (v. 28). Isaque nasceu da promessa feita a Sara, e o Cristão por meio da promessa feita a Abraão. Desta forma somos filhos da promessa como Isaque, o que se entende alegoricamente. Por quê? Porque Isaque nasceu segundo a promessa, fidelidade e poder de Deus, e os cristãos através da união com o descendente. Nascem também segundo a promessa feita a Abraão, pois Deus é fiel e concede a sua palavra, que é poder de Deus para todos quantos creem, para serem feitos filhos de Deus (Jo 1:12; Rm 1:16).

O cristão é filho da promessa como Isaque, e não em Isaque, como os que esperavam ser justificados pela lei compreendiam. 

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